segunda-feira, 30 de abril de 2012

No alvo


E então é uma saudade como aquela do que se foi
porém esta saudade só encontra seu alvo
naquilo que ainda não houve

Saudade do que já não vi
Saudade do que já não vivi
e não é saudade então

É desejo

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Escrevi


Escrevi uma carta pra você
sem rascunho e
aí rasguei e
joguei no lixo.

Depois de algum tempo
voltei lá e
recolhi os pedaços
colei com fita adesiva e
li umas trezentas vezes.

Passei a limpo.
Revi e reescrevi
num papel amarelo.

Coloquei num envelope e
levei ao correio.
Comprei o selo, colei e
caprichei na letra desenhada no envelope.
Pensei em deixar sem remetente
não faria sentido algum e
aí relutei em postar.

Carreguei-a comigo
foram dias e dias assim.
Passava em frente à agencia dos correios
pensava em você.

Acabei por queimar a carta
sem pensar.

Estou pensando em escrevê-la novamente.
Ainda sei mensagem de cor
letra por letra
vírgula por vírgula
em cada exclamação.

Pensei em reescrevê-la
mas pensei em não fazê-lo e
posso não fazer nada também
mas depois de tanto que se passou
descobri que não sei
pra onde mandar a carta
não sei se você está aí pra ler
e nem se quer isso.

E de tempos em tempos
Faço tudo isso de novo e
sinto e vivo de novo
sentindo-me vivo

Pelo menos assim não deixo
de pensar em você e
em tudo que tenho
pra dizer e não disse.
Tanto, tanta coisa...
Assim não me esqueço de você e
vivo assim aqui e
pelo menos aqui assim
em mim você ainda vive.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

De tanto



Da vida com sua roda afiada
tocada pelo vento
soprado pelo tempo
e nada me sobra

Só vivo quando paro
falo com você e tremo
Deve ser paixão, parece
fico sem rumo, fico

É uma coisa que me
leva e me deixa leve
de repente tudo parece
fazer sentido, faz

E assim até esta vida besta
que levo longe de você
parece ter um porquê

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Meu desejo, meu sonho, minha oração

http://www.pressbook.com/loic-peoch/

Eu tinha uma porção de coisas pra te contar, um monte de inomináveis, inclassificáveis que nunca foram ouvidas por ouvidos humanos.
Mas ao que me parece agora nem eu estou preparado para dizer tudo, nem tão pouco você está preparado para ouvir.
São muitos sentimentos provenientes de experiências e reflexões minhas, coisas muito loucas e indigestas para se ouvir, especialmente se você está fundamentalmente envolvido.
O primeiro sentimento que tenho perante a esta situação profundamente incômoda é o de revolta, muita por sinal.
É uma dor autônoma que faz de mim o que quer.
Nesta hora tudo que é bom fica como que sugado, absorvido, neutralizado.
Impotência... Como se houvesse uma doença em mim contra a qual não disponho de remédio nem efetivo nem paliativo; é a dor, só a dor e a espera pelo fim.
Não quero isso pra mim, quero o simples, o básico, o padrão, o médio que é o que tem mais chance de vingar, trazendo o menor número de reações adversas.
Este é o meu desejo, meu sonho, minha oração.