segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Sereno mar


à Raquel Ferreira dos Santos

Comece pela borda
aos poucos avance pelo meio

Com calma pela superfície, agora
olhando com cuidado, em alguns pontos
de acordo com a luz e com sorte
conseguirá enxergar um pouco mais fundo

Não é preciso ter medo
mas ele pode ser útil, quem sabe?
Saber importa pouco, muito pouco aqui

Quando a superfície estiver mapeada
e os pontos de entrada conhecidos
só mergulhe a cabeça quando tiver certeza
certeza de que a apneia será suficiente

E lembre-se, você pode voltar à tona quando quiser
mas pode ser que não queira e
isso vai exigir bastante fôlego e
alguma coragem

O mergulho completo está nos planos
mas absolutamente não está garantido
Será como voar, voar leve como voou
o Super-homem nos anos oitenta
Só que seu avante será para o fundo

Apenas coragem é o que vai precisar levar
pra lá em si mesmo dentro

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Quem sabe? (outra versão de "Se for o caso")

Ouvi por aí
que deveríamos
nos permitir andar
uns dois passos
para fora e tomarmos
um fôlego profundo

Olharmos a luz do sol
e lembrar daquilo
que queríamos de nós
quando o desejo era sermos
alguém aqui nesta bagunça

E de novo enchermos os pulmões
Fecharmos os olhos tentando
descobrir o que é aquilo
em que nos tornamos hoje
e principalmente
em como isso aconteceu!

Não é uma questão de arrependimento
mas de saber como é que foi
para que, se for o caso, voltar!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ritmo

Tentando encontra o ritmo
O ritmo de estar longe
tentando descobrir a batida
de ser e estar sem você
buscando no sincopado a divisão

Descobrindo que este ritmo
ritmo de sem você
simplesmente não existe ou
somente insiste em não existir

Cansado de viver fora dum ritmo
Um ritmo qualquer que coexista
com meus passos nos chão
nas batidas do coração
mesmo que batendo no contra

Um ritmo qualquer
Um ritmo que não quero descobrir
Ritmo de estar longe de você
- Não!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Se for o caso

Ouvi por aí
que deveríamos
permitir-nos
sair dois passos
tomar fôlego profundo
olhar a luz do sol
e tentar lembrar
daquilo que queríamos
de nós mesmos
quando o desejo era
ser alguém aqui
e num novo respirar
fechar os olhos e
tentar descobrir não só
o que é aquilo
que somos hoje
mas principalmente
entender ou tentar
como é que isso
foi acontecer
não por arrependimento
mas para saber como foi
para que se for o caso
voltar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Reflexão

Este voo
Mergulho profundo
Da apneia na
mente que à
tão poucos
é permitido
Vai calçado com
os pés-de-pato
 do sentimento
Alguém que quer
conhecer-se a fundo

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Meu Lugar

Ao amigo Henry Rolin

E este é o lugar
aqui onde fica minha cabeça
e ao correr da semana apressada
o corpo longe sonha com a volta

Onde os amigos e os copos
encontram-se e onde a brisa sopra
fresca como água que corre sem parar
e onde paramos e somos nós aqui

Em volta do fogo que queima tudo
aqui, tudo acontece
e resolvemos a vida um do outro
ou nos esquecemos dela
pra o nosso próprio bem

Rimos da verdade e
choramos também aqui
não se quer alguém de ferro por perto
precisa-se de gente!

Celebre a amizade e a vida
a vida, já que curta
que não seja chata
não mais chata
do que deve ser
Aqui.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Espera

Esperei por você
achei que ia chegar e que
mais cedo ou mais tarde
iríamos nos encontrar.

Esperei por você
achei que iria me ligar e que
logo mais a gente iria conversar.

Esperei por você
achei que me escreveria
então numa troca de mensagens
a gente iria se entender.

Esperei por você
achei que jamais te esqueceria
então quando achei que num sonho veria você
minha memória disse não!

Esperei por você
 e acontece que hoje não me lembro
do seu rosto, da sua voz
e nem de quem você foi pra mim.

Esperei,
não espero mais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Nos mesmos nós


Nossas distâncias são mais longas
nossos pesos são maiores
As dores mais doídas
E as cores mais carentes dum calor qualquer

Nossas possibilidades infinitas
nossas garantias nulas!

Ninguém é mais do que somos nós
e nós queremos mais e melhor

Somos pobres ricos 
e somo ricos pobres
um gigante órfão

Somos nós, a locomotiva de um trem
longuíssimo, pesadíssimo

Um buraco muito fundo
que nos engula em sua escuridão
e depois que nos desapareça

Esse nós individual em que estamos
cada um em seu próprio nós

Cá entre estes nós
Esquecidos, esquecidíssmos entre nós.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Por ora

A exatidão geométrica atormenta.
Enquanto seres inundados
em sua felicidade cartesiana
encharcados na moral
e seus altos valores seguem 
a vida de meia-tigela
mas feliz!
- Minhas saudações aos incertos atormentados.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Hoje novamente

E o Céu vai
do azul ao laranja
com o apoio do Tempo
Apressados

E este trabalho todo
a distrair-nos sem descanso...

Quando vi já era noite
e nem o pensamento pôde
dar conta do sonho que passou

E o laranja ligeiro
foi direto ao azul profundo

Sem estrelas e nem sentir
Definitivo!

Sem volta

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Novos

Mirabolante genias
Profundos sérios
Milagrosos infalíveis
Abrangentes e
Simples
planos
para
sermos
Felizes.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Amigo amado


                                                                                                                                    Ao amigo irmão Marcelo Horácio Pedroso

Pega aí um abraço daqueles
Abraço gemido
De estralar as costelas
Pra espremer a saudade

Um beijo carinhoso
E um afago nos cabelos
Madeixas brancas de viver
Essa vida besta já
Lá longe da gente

E vai mais um ano
que só é mais um dia
Feriado que não é nada
Frente à tudo que são
os laços que unem 
que está longe

Ainda bem!

Bem longe, mas
Não tão longe
que um abraço
não alcance lá

Um abraço meu
Abraço daqueles, 

Amigo.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um segundo

Aquela música
está tocando agora e
me leva e me traz
igual faz o vento
quando sopra as folhas
entre as árvores
neste outono

Este outono
em que se fez
minha vida
quando a timoneira
Saudade tomou a nau
já sem rumo e então

Este rumo sem esperança
à caminho do nada
movido à esperança
viva de uma criança
que em mim insiste
ainda viva teimosa
e triste

Aquela música
hoje triste
quase segundo
tocando
trazendo
levando
rumando
fazendo
teimando
vivendo