terça-feira, 26 de julho de 2005

Sem despedida

Foi muito rápido, ninguém esperava, ele nos abandonou
Não sofreu, não deu trabalho, como temia.
Não falhou conosco. Nunca falhou!
E acontece que tudo um dia nesta vida acaba
E somos como fumaça, que se vai com o vento
E sem aviso ele se foi

Choramos, pois é triste a saudade de alguém que não vai se ver mais,
Será ator em nossos sonhos e em nossa memória.

Quando tinha sede ele não bebia água, bebia salmoura.
'O bebe sarmora', 'o tric tric',
Um Grande Homem!

Deixa saudade e um grande vazio.
O meu velho pai.

terça-feira, 19 de julho de 2005

De frente agora

Se eu a tivesse em minha frente
Agora

Respiraria fundo e pelo nariz
Piscaria meus olhos lentamente
Clarearia os pensamentos
E concentrado...

De frente chegaria bem perto
Sem encostar-lhe a pele
Sentiria o calor, o cheiro
E como nunca, cheio de mim...

Postar-me-ia altivo
Firmar-me-ia em minha voz
E olhando nos olhos diria:

amo você.
Se eu a tivesse em minha frente
Agora.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Uma cantiga

Não pretendo aqui dar aulas, ou algo que o valha, mas quero trazer à memória daqueles que um dia já viram, e apresentar para aqueles que não conhecem o trovadorismo. Movimento específico de Portugal na idade média, tem um grande valor histórico e literário, já que norteou vários movimentos posteriores. (Como toda linha histórica literária)

Estas letras eram acompanhadas por músicas e apresentadas por jograis à corte. O detalhe o qual não posso me furtar de destacar, é que o tratamento Senhor, à época, era exclusivamente masculino e usado para os senhores feudais, os donos de tudo e de todos no feudo. O trovador tomou a liberdade de usá-lo no feminino em sua cantiga para demonstrar seu estado de vassalagem à mulher amada, a principal característica do formalismo sentimental trovadoresco.

Em minha opinião, uma delícia:


Quando mi agora for’e me alongas
De vos, senhor, e nom poder veer
Esse vosso fremoso parecer
Quero vus ora por Deus perguntar


Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


E dized-me em que vus fiz pesar
Por que mi-assi mandades ir morrer?
Ca me mandasde ir alhur viver?
E pois m’eu for e me sem vos achar,


Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


E non sei eu côo possa morar
U non vri’vos, que me fez Deus querer
Bem, por meu mal; por em quero saber:
E quando vus non vir , nem vus falar,

Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


Nuno Fernandes Torneol (meados do século XIII)

terça-feira, 5 de julho de 2005

Os prisioneiros da esperança.

Como é que podemos ter esperança verdadeira, algo que realmente nos leve a algum lugar no caminho aberto da vida sobre a terra, se há tão pouca esperança entre os homens? Restringindo este pensamento ao nosso país, fica mais fácil de entender como questionar as coisas já estabelecidas em nossa sociedade, coisas tão aparentemente sólidas quanto uma rocha na beira do mar. Apesar da grande força das águas não se abala nem toma conhecimento do que há em sua volta.
Nosso povo vive como escravo de algo que simplesmente não existe neste âmbito, neste plano no qual buscamos não existe esperança, mesmo assim o brasileiro busca se agarrar como quem se agarra em uma tábua de naufrágio. E assim vive ou sobrevive rompendo os dias e anos e gastando sua vida em busca da sombra de uma lembrança de algo que a grande maioria só ouviu falar: A esperança de viver no País do Futuro.
Restos de vida do fim da primeira metade do século passado, uma vida a qual o brasileiro não teve de fato em nível nacional. Naquele já longínquo tempo vivemos apenas uma idéia de “noventa milhões em ação”, de “pra frente Brasil” embalados pela Jovem Guarda que junto com outras coisas, alienando a elite enfraquecia e impossibilitava uma reação. E como saldo destes trinta e poucos anos, não temos nada mais do que a burocracia criada para que tudo passasse pela mesa do chefes dos chefes antes de ser decidido, e o sonho da esperança de um dia darmos certo.
Neste meio tempo, outros recantos menos do que provincianos deste planeta, revolucionaram e mudarem o rumo de suas histórias. Sempre baseados no estudo, na pesquisa, na tecnologia. Neste grupo coloco Coréia e China, nada que possamos chamar de moldes ou exemplos a serem seguidos pelos brasilianos, mas sem dúvida aquilo usado para crescermos não nos possibilita nada além da ilusão de algo que não existe, e que não vai além do sonho. O mais cruel disso tudo é que nosso povo acredita e assim vai sendo morto vivo sem a possibilidade de perceber ou reagir – o que qualificaria esse crime.
Alguns, neste ponto, usariam a máxima de que cada povo tem o governo que merece, mas nosso planejamento está equivocado há mais de meio século, e pau que nasce torto já sabe não é? O consolo é que a cada ano inicia-se uma nova geração, e os planos que teremos para esta nova que surge podem começar direitos, hoje quem pensa somos nós, ou não?
Quanto de terra um homem pode agarrar com seu punho fechado?
Sozinho muito pouco, mas juntos movemos montanhas!
Podemos basear tais mudanças em vários pensamentos, filosofias, políticas ou atitudes diferentes, mas como faremos isto deve ser decidido em conjunto, numa idéia, se não uníssona, que pelo menos convirja para o mesmo hemisfério.
A velha forma de pensar em defender o ‘seu’ e que se exploda o resto, faz parte do crime de matar e manter viva uma população inteira. Sem falar no subterfúgio de fazer ascender um representante da luta pela vida viva de verdade, fazendo aquecer ainda mais aquele sonho de esperança num futuro que nunca chega. Não adianta mudar uma peça, é preciso virar o tabuleiro.
Será que teremos futuro como nação (aquela definição das aulas de geografia)? O planeta e seu futuro?

Idéias já pensadas e repensadas, mas apontem uma saída nova, esta saída é velha eu sei, mas nunca foi usada. Quem sabe funciona.