segunda-feira, 30 de julho de 2012

Na beira



Estou sentado mas
ainda posso me levantar

E melhor ver o fundo
desse precipício

Namorar um voo perfeito
sem asas e sem volta

Como deve ser

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Tudo



Havia tanto para entregar
tanto tempo e muita coisa
coisas que se passaram
e outras que não passam

Coisas que ficaram
sem verso ou rima
nem sequem uma prosa
qualquer coisa, nada

Nenhuma canção ou mesmo
um hay kay rabiscado
num guardanapo molhado
resumindo o mundo num sorriso

Tantos pensamentos
os pés-sem-cabeça
meus coisa-com-coisa
e ligações perdidas no celular

Poderíamos nos sentar
em qualquer lugar
e falar sobre o que não
foi dito pois se perdeu

E minhas inquietudes 
de fim de semana chuvoso
esperando ao menos
a lembrança do riso seu

Vejo assim e então
que de fato nada
ou pouco mesmo
há de estar perdido

E o que havia, há
E o que se foi, é
Dito sem lábios
Ouvido sem ouvidos

Visto sem olhos
e sentido sem sentido
Num coração prestes
a se perder, perdido.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sinuca da vida




Ora, esta é uma daquelas jogadas
nas quais a vida é especialista
e sua posição é desfavorável
desconfortável, desaconselhável
e por muito tempo foi inimaginável
não se espante.

- Sinuca de bico.

veja que sem parar
as jogadas vão se sucedendo
o jogo vai se desenrolando e
chegará a inevitável hora
quando aquela tacada será inevitável.
Então, giz no taco!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Despedir-se


Das tristes as maiores
não fossem coisas
paridas em encontros
menor seria sua fortuna

Sendo o Adeus
outra face de Olá

Despedir-se
só do que é importante
prerrogativa exclusiva
de quem é desta categoria
mais ainda no ocaso
como tudo na vida

Vida construída em tijolos
de encontros e despedidas

Uma vida
cuja porta de saída não há
lotada encontro após encontro
infelizmente vida não seria
não seria vida
qualquer coisa
vida não!

E o nada receberá
o simples abandono

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ninguém




Hoje eu revivi um sentimento meu
Um sentimento todo ele só
Sentimento que num certo momento
desdobrou-se em si e em outros tantos
e tornou-se sabendo, um desejo
uma vontade como aquelas velhas todas
que em se tornando verdades
mudariam várias vidas minhas
e em não se realizando, no entanto
não mudariam a vida de ninguém, portanto
E assim mesmo não fazem qualquer diferença
Nem mesmo na vida minha
essa que me leva e que me lava

É o estalo da madeira verde no meio da fogueira
Orvalho depositado de leve na relva verde
vem, vai e ninguém vê, só a folha
essa sim uma que ninguém vê

Ninguém viu