segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Este é um jogo infeliz.

ca.ta.clis.mo (gr kataklysmós) sm 1 Transformação geológica. 2 Grande inundação. 3 Grande revolução social. 4 Derrocada, desastre. 5 Terremoto. 6 Calamidade.

Quero ter mais perspicácia, mais sensibilidade para conseguir ver a vida (bem, este conceito de vida eu posso antecipar aqui que é totalmente relativo, alguns chamam de tempo, de mundo, nossa época, ou apenas um outro modo de encarar as coisas, os fatos, acontecimentos inevitáveis, inabortáveis como o amanhecer de uma noite não dormida, um noite chorada, lamentada, o que se pode fazer em nossa limitação ilimitada é fechar a cortina e cobrir a cabeça) com muito mais olhos.

Esta é numa montanha russa, boa imagem esta, gostei, e nela não se vê o operador, não temos condutor a bordo, somos todos passageiros. Pois bem, talvez isto seja pouco completo!

É como um jogo de futebol visto pela TV, e ao final os times empatados vão às cobranças de pênaltis, cinco cobradores de cada lado, tiros alternados, ao final teremos um vencedor. As cobranças se dão e vão acontecendo: pra fora, gol, na trave, defesa do goleiro, a vão se desenrolando, vão e vão, e você vendo, não se pode fazer nada, nada, tudo acontece e acaba!

É isso, isso é a vida (vou dar este nome, por economia, pois poderia chamar de tempo e coisa e tal.)

Mas eu dizia sobre a maneira de ver isto aí, mais sobre a profundidade a intensidade do que propriamente sobre o modo. E é assim, mas não somente ver mais, mas escrever, falar mais, aproveitar mais este nosso mundo, nosso tempo.

Por vezes tenho a impressão de que posso apreender tudo o que acontece ao meu redor, me sinto no direito de entender conversas alheias sussurradas ao pé do ouvido, de antecipar movimentos e reações de pessoas que não conheço, adivinhar palavras e frases não ditas.

Mas, em compensação, outros dias não entendo nem mesmo meus pensamentos que passam de meio segundo.
Ora escrevo frente à dificuldade de entender, pois, nos dias em que compreendo tudo não escrevo!

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Anotações de agenda

Para nós algo puro como rocha, aço, imutável cruel.
Quem nos dera poder virar as páginas do tempo
Como fazemos com uma agenda.

É certo que somos personagens desta história
Então, como pular ou voltar páginas?
Isto fica a cargo de Deus, ir e vir
Deter todo o conhecimento de uma só vez
Folhar o livro e saber tudo o quanto há de acontecer
Tudo que se passou, e como é que ocorreu.

Não teríamos competência
Gerenciar tanta informação tanto poder
E por isso mesmo não somos mais do que
Andarilhos da linha do tempo.
E vamos, em fila, enfrentando o passar das páginas
Folhadas uma a uma
Em um compasso, que para uns é bom e gratificante
E para outros, algo insuportável.

E vou suportando!
Fim
Mil imagens na cabeça dentro de um segundo.
Sons, cheiros, gostos, tatos, sentimentos.
Tantos toques.

Hoje sinto falta da saudade!

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Referendosim ou Votenão?

“Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia”
William Shakespeare, "Hamlet"

A campanha Televisiva do referendo do desarmamento iniciou-se na virada deste mês, assistindo ao Programa vinculado no último domingo pensei um pouco mais sobre esta questão que já invadiu a mesa do meu jantar.

Sou presidente de uma das milhares de mesas receptoras de votos que serão armadas por todo o pais, tendo pois participação logística direta no sucesso, ou não, da escolha do sim ou não, minha opinião neste caso não é importante, a questão é outra.

Lemos, ouvimos, conversamos, e vemos muita coisa ultimamente sobre este assunto, que sabemos, vem em péssima hora, pois, nossas atenções deveriam estar voltadas inteiramente às investigações das CPIs que borbulham em Brasília, mas o abacaxi está aí e não podemos nos furtar de opinar sobre a questão (mesmo porque é obrigatório). E o caso é este: o conteúdo utilizado pelas frente que defendem o 2 ou o 1, o não ou o sim, o proibir ou liberar, os mocinhos e os bandidos, assim mesmo, bem maniqueísta.

Eu sei, seria de um idealismo utópico extremado imaginar que os envolvidos teriam a intenção de descobrir a melhor solução a população brasileira nesta questão, mas o que está acontecendo já passa demais dos limites. E faz pensar que há mais coisas aí do que se imagina.

Os mocinhos ficam apresentando os números e pesquisas de estatísticas que estão ao seu favor querendo mostrar que a proibição (o sim) é o melhor. E os defensores dos indefesos desarmados bastam-se em chover no molhado questionando, desde a liberdade contra proibições quaisquer, até a injusta distribuição de renda chegando nas desigualdades sociais brasileiras. Mais do que a favor do não, eles são contra o sim, e mais do que pelo sim, os outros são contra o não.

O que mais incomoda é a mimese da campanha para cargos eletivos, o tom no qual as campanhas tocam suas fanfarras, só falta chamar de burros quem não concorda com eles.

Pois bem, eu tinha evitado este assunto em minha pena, mas vendo o que ocorre ao nosso redor não poderia deixar de fazer o que meus companheiros já fizeram, atentando ao assunto, dando minha humilde contribuição ao caso e expondo meu pensamento de modo que ainda não havia visto.

Deixei de lado coisas que já vimos por aí: O preço do referendo, o real nível de influência na decisão final, os interesses políticos e financeiros, que suplantam os sociais, e até o nome da deputada Maria Lúcia Cardoso do PMDB de MG que, se não consta, constava na lista de apoio do sim e do não ao mesmo tempo!

É tempo de atender ao chamado, ir lá e fazermos nossa pequena parte, esperarei lá meus mais de 240 eleitores ao voto, ou então não vá, justifique, ou ainda não faça nada e pague a multa de R$ 3, dá na mesma!

terça-feira, 4 de outubro de 2005

A prateleira de baixo

Cruzei a cidade, calçadas, ruas, avenidas
Paradas
O pensamento já sabia, queria ver lombadas
Chegando, três andares que se chama cultura moderna
Cds, eletrônicos, revistas, livros
Tecnologia informática
Vitrines bem arrumadas e iluminadas
E dizem: FOTO – VÍDEO – SOM
Livros no terceiro andar!
Administração, auto-ajuda, culinária, direito
Esportes, infanto-juvenil, música, política, turismo...
No corredor do meio, numa gôndola que trunca a passagem:
- Envernizado, tamanho grande, ilustrado: “A Vida dos Famosos”
Uma pilha deles, não baratos, mas como vendem!
Preenchem vazios, alimentam sonhos vazios, são acessíveis
Mover valores financeiros não importa o quanto
Contanto que não exijam de nossa cabeça.
E na prateleira sem nome que posso chamar de Grandes Autores ou Clássicos
Ou ainda Literatura – preço único: 3 Reais.