terça-feira, 27 de novembro de 2018

As minhas asas

skullandbone:
“ arm/wing comparison and evolution
”

Não preciso de asas se o céu é todo meu
Tampouco de rodas
Tendo eu todas as estradas, estrelas esticadas

Pra que âncoras enfim?
Sou sem freios de fábrica
Imaginação motor-motivo somente e paixão me transborda o tanque

Quero versos e um canto, quero as velas e os ventos
Nada de compromisso, a não ser com o querer
Pensar apenas no encaixe do bilboquê da vida

Uma roupa bem clara e solta e na cabeça um lenço só
No rosto o ar leve da brisa fresca o campo dourado da tarde laranja
Num confortável dia de semana

Viver assim acontece no anseio da liberdade
D'uma vida simples sem vidros ou tapetes
Pés no meu chão e cabeça no meu céu

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

E se falassem os desejos?

Mereceria punição o sentimento
e opinião é digna de apedrejamento
se sonha, que aprenda uma lição
por consolo terá somente a palmatória
e grades por paredes na casinha branca

Colocada cada palavra incauta
e essa coisa toda que se guarda
como se resolvido o genial 
a cutucar lá fundo dentro banzando 
esquece do que lhe faz espécie

Não há onde chover toda essa chuva
e urge dar fim à essa torrente
que tem seu alvo já bem definido  
fez um algar do peito a jazer em abismo
um ouvido ralo que vaze, uma vala larga
funda tanto que contenha essa aflição

O castigo será um simples e fácil
submerso, morrer afogado

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O Super Herói


O que seria de nosso defensor não fossem

sua capa
sua máscara
sua bota
e o cinto de utilidades?

- Sem super-poderes o super-herói!

Com esmerado treinamento e profunda experiência
Salva-nos todos enquanto a cidade dorme tranquila

Livrando-se da lâmina, do veneno e da bala do inimigo
Volta à sua caverna e vai lambendo as perenes feridas

Para garantia de nossa boa fortuna, na noite que vem
Faz adiar o fim do mundo mais uma vez

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Maiúsculas


Primeiro era a Esperança
depois o Medo que acenava
enquanto isso o Vento
variava seu humor e as Ondas
quando o Tempo chegou
o começo disfarçado de Fim
queria ser definitivo como Nunca
no meio do Caminho atordoado 
a respiração acelerava
e o cérebro junto com o fígado
conspiravam para enganar
fosse a própria expectativa
e num meio segundo ou menos
parecia que se havia aprendido algo
e que dali pra frente seria dali em diante
mas é o Passado novamente
em ação novamente com Sempre
como faz o ponteiro dos segundos
há de se entender quando
por vezes são atores
noutras, são plateia

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Repetindo o (erro) enredo

Resultado de imagem para orange sky
https://twitter.com/ophelia_fu

Saudade da tarde laranja
saudade do céu imenso
vontade daquela emoção
do frio na barriga viúva
quando tremia a mão
de querer e ser querido
desejar esse desejo do outro
de ver a luz brilhar nele
e o brilho da pele
o queixo erguido
o inconfundível olhar altivo

Sinto falta da esperança
e da lembrança do futuro
e de saber que se não sabia
era o mínimo suficiente
para seguirmos sendo

E ungidos pela ignorância
tocados nos lábios pelo amor
debaixo da iluminação, toda luz
a luz laranja da tarde
imensa do céu a se abrir
num sorriso alegre sem boca

segunda-feira, 19 de março de 2018

Acostumando


 Este amontoado de regras
 pontilhando nosso caminho
 obrigando ao zigue-zague da nossa vontade
 desde o mais simples dizer
 até o sentir, este maluco!
 Passa a ser obrigação
 e nesse chacoalhar o sentido se perde

E depois de algum tempo
na estrada, aquela
acaba-se por misturar, confundindo meio e fim
e não o que traga de volta a razão

 Buscando alinhamento, não há alinhamento
 desejam reconhecimento, não haverá
 nenhuma satisfação
 Se não formos e não somos, basta fingir
 e a mentira depois de um
 tempo se acostuma em verdade