sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Fechamento

Pois bem crianças, mais um ano passou e as festas estão aí pelo meio. Não pude produzir nada além deste singelíssimo texto de agradecimento e de reconhecimento por toda generosidade de que foi alvo por parte de meus colegas de bordo assim como nossos importantíssimos, ilustríssimos e inteligentíssimos visitantes comentaristas ou não (superlativos à vontade nesta hora da festa e de emoção).


E aquilo tudo que se deseja nesta época do ano eu desejo a vocês, espero tê-los todos o ano que vem, presentes e ativos nos comentários, fazendo um simplicíssimo muito melhor.


Um braço a todos. Muito obrigado


M.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Poeta de boné xadrez.

Tinha reservado um tema especial para este texto que considero especial. A coroação da sorte que beneficia aos bem preparados, ou aos insistentes como eu, mas nem tudo se pode controlar...

Andava meio perdido por ruas do bairro de Pinheiros, aqui em São Paulo, sabe quando você marca um encontro e chega bem antes ao local marcado, e para não ficar esperando sentado você vai dar uma volta? Então, fazia isto, ia para uma grande loja de livros, CDs, e eletrônicos que há perto dali. Bem ao lado da porta de tal loja, estava um rapaz franzino, baixinho, aparentando uns vinte e três anos de idade e usando um boné xadrez:

- Olá brasileiro, ele me abordou com alguns livros nas mãos. Posso lhe oferecer cultura?

- Sim, eu disse a ele parando para ouvir o que tinha a dizer.

- Este livro é obra minha, independente, dê uma olhada.

Era um livro fino e com uma capa simples, peguei livro das mãos dele e veio junto uma recomendação:

- Abra na página doze, esta é boa para os dias em que vivemos hoje!

Para minha surpresa era um livro de poesias, li e vi que eram versos decassílabos, um soneto falando da correria do dia-a-dia, parei por um segundo e pensei que a indicação que me fizera era por conta da gravata que eu usava, pois bem, correria por correria, li rapidamente duas vezes e gostei.

- Escuta meu jovem, você tem sorte e azar, sorte, pois gosto de poesia, e azar porque não tenho dinheiro algum.

- Não tem problema, já estou acostumado.

- Parabéns pela iniciativa, é tudo por sua conta?

- Sim. Autoria, diagramação, produção, impressão, editoração e vendas...

- E por que em versos fechados?

- Na verdade tem de tudo aí, este capítulo é só de sonetos, mais adiante, veja, tem versos alexandrinos e lá no fim, versos livres...

- Puxa! Isso é raro. Mas e aí, qual é o mote? Por que escreve?

- São tantos os motivos, mas neste livro o que mais está presente é a chamada de atenção que tento fazer para quem não pára, para o humano, aparentemente nenhuma novidade.

- É, lembro da história do velho que fazia um discurso inflamado de cima de uma caixa, no centro da praça de uma cidade do interior, ele pedia a mudança de pensamento do povo, que solenemente ignorava. Depois de trinta anos ele continuava lá, com o mesmo discurso. Perguntado por que não parava, ele disse que se parasse o povo o teria mudado, e ele lutava exatamente para mudar o povo.

- É isso! Parece esta sina do poeta, é muito difícil, mas...

- Também escrevo, não assim como você, luto contra a correria, toma aqui um cartão meu, me manda um e-mail, qualquer coisa, vamos trocar mensagens, idéias.

- Ah, pode deixar.

- Escreva qualquer coisa, nem que seja só um oi para que eu tenha seu endereço, a daí eu mando uma provocação.

- Pensei nas cartas dos modernistas.

- Não tenho tantas expectativas, mas não deixe de mandar uma mensagem quando puder.

- Fique tranqüilo, pode deixar comigo!

- Ah, e quanto custa? Só pra eu saber.

- Quinze Reais.

Até agora não recebi mensagem alguma, deve ser porque ele está em uma correria danada e não tem sobrado tempo para nada!

Estes têm sido nossos dias, comendo pelas pernas até mesmo os jovens visionários poetas de boné xadrez.

Retiro-me

Prezados amigos,

Foi um grande prazer conviver com todos você, e durante todo este tempo que nos conhecemos e fazer um das coisas mais prazerosas da vida de um brasileiro: Discutir futebol. Realmente foi de grande valia para mim, como amante deste esporte, compartilhar do conhecimento, opinião, paixão e até mesmo das insanidades dos caros amigos deste seleto grupo.
Mas como todo ciclo um dia se fecha, este chegou ao seu final. Retiro-me de todas e quaisquer discussões futebolísticas daqui a até pelos próximos 10 anos. Acontece quando chegamos a certo nível de excelência, somos obrigados a nos conscientizar de que não podemos continuar a fazer o que antes fazíamos, por isso tomo tal posicionamento, e quem sabe até 2016 os demais times brasileiros cheguem a um patamar que permita o embate de idéias com os torcedores do glorioso tricolor do Morumbi, o SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE.
Agradeço muito a todos, e neste momento de despedida peço desculpas por qualquer humilhação, raiva, ou contrariedade que fiz com que os amigos, torcedores de clubes comuns do Brasil e do mundo, passassem.
Como São Paulino feliz e satisfeito torcedor do clube mais vitorioso do país do futebol, e portanto superior por natureza, aceno com um último salve que pode ser de qualquer parte do mundo, pois afinal estamos em toda parte do planeta, resignado e agradecido, retiro-me.


Humildemente,

M.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Noite em claro.

Quando amanheceu o suor que molhava minhas roupas já havia secado e a lama, descascante, fazia minha pele coçar, meus cabelos negros eram castanhos-duros.

Àquela altura já não suportava a fome, mas o que mais incomodava de fato era a sede, eu poderia sentir o dobro daquela dor que sentia por um simples copo de água.

O desconforto dos pés descalços... Eu já imaginava o sofrimento que viria ao decorrer do dia, quando aqueles cascalhos que cobriam a estrada chegassem ao meio dia. A caminhada de volta não poderia durar muito mais.

Uma noite interminável confusa e cheia de lances que até agora não entendi. Parece que quando cheguei bem no início da tarde, eles já estavam à minha espera. Foi muita sorte minha, eu o detraído, ter percebido algo de errado assim que parei na entrada da garagem.

Pularam sobre o carro, eram vários, de todas as cores, com vários tipos diferentes de armas, uma verdadeira loucura, ficaram como carro, eu não sei como, fugi correndo, e parece que já haviam tomado a casa.

Fui perseguido, embrenhei-me no mato, o lamaçal engoliu meus sapatos, eles atiravam, as balas zuniam aos ouvidos. Não sei por quanto tempo os mantive longe, cansei-me, vários também cansados pararam, mas havia três, magros, altos, pretos e muito fortes que pareciam não se cansar nunca! Num tropeço caí, eles me cobriam pulando por cima de mim, tentavam me imobilizar, eram cordas e algemas, e eu de socos e mordidas.

Nunca fui esportista, atleta, ou mesmo forte, mas percebi que ali estava em jogo a minha vida, não sabia o porquê, mas sabia que aquela luta valia minha vida. Rolamos ali por bastante tempo, não sei o quanto, sei que foi muito.

Na briga quase morri, fui ferido na cabeça, no ombro, minha mão, quadril, minha coxa, meus braços pesados, um de meus algozes sumiu, fugiu, feriu-se não sei! Combati e fugi dos outros dois, eles falavam durante a perseguição e diziam um para o outro que não deviam mais me machucar, e que já pagariam caro pelo sangue que eu vertia, já me consideravam pego!

Jamais imaginei tamanho vigor em minhas pernas e braços, minha cabeça rodava no eixo do pescoço buscando um esconderijo, parecia impossível esconder-se apesar da mata fechada. Na correria cansada caí entre alguns arbustos, fiquei parado e a mata era molhada, galhosa, escondi-me ali, parado, com medo parado.

Ficaram à minha espreita, procuravam, diziam que eu não poderia ter ido muito longe, quando pude, subi em uma árvore, e passei para uma outra ao lado. Esperei e desci devagar ouvindo os soldados, quieto fugi das vozes.

Andei a outra metade da noite, saí em uma estrada do outro lado da mata, cascalho frio aos pés já não agüentava mais, nem sinal dos soldados pretos, então amanheceu.

Em meio a estas lembranças avisto minha casa. Ao contrário do que eu imaginei está intacta, temo um outro ataque surpresa, espiei por algum tempo sem chegar perto, portas e janelas do mesmo jeito que deixei na manhã de ontem: fechadas.

Assustado olho ao redor, de meu carro só os cacos dos vidro, e um rastro apressado para o além.

Em meus bolsos não tenho nada, a chave reserva da casa ainda está debaixo do vaso sem flores no quintal dos fundos. Com cuidado entro em casa, a dor, o sono, a fome, o frio, a sede e o medo acompanham-me e para mim nunca mais serão os mesmos depois desta noite de intimidade.

Chegando ao quarto estou eu, suando e rolando na cama, é um pesadelo. Paro, olho, não entendo, estou ali, e quando acordo e me olho no olho, desapareço.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Amor & Ódio Amor

- você garantiu que me amava!
- não me cobre tanto assim, você sabe das minhas falhas.
- e te amo, o que podemos fazer para remediar isto? 
- já está remediado, afinal o que não tem remédio...
- mas não posso acreditar... você sabe que nunca te cobrei...
- é verdade...
-... então, mas e as promessas que me fez?
- não menti.
- aquilo tudo que me prometeu? onde foi parar?
- aquilo era verdade pra mim também!
- o que houve? não entendo!
- não chore, vá piorar o que já é difícil!
- não, não vai me deixar aqui assim... não vou deixar.
- acalme-se.
- existe outro alguém? não importa, não vou ficar assim.
- não há ninguém. acalme-se, pare de gritar, o que é isso?
(surge uma tesoura da gaveta da mesinha de cabeceira)
- não vai ficar assim, já disse. me perdoe te amo.
- acalme-se e pare com isso, par...
(enterra-lhe a tesoura na barriga).

terça-feira, 29 de novembro de 2005

O texto que não sai

Buscava um tema fácil, atraente, e forte.
Que prendesse a atenção,
Transmitisse uma mensagem diferente por leitor.
Que não fixasse juízos ou valores.

Simples, não simplista.
Que fosse mínimo, econômico; sucinto.
Com a objetividade de uma sigla.
A eficácia de um verbete.

Contendo história e poesia
Literatura e ciência
O velho sendo dito como novo!

Não posso, não sai.
- As musas morreram.
As musas morreram?

terça-feira, 22 de novembro de 2005

O gigante Adamastor e os brasileiros

Acordei pesado, lento como um trem de ferro, mas de ferro só no peso e na rudeza. Movimentos pesados pensamentos pesados enferrujados, enferrados, ferrados.
Levantei-me como quem deita, saí pensando no voltar. Arrastando-me pelas ruas, indo automático, tentei justificar minha condição com alguns pensamentos.
Saúde, tenho saúde, uma saúde física relativamente boa, estável, pensei então em quem não a tem... O medo. Hoje tenho um trabalho, exerço minhas funções, que ao menos para mim, são relevantes. Senti medo, medo do desemprego...
Descasquei o sentimento, fui à palavra:
me.do
(ê) (lat metu) sm 1 Sentimento de grande inquietação diante de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; pavor, temor, terror. 2 Receio.
re.cei.o
(de recear) sm 1 Incerteza ou hesitação, acompanhada de temor. 2 Apreensão, angústia.
a.pre.en.são
(lat apprehensione) sf 1 Ato ou efeito de apreender. 2 Ação de retirar pessoa ou coisa do poder de alguém, por medida policial ou mandado judiciário. 3 Preocupação, receio, temor. 4 Compreensão, percepção.
an.gús.tia
(lat angustia) sf 1 Espaço reduzido; estreiteza. 2 Aflição, sofrimento.
a.fli.ção
(lat afflictione) sf 1 Ansiedade, inquietação. 2 Padecimento físico; tormento, tristeza.
(e percebi que desta forma não acabaria nunca).
Da palavra passei pela idéia, pelo conceito cheguei à essência, pelo menos naquele momento.
Motivos para ter medo: Morte, violência, necessidade, solidão, multidão! Ser feliz, medo da felicidade, do amor, medo de que as coisas dêem certo.
Há muito pouco fomos levados a acreditar, sob a batuta de um sagaz marqueteiro, que o povo brasileiro, até então, tinha medo de ser feliz – que hora ingrata, meu Deus!
Votamos na promessa de virada, votamos na esperança, subiu ao poder a equipe do bem, com um histórico de lutas proletárias respeitável, culminando com o episódio da posse e a declaração de que o primeiro diploma da vida do eleito era exatamente aquele de presidente dado pelo povo, e entregue com pompa e circunstância pelo TRE. Nosso pobre país mal sabia!
E fazendo outra volta, o medo, o sentindo da D. Regina Duarte do Restelo, aquele medo agourento que poderia passar em branco como apenas mais uma arma de campanha eleitoral, se não estivéssemos enfrentando o medo generalizado de hoje. – Quem é inocente? Esta deveria ser a pergunta de todas as CPIs.
Pois bem, este medo, que ao menos para D. Regina do Restelo não passou, já está aí, já ou ainda? Ameaçando como fez Adamastor a Vasco e suas naus.
Eis que o gigante Adamastor está aí, urrando e babando pelo que o povo criou até agora, ameaçando nossa frágil estabilidade, pequena, frágil mas toda nossa, nossa moeda, nossa economia, nossa balança comercial, nossa salário mínimo, nossa inflação.
Esta ameaça, que pode, se confirmada, acabar com tudo que a duras penas conseguimos, tudo que foi comprado com nosso suor!

Trabalho árduo, olho no governo, e quem sabe este Adamastor não se revele apenas um vento, que ao passar vai levar a poeira e a sujeira.

Oxalá, meu Deus!

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Paz

Buscar a paz, precisamos de paz, muito mais do que a simples ausência de guerras ou conflitos, ou a sensação de segurança nas cidades, além de dinheiro a vontade, e saúde para dar e vender.

Ao que me refiro é muito mais do que a boa convivência com as pessoas, com a sociedade e com as necessidades da vida.

É a paz superior, algo de si consigo mesmo. Só há uma fonte para esta paz. E você pode já imaginar!

Verdadeira, que supera todo entendimento, real, que vai além da guerra, que perdura mesmo com a violência ou necessidade. Sobrenatural assim!

Esta deve ser nossa meta.

 
* Este texto garimpei em minha agenda, e data do primeiro bimestre deste ano. Sem muito mais o que disser, depois deste feriado maluco, não sei o que comemoramos nesta república que dá aposentadoria de mais de oito mil reais para caras como o tal Roberto Jefferson! Azedei!

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Fim

Mil imagens na cabeça dentro de um segundo.

Sons, cheiros, gostos, tatos, sentimentos.

Tantos toques.


Hoje sinto falta da saudade!

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Este é um jogo infeliz.

ca.ta.clis.mo (gr kataklysmós) sm 1 Transformação geológica. 2 Grande inundação. 3 Grande revolução social. 4 Derrocada, desastre. 5 Terremoto. 6 Calamidade.

Quero ter mais perspicácia, mais sensibilidade para conseguir ver a vida (bem, este conceito de vida eu posso antecipar aqui que é totalmente relativo, alguns chamam de tempo, de mundo, nossa época, ou apenas um outro modo de encarar as coisas, os fatos, acontecimentos inevitáveis, inabortáveis como o amanhecer de uma noite não dormida, um noite chorada, lamentada, o que se pode fazer em nossa limitação ilimitada é fechar a cortina e cobrir a cabeça) com muito mais olhos.

Esta é numa montanha russa, boa imagem esta, gostei, e nela não se vê o operador, não temos condutor a bordo, somos todos passageiros. Pois bem, talvez isto seja pouco completo!

É como um jogo de futebol visto pela TV, e ao final os times empatados vão às cobranças de pênaltis, cinco cobradores de cada lado, tiros alternados, ao final teremos um vencedor. As cobranças se dão e vão acontecendo: pra fora, gol, na trave, defesa do goleiro, a vão se desenrolando, vão e vão, e você vendo, não se pode fazer nada, nada, tudo acontece e acaba!

É isso, isso é a vida (vou dar este nome, por economia, pois poderia chamar de tempo e coisa e tal.)

Mas eu dizia sobre a maneira de ver isto aí, mais sobre a profundidade a intensidade do que propriamente sobre o modo. E é assim, mas não somente ver mais, mas escrever, falar mais, aproveitar mais este nosso mundo, nosso tempo.

Por vezes tenho a impressão de que posso apreender tudo o que acontece ao meu redor, me sinto no direito de entender conversas alheias sussurradas ao pé do ouvido, de antecipar movimentos e reações de pessoas que não conheço, adivinhar palavras e frases não ditas.

Mas, em compensação, outros dias não entendo nem mesmo meus pensamentos que passam de meio segundo.
Ora escrevo frente à dificuldade de entender, pois, nos dias em que compreendo tudo não escrevo!

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Anotações de agenda

Para nós algo puro como rocha, aço, imutável cruel.
Quem nos dera poder virar as páginas do tempo
Como fazemos com uma agenda.

É certo que somos personagens desta história
Então, como pular ou voltar páginas?
Isto fica a cargo de Deus, ir e vir
Deter todo o conhecimento de uma só vez
Folhar o livro e saber tudo o quanto há de acontecer
Tudo que se passou, e como é que ocorreu.

Não teríamos competência
Gerenciar tanta informação tanto poder
E por isso mesmo não somos mais do que
Andarilhos da linha do tempo.
E vamos, em fila, enfrentando o passar das páginas
Folhadas uma a uma
Em um compasso, que para uns é bom e gratificante
E para outros, algo insuportável.

E vou suportando!
Fim
Mil imagens na cabeça dentro de um segundo.
Sons, cheiros, gostos, tatos, sentimentos.
Tantos toques.

Hoje sinto falta da saudade!

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Referendosim ou Votenão?

“Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia”
William Shakespeare, "Hamlet"

A campanha Televisiva do referendo do desarmamento iniciou-se na virada deste mês, assistindo ao Programa vinculado no último domingo pensei um pouco mais sobre esta questão que já invadiu a mesa do meu jantar.

Sou presidente de uma das milhares de mesas receptoras de votos que serão armadas por todo o pais, tendo pois participação logística direta no sucesso, ou não, da escolha do sim ou não, minha opinião neste caso não é importante, a questão é outra.

Lemos, ouvimos, conversamos, e vemos muita coisa ultimamente sobre este assunto, que sabemos, vem em péssima hora, pois, nossas atenções deveriam estar voltadas inteiramente às investigações das CPIs que borbulham em Brasília, mas o abacaxi está aí e não podemos nos furtar de opinar sobre a questão (mesmo porque é obrigatório). E o caso é este: o conteúdo utilizado pelas frente que defendem o 2 ou o 1, o não ou o sim, o proibir ou liberar, os mocinhos e os bandidos, assim mesmo, bem maniqueísta.

Eu sei, seria de um idealismo utópico extremado imaginar que os envolvidos teriam a intenção de descobrir a melhor solução a população brasileira nesta questão, mas o que está acontecendo já passa demais dos limites. E faz pensar que há mais coisas aí do que se imagina.

Os mocinhos ficam apresentando os números e pesquisas de estatísticas que estão ao seu favor querendo mostrar que a proibição (o sim) é o melhor. E os defensores dos indefesos desarmados bastam-se em chover no molhado questionando, desde a liberdade contra proibições quaisquer, até a injusta distribuição de renda chegando nas desigualdades sociais brasileiras. Mais do que a favor do não, eles são contra o sim, e mais do que pelo sim, os outros são contra o não.

O que mais incomoda é a mimese da campanha para cargos eletivos, o tom no qual as campanhas tocam suas fanfarras, só falta chamar de burros quem não concorda com eles.

Pois bem, eu tinha evitado este assunto em minha pena, mas vendo o que ocorre ao nosso redor não poderia deixar de fazer o que meus companheiros já fizeram, atentando ao assunto, dando minha humilde contribuição ao caso e expondo meu pensamento de modo que ainda não havia visto.

Deixei de lado coisas que já vimos por aí: O preço do referendo, o real nível de influência na decisão final, os interesses políticos e financeiros, que suplantam os sociais, e até o nome da deputada Maria Lúcia Cardoso do PMDB de MG que, se não consta, constava na lista de apoio do sim e do não ao mesmo tempo!

É tempo de atender ao chamado, ir lá e fazermos nossa pequena parte, esperarei lá meus mais de 240 eleitores ao voto, ou então não vá, justifique, ou ainda não faça nada e pague a multa de R$ 3, dá na mesma!

terça-feira, 4 de outubro de 2005

A prateleira de baixo

Cruzei a cidade, calçadas, ruas, avenidas
Paradas
O pensamento já sabia, queria ver lombadas
Chegando, três andares que se chama cultura moderna
Cds, eletrônicos, revistas, livros
Tecnologia informática
Vitrines bem arrumadas e iluminadas
E dizem: FOTO – VÍDEO – SOM
Livros no terceiro andar!
Administração, auto-ajuda, culinária, direito
Esportes, infanto-juvenil, música, política, turismo...
No corredor do meio, numa gôndola que trunca a passagem:
- Envernizado, tamanho grande, ilustrado: “A Vida dos Famosos”
Uma pilha deles, não baratos, mas como vendem!
Preenchem vazios, alimentam sonhos vazios, são acessíveis
Mover valores financeiros não importa o quanto
Contanto que não exijam de nossa cabeça.
E na prateleira sem nome que posso chamar de Grandes Autores ou Clássicos
Ou ainda Literatura – preço único: 3 Reais.

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Desfazendo o mal entendido.

Realmente acho que a comunicação é o que nos torna diferente dos outros animais que povoam a terra, na verdade os outros animais se comunicam, mas nenhum faz como o bicho homem é capaz. As abelhas dançam informando onde estão as flores, mas aquela que vê a dança não pode reproduzi-la para que outra abelha encontre o alimento.

Esta forma que nós temos de relacionar-mos, falando, escrevendo, atuando, cantando, recitando é que dá o colorido da vida em comunidade.

É pena que o homem esqueça disso muitas vezes.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Tragédia natural

Neste ano fomos, graças à tecnologia de telecomunicações, testemunhas de pelo menos duas grandes tragédias naturais, uma na Ásia, e outra mais recente, na América. Não quero discutir importância ou dimensão destes ocorridos, não citarei as estatísticas ou o impacto destas catástrofes no entroncamento político econômico social mundial (ufa!), afinal, deste último ocorrido não temos nem mesmo os dados fechados. A grande diferença da importância geográfica das regiões afetadas, na Indonésia uma (uma?) onda gigante que simplesmente engoliu tudo, e em Nova Orleans um furacão que trouxe destruição e inundação por toda a cidade, não permite traçar um paralelo justo.

É evidente, e indiscutível a importância destes fatos para a humanidade, talvez o homem possa, à partir disto, dar mais importância às questões do meio ambiente, este que sofre quieto até que responde com violência e morte. Mas há outra tragédia particular e bem brasileira, a tragédia humana. Não digo das crianças de rua, da violência, das balas perdidas, dos jovens atolados nas drogas, mas digo daquilo que poderia, quem sabe, trazer uma solução para estas tragédias sintomáticas de uma sociedade podre, podre e que agora começa a feder.

Da mesma forma que a natureza reage às agressões, pedindo um basta nos abusos do homem ao longo dos anos, gostaria que o povo brasileiro reagisse, reagisse de forma contundente como o terremoto, barulhento como o furacão, pedindo um basta nos abusos dos nossos governantes.

Qual é o preço disto? Algumas vidas? Alguns mandatos? Paguemo-lo.
Uma coisa é certa, desta forma não pode continuar, esta é a hora de nossa democracia amadurecer de uma vez, ou encruar pra nunca mais.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

A menina-moça

Não deveria fazer poesia
Não faço poesia
A poesia é que me faz, é que faz.

A poesia é
Não deixe de ver
Ela é Dama
Cortejada por muitos
Conquistada por poucos

Escreva e não nomeie
Não se sinta no direito
Manchar o bom nome da Moça
Mas estas coisas não se deveriam
Nem pensar e nem fazer

Mas nem mesmo os antigos
Os clássicos renascidos trovadores
Barrocos parnasianos adornadores
Moderninhos, despojados engajados
Nem mesmo eles puderam
Há tempo buscam

Quando isso acaba?
Quem diz deflorar a experiente virgem
Nem dos vermelhos lábios achegou-se
Qual imagem perseguir?
(dizem que ela move o mundo)

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

A liberdade nunca é real e Uma carta a um velho amigo

A Liberdade Nunca é Real

Se examinarmos um indivíduo isolado sem o relacionarmos com o que o rodeia, todos os seus atos nos parecem livres. Mas se virmos a mínima relação entre esse homem e quanto o rodeia, as suas relações com o homem que lhe fala, com o livro que lê, com o trabalho que está fazendo, inclusivamente com o ar que respira ou com a luz que banha os objetos à sua roda, verificamos que cada uma dessas circunstâncias exerce influência sobre ele e guia, pelo menos, uma parte da sua atividade. E quantas mais influências destas observamos mais diminui a idéia que fazemos da sua liberdade, aumentando a idéia que fazemos da necessidade a que está submetido.


Leon Tolstoi, in 'Guerra e Paz'


Uma carta a um velho amigo

Meu velho amigo,

Desejo sinceramente que quando estiver lendo isto esteja confortável, e soberano de tudo à sua volta.
Por quantas coisas passamos juntos, e agora com o distanciamento de tantos anos posso ver o quanto tudo aquilo que se perde da visão no horizonte do passado foi e é importante para mim.
Nossa vontade, ao menos aos meus olhos, não significa muito para quem vive debaixo do céu. Existem poderes muito maiores regendo nossas pegadas. No afã de nossa juventude, em plenos poderes ilimitados da adolescência, tínhamos tudo em nossas mãos, o passado o presente e o futuro, éramos tudo o quanto desejávamos e ainda mais, pois estávamos juntos na jornada de singrar os mares da vida: a total liberdade.
Tantos planos e coisas que podíamos ver nos anos à nossa frente, às víamos claras como o próprio ar, e se desfizeram por trás da cortina do tempo mostrando a cara feia da realidade que até então ignorávamos: toda liberdade é irreal.
A cada momento fazemos escolhas, não por opção nossa, mas por necessidade, este monstro que destruiu tanto pelo caminho e que afastou-nos, somente agora podemos nos reaproximar de novo, graças a esta carta. A vida cria demandas que nos forçam a enveredar por caminhos que não escolhemos, mas fazer o quê não é mesmo?
O que me confortou por este tempo todo é que o sentimento fraternal que nos ligava àquele tempo é o mesmo hoje, e se nos reencontrássemos por mais uma vez seria como sempre, Amizade, simples assim: Amizade.
Ainda somos jovens, ao menos no espírito, no entanto temos algumas responsabilidades a mais, e a maior delas é ter chegado até aqui carregando cada vez mais bagagem de memórias e conhecimento, o que traz comprometimento.
Convido-o, pois, caríssimo amigo, a enfrentar-mos juntos a vida à frente, deixando o passado e trazendo o aprendizado, com uma considerável vantagem sobre os mancebos super-poderosos de outrora, temos a nosso favor a já mencionada bagagem e não temos o anseio de abraçar o mundo, de dar o passo maior do que a perna a nos atrapalhar como no início.
Se puder venha comigo, juntemos nossos caminhos novamente. Não há tempo perdido, pois temos a cada dia mais um dia que valerá por dois se soubemos vive-lo, não há nada a temer, senão o medo, como disse alguém.
Sem pensar no que faríamos, mas sim no que faremos.
Um grande abraço, e se puder me ligue.
M.

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Viu as estrelas

Caminhando pelo corredor
vinha com a mão direita
machucada, e torcia para não
encontrar conhecidos.

Num descuido deu um
encontrão em um
passante, desculpou-se
e para não ficar chato
ofereceu a mão em
cumprimento, temeu.

Recebeu um aperto
daqueles, quentes
viu as estrelas, e por
cima de um gemido doído
mordido e abafado disse:

-Oi, tudo bem? (ai)

terça-feira, 16 de agosto de 2005

O Dissipar da fumaça Branca

Parece até que perdi minha capacidade criativa, o poder de escrever, invejado por alguns. Se algum dia tive este poder, parece-me sinceramente que se foi.
Não tenho sido capaz nem sequer de escrever duas linhas que me agradem, não encontro a forma, o motivo, nem mesmo vislumbro a direção para onde apontar minhas palavras.
Como um fumante que acaba o cigarro, pareço ter dado a última baforada para o alto, o cigarro acabou, apagou-se em bituca, e não tenho em meu pulmão nenhuma fumaça a apresentar.
Em meus caminhos diários, em minhas não curtas caminhadas, tento organizar pensamentos de modo que, imagino, poderiam colocar-se em palavras, mas isto me parece claramente um trabalho oco, estéril, infértil.
E é assim que tenho me sentido, infértil, estéril, como água limpa, como areia seca. Meu orgulho interno pelo que escrevia, o prazer de observar minha meia-dúzia de fãs lendo, e sem saberem bem o porquê, elogiando meus escritos, até isso está se perdendo e se desfazendo na fumaça da última tragada.
Hoje tenho morrido apneico, se não tenho ar!
Gostaria de ser poeta, amigo das palavras, intimo delas, tão íntimo que as faria dar de si muito mais do que o de costume, extrair o mais profundo de cada uma delas, sua essência a ponto de modificar a alma do leitor, este pobre desavisado!
Ser ficcionista, criar o verossímil, a verdade que é mentira, a mentira verdadeira, aquilo que talvez possa não ter ocorrido, mas da ponta da pena transforma-se, realiza-se em todas as cores, loiro, moreno, ou negro, de noite ou ao entardecer, misturando em uma alquimia formidável, a força da ficção e a imaginação do leitor, que generoso, vai dar sua roupa aos fatos.
Seja num conto rápido, em uma estória longa ou num haikai, numa novela ou numa redondilha de qualquer tamanho, o escritor busca a realização nos olhos de quem lê e que naquela hora é seu cúmplice.
Mas eu não! Choro a constatação de minha desistência. Não passo de tentar.
A crise me acompanha, e tem ma acompanhado há tempos, e a maldita demonstra muito mais fôlego do que eu jamais terei.
A demanda do viver é única, pessoal, intransferível, e na base do “cada um com seus problemas”, vou como dá, buscando um espaço, um tempo e ar para continuar vivo, vivendo, sobrevivendo, sub-vivendo.
Neste momento, que é impar, manter-me vivo sobre meus pés e, na medida do possível, gozando do mínimo de minhas faculdades mentais, sigo o caminho, que já disse alguém em uma música, só existe para quem caminha nele, e deixo meu tentar escritor de lado, com todas suas fantasias e pretensões à beira do caminho.
E, triste, finjo manter o controle.

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Ao menos uma vez

Se eu pudesse romper as barreiras da forma
As barreiras de língua
E ir além da poesia
Colocando pra fora aquilo que me pesa no pescoço
E me fere a folha com a pena

Encontrar A palavra mágica
E desvendar o mundo
Senhor Poeta
Perdoe-me por tocá-lo com tanta pretensão

Poderia ser mais completo como homem
Mais pleno, se ao menos uma vez
Pudesse tocar a busca
Tatear o livro certo, e a memória certa
Sairia desta escuridão em que dou com a cara na parede

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Momentâneos poéticos cotidianos

Sem a menor responsabilidade
Basta afinar a sensibilidade
Eles estão aí todos os dias
Ponteiros parados nas
Prateleiras da relojoaria

Flores murcham aos
Poucos na floricultura

No paredão elevam-se janelas
Umas apagadas e outras não
O Sol surpreende a Força Coletiva
Na metade do caminho
E ao pôr-se não encontra ninguém em casa

Mendigo que acorda e prefere não
Se levantar vê a moça no Taier
A equilibrar-se no salto
Falando ao celular

E chove de repente se fazendo arco
Quebrando o cinza hediondo
E lá no fim há um pote de ouro
Ouro para aqueles que vêem
E vendo acreditam

terça-feira, 26 de julho de 2005

Sem despedida

Foi muito rápido, ninguém esperava, ele nos abandonou
Não sofreu, não deu trabalho, como temia.
Não falhou conosco. Nunca falhou!
E acontece que tudo um dia nesta vida acaba
E somos como fumaça, que se vai com o vento
E sem aviso ele se foi

Choramos, pois é triste a saudade de alguém que não vai se ver mais,
Será ator em nossos sonhos e em nossa memória.

Quando tinha sede ele não bebia água, bebia salmoura.
'O bebe sarmora', 'o tric tric',
Um Grande Homem!

Deixa saudade e um grande vazio.
O meu velho pai.

terça-feira, 19 de julho de 2005

De frente agora

Se eu a tivesse em minha frente
Agora

Respiraria fundo e pelo nariz
Piscaria meus olhos lentamente
Clarearia os pensamentos
E concentrado...

De frente chegaria bem perto
Sem encostar-lhe a pele
Sentiria o calor, o cheiro
E como nunca, cheio de mim...

Postar-me-ia altivo
Firmar-me-ia em minha voz
E olhando nos olhos diria:

amo você.
Se eu a tivesse em minha frente
Agora.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Uma cantiga

Não pretendo aqui dar aulas, ou algo que o valha, mas quero trazer à memória daqueles que um dia já viram, e apresentar para aqueles que não conhecem o trovadorismo. Movimento específico de Portugal na idade média, tem um grande valor histórico e literário, já que norteou vários movimentos posteriores. (Como toda linha histórica literária)

Estas letras eram acompanhadas por músicas e apresentadas por jograis à corte. O detalhe o qual não posso me furtar de destacar, é que o tratamento Senhor, à época, era exclusivamente masculino e usado para os senhores feudais, os donos de tudo e de todos no feudo. O trovador tomou a liberdade de usá-lo no feminino em sua cantiga para demonstrar seu estado de vassalagem à mulher amada, a principal característica do formalismo sentimental trovadoresco.

Em minha opinião, uma delícia:


Quando mi agora for’e me alongas
De vos, senhor, e nom poder veer
Esse vosso fremoso parecer
Quero vus ora por Deus perguntar


Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


E dized-me em que vus fiz pesar
Por que mi-assi mandades ir morrer?
Ca me mandasde ir alhur viver?
E pois m’eu for e me sem vos achar,


Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


E non sei eu côo possa morar
U non vri’vos, que me fez Deus querer
Bem, por meu mal; por em quero saber:
E quando vus non vir , nem vus falar,

Senhor fremosa que farei enton?
Dized’ya coita do meu coraçon!


Nuno Fernandes Torneol (meados do século XIII)

terça-feira, 5 de julho de 2005

Os prisioneiros da esperança.

Como é que podemos ter esperança verdadeira, algo que realmente nos leve a algum lugar no caminho aberto da vida sobre a terra, se há tão pouca esperança entre os homens? Restringindo este pensamento ao nosso país, fica mais fácil de entender como questionar as coisas já estabelecidas em nossa sociedade, coisas tão aparentemente sólidas quanto uma rocha na beira do mar. Apesar da grande força das águas não se abala nem toma conhecimento do que há em sua volta.
Nosso povo vive como escravo de algo que simplesmente não existe neste âmbito, neste plano no qual buscamos não existe esperança, mesmo assim o brasileiro busca se agarrar como quem se agarra em uma tábua de naufrágio. E assim vive ou sobrevive rompendo os dias e anos e gastando sua vida em busca da sombra de uma lembrança de algo que a grande maioria só ouviu falar: A esperança de viver no País do Futuro.
Restos de vida do fim da primeira metade do século passado, uma vida a qual o brasileiro não teve de fato em nível nacional. Naquele já longínquo tempo vivemos apenas uma idéia de “noventa milhões em ação”, de “pra frente Brasil” embalados pela Jovem Guarda que junto com outras coisas, alienando a elite enfraquecia e impossibilitava uma reação. E como saldo destes trinta e poucos anos, não temos nada mais do que a burocracia criada para que tudo passasse pela mesa do chefes dos chefes antes de ser decidido, e o sonho da esperança de um dia darmos certo.
Neste meio tempo, outros recantos menos do que provincianos deste planeta, revolucionaram e mudarem o rumo de suas histórias. Sempre baseados no estudo, na pesquisa, na tecnologia. Neste grupo coloco Coréia e China, nada que possamos chamar de moldes ou exemplos a serem seguidos pelos brasilianos, mas sem dúvida aquilo usado para crescermos não nos possibilita nada além da ilusão de algo que não existe, e que não vai além do sonho. O mais cruel disso tudo é que nosso povo acredita e assim vai sendo morto vivo sem a possibilidade de perceber ou reagir – o que qualificaria esse crime.
Alguns, neste ponto, usariam a máxima de que cada povo tem o governo que merece, mas nosso planejamento está equivocado há mais de meio século, e pau que nasce torto já sabe não é? O consolo é que a cada ano inicia-se uma nova geração, e os planos que teremos para esta nova que surge podem começar direitos, hoje quem pensa somos nós, ou não?
Quanto de terra um homem pode agarrar com seu punho fechado?
Sozinho muito pouco, mas juntos movemos montanhas!
Podemos basear tais mudanças em vários pensamentos, filosofias, políticas ou atitudes diferentes, mas como faremos isto deve ser decidido em conjunto, numa idéia, se não uníssona, que pelo menos convirja para o mesmo hemisfério.
A velha forma de pensar em defender o ‘seu’ e que se exploda o resto, faz parte do crime de matar e manter viva uma população inteira. Sem falar no subterfúgio de fazer ascender um representante da luta pela vida viva de verdade, fazendo aquecer ainda mais aquele sonho de esperança num futuro que nunca chega. Não adianta mudar uma peça, é preciso virar o tabuleiro.
Será que teremos futuro como nação (aquela definição das aulas de geografia)? O planeta e seu futuro?

Idéias já pensadas e repensadas, mas apontem uma saída nova, esta saída é velha eu sei, mas nunca foi usada. Quem sabe funciona.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Borboletas

As borboletas borboleteiam
E eu aqui
Buscando rimas
Rimas que não rimam nos ouvidos
Mas que rimem na cabeça

E as borboletas
Borboleteando
Eu não
Lindas por serem o que foram
E o que são

Vou e venho no passado
Futuro presente
Combinando escolhendo rascunhando
E elas são
E eu não

São e vão
Borboleteando
E eu aqui


(Não sei se esse caminho é o caminho que me levará àquilo que busco, só conheço o que busco, meu objetivo final (que ora não vem ao caso), mas o caminho... o fato é que estou meio perdido, todos já tinham percebido eu sei, mas como disse Claudino: "...sou um ignorante que aprendeu a escrever, e teve a sorte de ser convidado a mostrar seus escritos..." e não vou parar de tatear o caminho, e bandonar o sonho antes do final!'' - M.)

segunda-feira, 13 de junho de 2005

O objetivo

Quando o tempo passa, enquanto o tempo passa revela-se a face mais real da vida, a nossa incapacidade de mudar certas situações, a incapacidade de alterar-se em nossas atitudes, pensamentos, não conseguimos ir além de querer mudar. O implacável arrastar-se dos anos, para alguns traz sabedoria e experiência, para outros, aqueles que não podem enxergar o todo da situação, traz enfado e tristeza.

Minha intenção é cada dia ter uma nova página em minha história, uma página, se não bem escrita, ao menos intensa, substanciosa, densa, real e verdadeira. Página esta que eu quero ler e reler, quando o massacrante dia-a-dia desesperançar-me. Sei bem que, caio aqui no lugar comum da vida/livro, para alguns, dispensável. Quedando-nos a pensar um pouco na marcha do batalhão, veremos que este paralelo é perfeitamente cabível.

No entanto, tenho ao meu lado o autor da vida, o encadernador deste livro, livro que prefiro agenda. É isto que me leva a caminhar, é nisto em que me apóio. Nele tenho meu alvo, meu objetivo; meus planos vão muito além desta vida aqui na terra, vida esta que encaro como trabalho, trabalho gratificante, além de muito rápido, passageiro.

Obrigado meu Deus por sua generosidade para comigo e seu cuidado com meus caprichos, te amo.

0- Ação reação e reação ação

2- dispositivo elétrico aciona máquina hidráulica.
8- alteração iônica reduz massa magnética.
5- nuvem radioativa modifica funcionamento biológico...
7- reação natural eleva temperatura terrestre.
3- processo químico desencadeia disfunção cerebral...
4- experimento físico produz movimento mecânico.
1- sentimento estranho expõe amante ao ridículo...
11- diferença étnica causa atrito sangrento...
10- superioridade econômica resulta descomedimento de poder...
6- crise política agrava desestabilidade financeira...
9- déficit cultural impede crescimento intelectual...
12- dois e dois nem sempre dá quatro.
15- grande sobressalto atrapalha desempenho oral...
16- excesso de dinheiro diminui visão periférica.
13- abuso de televisão atrofia a mente...
17- desigualdade humana aviva violência
14- uso bélico altera percepção nacional

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Um Ramalhete

Com singelo coração
Limitado, sinto simplesmente.
Um punhado de flores

Um punhado de emoção

Sinto felicidade real Meu Real, realidade.
Por vezes dura
Por vezes outonal

Receba este rascunho
Esboço, tentativa errada.
Um saber questionável
Um saber rascunho

Maltratado maltrapilho metralhado
Descuidado, largado esquecido.
Desculpe reclamo sim
Desculpe o reclamado

Continuo mesmo assim Inabalável, coração fiel.
Fiel ao amor
Fiel a mim

quarta-feira, 25 de maio de 2005

Ao ouvido:

Chega mais perto de mim, mais perto assim
Quero poder falar bem baixinho, pra que ninguém mais ouça
Sussurrar tão baixo, que nem eu vou ouvir
Só pra você

Saiba de uma coisa, você é a causa, é a consequência
Te quero sempre bem perto de mim, ou debaixo de meus olhos pelo menos
E senti-la sempre. Vai além da razão
É vento, e segue, não se quer contrariar, segue
E mesmo se houvesse vontade, nada poderia fazer a respeito

Até agora não sei bem como lidar com você
Ainda hoje e depois de tanto tempo
Estou aprendendo... mas é tanta dificuldade!
Por muitas vezes fico cabisbaixo e triste e bravo
E penso que a culpa é sua, você é muito complicada!
Que se eu já soubesse como tratá-la...
Então, me coloco em meu lugar
E passados os ‘cinco minutos' que duram anos
Penso e repenso: não é culpa sua

- Carpe. Ensinaram eles, talvez eu aprenda.

Se eu ando claudicando e inconstante
Você por sua vez, segue serena, impassível, impávida
Queria ser assim como você
Mesmo contendo a todos
Apreendendo todas as coisas, não se abala
Por quase nada se abala
E eu, quando descubro algo novo dentro de mim
Fico agitado, temeroso e vacilo

Escuta, não me olha, só escuta
Dá aqui seu ouvido
Toma lá meu lamento

Às vezes acho que você não é minha
Outras, tenho certeza de tê-la em minhas mãos, não
Mas você linda, não é perfeita
É linda, me deu muitas coisas
Me tomou tantas outras

Não sei me expressar direito
Mas estas coisas você sabe
Sou duro de boca e áspero de garganta
E estas coisas você já sabe

Fique do meu lado, perto
Vou buscar estar ao seu lado sempre
Se eu cair sei que você não vai me ajudar
Mas só de ter você me olhando, o chão amacia.

terça-feira, 24 de maio de 2005

A luta

Satisfazer os caprichos do homem
Nem mesmo Deus pôde

Faz parte inalienável do homem
A eterna insatisfação

A água vence a rocha
O vento alcança o longe
A luz invade, e sem convite entra

Mas o homem não se satisfaz

Minha maior luta é contra o Eu
Imperativo, exigente, insistente
Insatisfeito, instável, falho

O Espírito de Deus me capacita
Nele venço a luta.

segunda-feira, 16 de maio de 2005

Volta à carga, ou Na superfície

Queria tomar a palavra, chamar a atenção de um possível leitor, mesmo sabendo que este texto não terá leitores, não foi escrito para isso. Mas se eu prosseguisse diria que tomei a palavra pelo simples fato de tomar-la. Assunto, algo que se espera de quem se manifesta, não tenho ao certo.

Ó Rubem. Este sim escrevia muito melhor quando não tinha o que escrever. Estou muito longe desta pretensão, na verdade não quero nem pensar nisso. Escrevo mal tendo ou não assunto.

Possíveis temas ou motivos para isto são muitos, talvez o ato de escrever... da procura pelo que falar... discutir o que comunicar... Existe algo novo a dizer? Precisamos dizer algo novo? E o mais inquietante ainda, queremos realmente ter algo novo? Talvez o simples fato de tomar a palavra e não dizer nada já signifique alguma coisa. Será que eu significo alguma coisa? E você?

E que tal responder este monte de interrogações?

Isto não significa nada.

Não é porque eu pretendo, ou até tento responder a uma pergunta é que vou conseguir a resposta, esta busca por si só já seria interessante, aliás, respostas geram mais algumas perguntas, tornando a última situação pior do que a primeira. Outra coisa a considerar é que não necessitamos de uma pergunta para que seja levantada uma questão.

Mas apesar de, mesmo sendo o autor, eu não saber do que se trata isto o que ora lês, sei do que não se trata (ao menos isso), isto não é um escrito sobre perguntas, respostas, questões, fatos ou adjacências. Já é um início, se seu objetivo é descobrir a matéria da qual tratamos aqui. (Nós? Tenho cá minhas dúvidas!). De antemão adianto que este não é meu objetivo, na verdade (se isto existe) não passo nem perto de ter um alvo.

Tudo tem três lados (já diria Samuel em uma música), o meu, o seu, e a verdade (e isso existe?).

Ademais, pensando nisso, o que é pertinente para mim pode não despertar o menor interesse em ti, e eu não posso considerar correr este risco: desenvolver um assunto com o qual eu me identifico e que não toca nem mesmos os olhos do leitor.

Outra coisa à qual não julgo é importância ou utilidade, isso se encaixa no caso do interesse! Não correria este risco, mesmo que calculado.

Um desfile de misses, apenas para exposição. Não se pode tocar!

O fato é que voltei á carga, expondo-me aos falcões, leões, lobos, raposas, hienas, e críticos.

Mas eu sei. Como isso tudo é tão ruim!

terça-feira, 10 de maio de 2005

Breve

O ruído intermitente brada
Acabou o brevíssimo momento
Quando começou já falava
Do termo e do desalento
Rápido como uma pestanejada
Instantâneo.

Fim sem meio, sem gosto
É assim não muda
Efêmero. O tempo de cobrir o rosto
Sentado. Cansado. Clamo ajuda
Sinto pesar. Na cabeceira um enrosco
Lamento.

Mas não. Hoje eu ficaria
Decidi não atender ao chamado
Decidi não, acabou. Por dentro ria

Vitorioso & resolvido
Decidi mereço. Não me renderia
Minutos.

Dez momentos enfrentei
No ar refiz as agruras da batalha
Percebi era fraco, murmurei
A obrigação de andar no fio da navalha
Sentado, e ao espelho me aprumei
As ruas.

A sair sonhando com o entrar
Fraco vendido desiste cativo
Olhos embotados. O breve recostar
Boca amarga. Deixar o objetivo

Triste vou, mas, fico no altar
Multidão.

terça-feira, 3 de maio de 2005

O Ethos, a introdução, e coisas sobre as minhas angústias.

Ainda estou em busca do Ethos deste espaço que inadvertidamente cederam-me, no entanto, já fui capaz de algumas reflexões(Eu o gênio):
Quando me sento ao teclado, e penso, e escrevo, organizo um pouco esta bagunça que temos por dentro, pelo menos para que as idéias (dei esse nome) possam fazer fila para sair. Também percebi que quando coloco-me a escrever, não coloco-me a mim, e sim a outro personagem, que entre em cena e toma conta das ações. Não, não, digo aos entusiastas do espiritismo (ou o que quer que seja), de que não se trata de psicografia (ou o que quer que seja), respeito a todos, mas não se trata disso. O tal já existe em mim e só toma sua posição, já tem seu caráter o qual irá se mostrar (assim espero.)
O fato é que a busca deste Ethos nos levará (a nós? Não sei) a um interessante campear por terrenos inóspitos da (minha) impressão humana da terra, visão metropolitana, tão bem cantada na primeira metade do século passado.
Escolhi este nome para a coluna, pois nunca estamos sozinhos (lugar comum? Pode ser, mas como funciona!) vide Pinóquio, Jonas, Virgilio, Dante, ou Camões!
Sobre agradar, se me perguntassem, diria que não é minha primeira função por aqui, acho que minha ‘missão' se inicia antes deste ponto, mas se fosse possível não me incomodaria com isso. E por aí vai...


Guerra

Isso aqui tá muito ruim. Desde que há muito tempo, desde que há anos o dia começou chuvoso e chumbo.
Como isso mexe com os humores, quase tão poderoso quanto a lua na maré. Aperto os dentes até me doer a cabeça. Vibrar de ódio, pensamentos fixos, olhar vidrado, vidrando mármore negro. Água fria, vento frio. Noite o dia todo.
Não vejo o fim, não há fim. Minha esperança.
Sobre e desce, passo firme, pernas bambas. Fome frio asco. Nada muito profundo, mas tudo com a marca d'água do vazio, do sem-sentido; guarda-chuva sem tecido. O lixo do homem.
Penso pensamentos descartáveis, descartáveis soldados rendidos. Trincheira cheia de cadáveres jovens - Inocentes? Nunca.
Sair de farda, sair da farda. Poucas, muito poucos estão armados, ou são preparados para enfrentar e estreitisse da garganta ou a acidez de saliva, e então morrem entrincheirados e jovens, inocentes jamais! Quem veste farda não é inocente, mesmo sendo, não é.
Coisas do noite-a-noite não são guerreiros, são obrigação, para isso é que estás aí.
Mas guerra é guerra, e quando o toque de recolher acolhe estes mimos, é hora de encarar, encarar o espelho. - Opressão? Não! Opressão eu como no café da manhã, isto é muito mais. Amassado como latinha, enlatado como sardinha, temperado com óleo, pó, e cinza-chumbo, prata suja, ouro velho. Meus pés estão molhados, olhos congelados, gelo de água suja, cinza-chumbo, prata suja, o ouro novo como o velho.
Enquanto falamos, soldados morrem, na boca para serem cuspidos, na trincheira, serão esquecidos, na garganta, engasgarão até a morte de seu autor. Este sim um inocente!

terça-feira, 26 de abril de 2005

Saída sem saída

A instabilidade da alma é incrível
Hoje, se estamos bem, amanhã nada
É garantia de nada. Se...
Luz e trevas se misturam.

Quanto mais pleno, mais confuso.
Queda d'água silenciosa...
Voz suave, palavras ásperas-lixas-pedras.

Poesia barata, ruim?
Ao menos como o ar que todos têm
Calos também.
- Hei quem é você?
- Como é que eu vou saber?!

Ó Deus, meu Deus, sou criatura sua!
Reconheço-me como seu.
Dores de dentes!
Areia na boca? - Eu sinto muito
Mas ele está morto
Não há nada que possamos fazer.
Morto! Morto?
Como quanto acaba a energia.

terça-feira, 5 de abril de 2005

A vida

Nem eu sei o quanto
em minha superficialidade, sinto
Sentimentos, reflexões e pensamentos
perdido neles.

Não encontro a saída
em mim, Busco você
Rimas fáceis evito, já há problemas demais...
Em minha busca, já um encontro
Conflitos em tempos de paz
Guerra pela paz

Faço-me entender?

Céu azul-de-brigadeiro.
Cabelos ao vento
Pele fresca, rosada, quente
Estranha amiga.
Colo amigo, berço
ventre, ventre
Bases fortes.
Minha
Muita sorte! Obrigado.

terça-feira, 29 de março de 2005

Superficialmente superficial

Reflexões. Reflexões. Complicada proposta, organizar, enumerar, listar, a fim de expor sentimentos, pensamentos e emoções, que levianamente classificamos simplesmente de reflexões, superficialmente reflexões.
Tema? Não, talves este seja o meu tema, não ter um tema. falar sobre as paredes vazias da minha mente.
Não podendo esvaziar o ambiente, sou obrigado a arrastar a mobilia e a decoração, dissertando assim por partes.
O que não posso evitar são as marcas dos quadros nas paredes amareladas pelo tempo, e o desgaste do piso, por conta do fluxo mais acentuado em alguns pontos, como portas e corredores.
Minhas janelas só abro em ocasiões especiais - o que não é o caso, dado que isto nunca jamais será lido por alguém.
Um texto sem leitor, com um tema duvidoso, e escrito por um autor que não acredita que pode fazer mais do que um amontoado de palavras.
Quem sabe este amontoado esteja dentro do texto, e não só no suporte que o leva. Uma casca?
- Isso já é um abuso, deixa pra lá!!!