domingo, 22 de novembro de 2009

E Enquanto Isso

...

Vida senhores
Enquanto isso vida
Série infinita de escolhas

Perfeita como ela só
Perfaz o tempo sem cerimônia
Não importa logo amanhece

Planos prantos tantos
Pode ser o que for, quando for
Apenas vida, que pena
Importante, não urgente

Querendo pode não viver
Seja covarde o bastante
Seja corajoso o bastante
Pra isso

Nada urgente, é gentil
Alí esperando inabalavél
A vida não bate à porta
Não reclama não chama
Espera o protagonista
Seja como for

Não siga o cronograma escreva-o
Ou pague o preço
Não seja figurante na breve cena sob o céu
Faça valer a escolha enquanto ela é sua

domingo, 8 de novembro de 2009

Hoje em dia



Acontece cada coisa nesses dias!
Geração maluca que nada estranha
Bizarrices todo, toda hora
A gente ouve cada uma...

Acredito um pouco pois eu vi
Parece que esta não é minha era
Vim parar aqui sei lá como foi
Foi. Sei lá, que será de mim?

Três elefantes cor-de-rosa
Em roupas de bailarina
Passam voando e dançando
- Você viu isso?! Eram três.

Nesse máximo do mínimo
Onde o nada se transforma
Qualquer coisa que se justifique
Tremendas justas injustiças

Delegados, juízes, policiais
Investigadores, escrivães, porteiros
Advogados, árbitros de futebol, motoristas
Mendigos e o primeiro ministro

Valem nada se o outro não come
A culpa, a culpa não cabe
Não há canções na fome
Não há mérito na morte televisionada

domingo, 1 de novembro de 2009

Um tempo

Existe um tempo que não está no calendário e nem se conta no relógio.

Não é feito de papel, de pedra ou de bits, não se alinha, não se divide nem mesmo numa divisão didática.

Este tempo não se pode conhecer, entender ou planejar.

Um tempo que não se submete à história ou estória, tampouco à geopolítica. Nem a poderosa matemática pode com ele.

Não se esquematisa e nem se agenda.
É um tempo transgressor. Nem passado, nem futuro e quem pensa que é o presente se engana. Estas divisões não o garantem, não o classificam e nem mesmo o conhecem.

É fumaça, é vapor. Sólido como aço e frágil como um castelo de cartas.
Este é o tempo, o único tempo no qual de fato está contida a vida.
O único verbo que o alcança é o verbo viver. Divino verbo viver.
Este tempo tem um nome, chama-se Enquanto Isso.

O Enquanto Isso é soberano, ele é o mais atuante e o menos conhecido, o mais eficaz e o menos utilizado.
Importante mas nunca urgente. É gentil, nunca se impõe.

Pode ficar alí esperando sua vez.
Esperando até quando eu ficar maior de idade, até arrumar uma namorada, até que o tratamento acabe, pode esperar aquela promoção que vem com aquele aumento de salario ou até que possa arrumar um emprego melhor. Fica esperando as crianças cresceram, o fim do mês chegar, o tempo melhorar, a crise passar. Espera pelo dolar baixar ou até eu terminar a faculdade, espera você acertar no bicho, espera sobrar tempo, sobrar dinheiro, sobrar paciência. Espera até mesmo você aprender, mesmo que nunca aprenda.

O Enquanto Isso é capaz de esperar tantas quantas coisas urgentes você colocar à frente dele, sem reclamar.
Enquanto Isso a vida...
Tudo bem, tanta coisa vai acontecer, e logo, mas e Enquanto Isso, o que acontece? O que é que a gente faz enquanto nada disso acontece?!

– A gente vive! Vive apesar de tudo! Vive apesar e com tudo isso.
Ser feliz na espera é viver o Enquanto Isso.