segunda-feira, 21 de março de 2016

Investigando o nada


Do concreto mensurável
até o abissal abstrato
ante o subjetivo que repousa
enquanto não se sabe
nada sobre a próxima palavra
na esquina onde o vento faz curva
onde acaba a lua e começa o lado escuro

Quando a rua, ela ficava estreita
e as regras mais e mais duras
as normas procuram pelos normais
e dormem tranquilos o inconformes
conformados depois de tanta luta vã

Fechando os olhos
zanzam os sentimentos
brincando de serem pensamentos
ao mesmo tempo em que os tolos
buscam preencher este mundo de lacunas
tentando o resgate também tolo
dos nossos significados perdidos

segunda-feira, 14 de março de 2016

Garantindo

Preocupados em medir
garantir, prevenir
projetar, planificar
controlar, gerir

Enquanto estiver tudo assim
controlado, esclarecido
e nossas decisões baseadas
nas informações mais precisas

Não será preciso ser feliz

Vamos tangendo a tudo
vendo os acontecimentos desta vida
como uma tropa, uma boiada
e nós com o berrante do impossível

E por ora é o vento
a fazer a onda vir morrer na areia
em uma espuma efervescente
a nossa única garantia



segunda-feira, 7 de março de 2016

De si mesma

Entrou diretamente e pela porta os passos firmes
decididos compenetrados seguros cheios
fixos na cadeira os olhos mal se mexiam
o salão não pode reagir à essa entrada
sua chegada fez a cadeira posicionar-se
sentando suavemente ajeitou-se
o vestido, a bolsa, os cabelos
já à mesa confere o relógio de dourado

- "Vinho" enquanto ajeitava os cabelos
a entrada, salada, o prato
despreocupada a refeição, empoderada, impávida
confere os lábios no pequeno espelho redondo
com os dedos dentre os cabelos, os brincos de herança
sobremesa, água e um café sem açúcar

Fitou o salão solenemente, as cortinas, as mesas, as pessoas
e o senhor garçom com sua gravata
nem débito e nem crédito. Dinheiro
e a gorjeta arredonda a conta
gastou mais dois minutos, confere todo o ouro
os cabelos, os dedos por entre os cabelos e a fivela

Levantou-se suavemente e naqueles passos com que chegou, saiu
fez vento o seu vestido
e o perfume à dançar seguindo-a disse adeus num aceno breve e inesquecível
E foi aquilo mesmo, só mais um jantar consigo mesma