domingo, 20 de dezembro de 2009

Coração, um coração


Na superfície irregular do Coração
Há encaixes como os de um brinquedo
Onde brincas, onde só tu brincas
Colocas e tiras coisas ao bel prazer
Satisfazendo-se e insatisfazendo-se
Indo e vindo, pesando e aliviando

- "O Coração aguenta, o Coração é forte"

Não se tem direito a nada
Reclamar num simples murmúrio
A dor que sente, indisfarsável
Agonia transpirante, a dor é preta

As alças do peito arrebentaram
Não se pode mais dar conta, nunca pode
E vamos indo, economizando pneus
Economizando freios e combustível
Sem gastar mais nada além do mínimo

No mínimo vais dizer que não sabia
Não percebeste nada e vai tudo bem
Hoje os encaixes já não são os mesmos
Gastos, aceitam qualquer peça
Danificados aceitam nenhuma peça

Coração forte e flexível
Até mesmo inquebrável, inoxidável
Assim parece
Pois não se quebrou
O que não se viu quebrado

domingo, 6 de dezembro de 2009

Não cabe


Você deveria saber
O quanto eu te amo
Mas eu não sei dizer

Não cabe no verso
Não cabe num livro
Não cabe na vida