Escrevi uma carta pra você
sem rascunho e
aí rasguei e
joguei no lixo.
Depois de algum tempo
voltei lá e
recolhi os pedaços
colei com fita adesiva e
li umas trezentas vezes.
Passei a limpo.
Revi e reescrevi
num papel amarelo.
Coloquei num envelope e
levei ao correio.
Comprei o selo, colei e
caprichei na letra desenhada no envelope.
Pensei em deixar sem remetente
não faria sentido algum e
aí relutei em postar.
Carreguei-a comigo
foram dias e dias assim.
Passava em frente à agencia dos correios
pensava em você.
Acabei por queimar a carta
sem pensar.
Estou pensando em escrevê-la novamente.
Ainda sei mensagem de cor
letra por letra
vírgula por vírgula
em cada exclamação.
Pensei em reescrevê-la
mas pensei em não fazê-lo e
posso não fazer nada também
mas depois de tanto que se passou
descobri que não sei
pra onde mandar a carta
não sei se você está aí pra ler
e nem se quer isso.
E de tempos em tempos
Faço tudo isso de novo e
sinto e vivo de novo
sentindo-me vivo
Pelo menos assim não deixo
de pensar em você e
em tudo que tenho
pra dizer e não disse.
Tanto, tanta coisa...
Assim não me esqueço de você e
vivo assim aqui e
pelo menos aqui assim
em mim você ainda vive.
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