Numa laçada vão-se os olhos
A esta altura o pensar já é cativo
Coisa como esta impensável
Não há como prever
Evitar impossível
Nas mais loucas fantasias
O Super-homem diamante
Imune à criptonita
De frente ao espelho:
- És forte, inquebrável
Esta trama, véu sobre a cabeça
Confunde clareando o pensamento
Alimenta o ego e o engana
Faz forte o fraco
Castelo de areia perto da água
Sua onda chega
Alaga, toma, derrete, derriba
De assalto ou de prévio aviso
Não importa
Os efeitos são todos seus
És flexa do Aquiles calcanhar
Como deter o vento que vem do mar?
Indefesa Pompéia aos pés de Vesúvio
No peito escorre o magma
No afã de viver morre em carbono
"Um conjunto de versos pode dizer mais do que um livro inteiro e fala coisas à alma, ao coração e ao corpo, basta ficar nas pontas dos pés e se esticar para alcançá-las." Marcos Pedroso.
terça-feira, 27 de junho de 2006
terça-feira, 20 de junho de 2006
Caro
É claro e evidente aos olhos de quem vê
O feitio bem propositado dos conformes
Angulares e curváticas, harmoniosos encaixes
O ardilo perspicaz e o pensamento aguçado
Algo que sem qu nem por que pede
Completância necessária fundamental e imperativa
Se quando tenros se acha difícil de acreditar
Amadurecendo e amadurecidos se reconhece
Que é ar, água ou luz. A dependência
Mas sempre há um vento que sopra contra
A felicidade é ameaçada e rompida
Recostado em sua nuvem Cupido lança um olhar lamentoso
Mesmo dependentes e desejosos negam-se
Burlar a natureza e sua ordem tem um preço
Algo desta monta não sai barato
Está tudo posto, o Jantar Vinho e Velas
Cabe a quem tem fome servir-se
Preferes ter fome e beber água
Desejar e se negar, esta é a sua postura
Beija e cospe, tudo ao mesmo tempo
O estomago deseja e os braços afastam
Seja viril ou resistente
Bela ou bem composta
Vais chorar sangue por seus vãos pecados contra o Amor
terça-feira, 13 de junho de 2006
A assembléia dos estudantes de letras
São Paulo, 13 de junho de 2006
A assembléia dos estudantes de letras
No dia 8 de junho, início deste mês, deflagrou-se uma greve dos funcionários da Universidade de São Paulo, apoiados pelo SINTUSP – sindicato dos trabalhadores de USP. O movimento iniciou-se com uma paralisação no dia 5 para as assembléias dos trabalhadores e decisão pela grave enfim.
A reivindicação dos trabalhadores é por aumento de salário, mas o que nos preocupa e preocupa outras faculdades, como a UNESP e UNICAMP é o corte no repasse das já escassas verbas estaduais para educação.
Os trabalhadores parados são responsáveis por serviços fundamentais dentro do campus da USP capital: bibliotecas, o circular, circulento ou secular – ônibus que roda gratuitamente dentro da cidade universitária, param também as salas pró aluno – computadores e internet, raros, mas de graça, o bandejão – que é o restaurante central, assim como o da química e o da física, e outros serviços que eu talvez desconheça.
Resumindo: coisas de pouca importância. As únicas coisas que não param são as aulas, mesmo porque os professores decidiram por não apoiar a greve, discordam com a época em que o movimento se dá, afinal estamos em fim de semestre, e porque os históricos dos resultados das últimas greves em que os professores se meteram foram, pra dizer o mínimo, ridículas.
A assembléia: O CAELL – Centro Acadêmico de Estudos Literários e Lingüísticos “Oswald de Andrade” convocou os estudantes para decidirem o apoio ou não à greve.
Aconteceu em frente ao prédio da faculdade de letras, convocados sala a sala, a grande maioria dos alunos costuma não se mexer, pois, além dos professores que não arredam pé das aulas e quem sair está por conta própria, há pouco interesse no geral.
Como sempre a reunião seguiu esvaziada ouvimos opiniões, a maioria pró greve, sobre greves passadas, a necessidade de apresentarmos uma outra proposta além da greve, a reestruturação da educação no país, como as verbas são divididas entre as faculdades da USP, a inviabilidade de um movimento fendido, e assim por diante. Vale registrar a participação dos oportunistas de plantão que vão ao plenário e levam o nome de seus movimentos políticos sempre presentes.
Arrastada por falas repetidas dos estudantes, no limite máximo de três minutos, a assembléia foi até o horário do intervalo das aulas. O momento da votação, momento esse que foi adiantado pela massa irritada com os discursos rotativos, prolixos, e inertes, coincidiu com a hora em que todos aqueles alunos que não se interessaram em sair das suas aulas para fazer-se representar na decisão final estavam fora das suas salas.
Resultado: Votação apertada, 59 votos pró greve e 149 votos contra e 5 abstenções.
Algumas propostas foram aprovadas por consenso:
- Paralisação das aulas no dia 14/06, tendo em vista o ato público na assembléia legislativa ALESP – Este é o dia D, dia da votação do orçamento para a educação, que tem como proposta não só não aumentar a verba como o corte delas.
- Que a comitê de mobilização da letras incorpore a discussão de uma comissão que gerencie as verbas da universidade, e que seja aberta sob controle de estudantes, funcionários e professores.
Os trabalhadores estão completamente sós nesta demanda. Vale para reflexão.
Meu voto foi contado com o número 125.
terça-feira, 6 de junho de 2006
Grandes Encrencas (definitivamente não acabo)
- Mas não podemos parar. Devemos seguir caminhada, pois parados somos alvo ainda mais fácil para o que quer que viva nestes corredores.
Tomando a palavra, um guerreiro visivelmente experiente de olhar austero, e que até agora só observara, colocou-se em pé, e altivo disse:
- Guerreiros, a luta mudou de aspecto, agora não é mais simplesmente uma busca de tesouros e histórias aventurescas para contar às moças na taberna, agora estamos em busca de sobrevivência! Perdemos homens valorosos pelo caminho, e não sabemos ao certo a quem temos por inimigos. O que sabemos é que somos os intrusos e que precisamos nos organizar.
Demonstrando a experiência exibida em sua face, o guerreiro dividiu o grupo em camadas. Os que vinham mais atrás tinham toda sua atenção voltada para a retaguarda, incumbidos de andar de costas se necessário. No centro os mais fracos e à frente os mais fortes. Todos já se sentiam confortáveis sabendo mais ou menos o que fazer.
O guerreiro de primeira viagem acabou ficando na última camada, perto dos que estavam na retaguarda. A cada barulho apertava o punho da espada. Tentava esconder a irritação, a exemplo dos mais experientes até que uma mão enluvada tocou o seu ombro.
-Acalme-se meu rapaz! A morte é só uma passagem. Depois que o barqueiro nos conduz, tomaremos vinhos sentados a uma mesa farta. A morte é o prêmio do guerreiro.
A voz vinha do fundo da barba do guerreiro austero. Tinhas os olhos fundos e o cabelo, empastado pelo suor, escorria lhe pelo Elmo de asas de falcão.
- Não tenho como esconder que estou nervoso, senhor. Admito que não tenho experiência com armas. Apenas no que tange sua confecção. Retorquiu o guerreiro.
- Filho, experiência com armas se ganha lutando e praticando. Agora, nem as gemas mais raras compram a coragem. Se não tivesse visto a pedra que você arremessou contra aquele bicho, não falaria coisa de tal sorte. E conversaram. Nesse ponto, o guerreiro novato começara a se acalmar e por instantes até esquecia das paredes rochosas e dos feiosos lá de cima.
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