quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Viver & Sonhar.

Sonhar é melhor do que nada
Viver é melhor do que sonhar
Assim já disse o poeta
E é melhor respeitar
Ele conhece a máquina da vida

Por outro lado, ou pelo mesmo lado
E de um ponto de vista diferente
O sonho faz parte da vida
Sonhar não implica em não viver
Não viver não implica em sonhar

Desafio a qualquer um que se proponha
A viver sem sonhar
Que volte pra me contar como foi!

Convoco aos idealistas de plantão
Sonhar, sonhar e sonhar e nada viver
Quero ver se o sangue correrá
Nada será por muito tempo

Tempero é o segredo.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Hoje foi assim

Acordei mais cedo do que o normal

Levantei mais bem disposto do que o usual

Meus olhos mais claros

Minha voz mais límpida

Os ouvidos mais calmos


O tempo, ele me sobrou

O ar parecia mais fresco

O céu mais azul

O sol mais confortável


Tive medo de me acostumar

Dias mais longos e felizes

Nunca foi o meu forte


Satisfeito ao enfrentar a rua

Percebi que não era sonho


Na simetria do não ter planos

O calçamento desenhado em balões

Guia os meus passos da Cláudio

Nos calcanhares o equilíbrio

E desequilibrado penso no final

Em estar livre da consciência


Neste ir e vir de idéias e palavras

As horas vão de minuto em minuto

E o céu abandona o azul e veste luto

Perece que entende o meu drama


Saem viçosas estrelas

Conversadeiras alegres

Em volta da lua de mim debocham


Entendem que mesmo de longe

Eu continuo com você aqui

Editoriético Poeteral

Em busca de algo que perdi
Garimpando Edições anteriores
Deparei na memória minha
Um distante abril aberto em poesia


Em busca do fôlego perdido
Trôpego fendido e absorto
Descobri aquilo que já sabia
Passamos um ano e meio nesta curta mais-valia!

dizia, o nobre timoneiro.
Tudo que é escrito possui um sentido.
Seja lá qual for o que você prefira
Querendo, ela poderá ser sua amiga.

Conclamo aos passageiros desta nau
Descubram o poder das palavras combinadas
E a profundidade
Desta fenda chamada alma

É agora, fique na ponta dos pés
Estique o pescoço fique de frente
Com tudo aquilo que de fato és
Coragem, apneia e desejo

São estas as matérias que o compõe
Sendo homem ou saco de batatas, covarde!
Não temas bulir no intocável
O segredo está em nomear o inominável

Seguem autores versadores ou prosadores
Audazes singra-mares
Empunhando seus floretes
Exercem a arte de jogar com as palavras

E de minha parte, o que me toca
Deixo-vos estes últimos como afronta:
Estou com dificuldades na prosa
Os versos estão me tomando conta.

E permitam-me algumas delícias Quintanianas Do caderno H:

As Indagações:
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

Contradições:
... mas o que eles não sabem levar em conta é que o poeta é uma criatura essencialmente dramática, isto é, contraditória, isto é, verdadeira. E por isso, é que o bom de escrever teatro é que se pode dizer, como toda a sinceridade, as coisas mais opostas.
Sim, um autor que nunca se contradiz deve estar mentindo.

Cuidado:
A poesia não se entrega a quem a define.

Fatalidade:
O que mais enfurece o vento são esses poetas invertebrados que o fazem rimar com lamento.

O Assunto:
E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa.

O Poema:
O poema essa estranha máscara mais verdadeira do que a própria face.

O Trágico Dilema:
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.

Sonho:
Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Vida:
Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.

Colhidas a reveria em Releituras.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Mudança

Olhando a espuma no rosto pelo espelho decide mudar a aparência e arranca o nariz com a navalha.