sábado, 30 de julho de 2011

Eu não sei

Não sei fazer canções
Mesmo assim queria
Fazer você ouvir
Como é que canta a emoção
Enquanto penso você

Não sei lidar com tintas
Mas ainda é meu desejo
Fazer com que veja
Todas as cores impossíveis
Dos meus sonhos de você

Não sei esculpir mármore
Nem moldar bronze
Quem dera mostrar
Forma e volume em pura harmonia
Que meu olho só realiza em você

Faço mesmo sem saber
Versos de pé quebrado
Rima que rime não na boca
Mas que se aquieta sob você
Nos ecos do coração

terça-feira, 19 de julho de 2011

Se você, eu


Se você chuva eu arco-íris
Se você vento eu cata-vento
Se você jardim eu borboletas
Você tempo eu passatempo

Quando você riso eu lábios
Quando você pranto eu lenço
Quando você corre eu pressa
Você pensou eu já sou

Se você sol eu girassol
Se você flor eu beija-flor
Se você noite eu meia-noite
Em mim noite inteira

Você dia eu lua e estrela
Você o encontro eu o caminho
Você esperança eu à espera
Você festa eu alegria

Sempre você eu volta e meia

Se você teoria eu teorema
Se você poesia eu poema

quinta-feira, 14 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

Vida de domingo


Domingueiramente
Preguiçosa pachorrenta
Sem propósito sem assunto
E besta com ela só!

Nada de novo
Superfície e nada mais
Coleção orgulhosa
De sentimentos insossos

Sobrando tempo
Espaço na cabeça
A alvitrar algo novo
Intento inútil hoje

Alguma coisa boa somente
Se uma lembrança sua
Em seu sorriso
Aquele de covinhas

sábado, 9 de julho de 2011

Paixão confusão


O pecado de estar apaixonado
Neste afeto violento que afeta
Impulso que dispara o pulso
Imprecisamente preciso
Que nesse sentimento
Empenha todo sentido

Arranjo desarranjado dum perturbado

História de uma verdade
A confundir-se no remoque
Das amarras que libertam de uma vez
Num livre desejo de estar preso
Impressão viva de que morreria
Nessa lama, nessa louca lucidez

Pecado maior seria rechaçar a beleza
Negar-se a afagar
Quem no colo te deita
Cuspir quem vem te acarinhar
Morder a quem te beija

Paixão mote, verdadeiro fogo
Leve tempestade ventania que me avança
Florida terra arrasada, fim de jogo
Pra um coração sem qualquer lembrança

Do que se foi antes de acontecer tanta coisa!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Escapo

Escapo do mundo
Das coisas e pessoas
E eu escapo

Escapo de mim
Vou lá pra ser
Tanta coisa importante que fica
Quando o desejo
De bater a porta
Pra gente se olhar em silêncio
A pensar levemente
Num mundo inteiro

Em breve pausa, lá fora

Na espera do destrancar
Da Porta abismo de minha fuga
Da tranca do tempo

O que me demoveria?
Se me falta o ar
E sem você nem sou eu mesmo

Num quarto, no escuro
Só vivi e sobrevivo
E só escapo em você

domingo, 3 de julho de 2011

Quem é você?

Quem mais poderia
Acender as luzes desta forma?
E me tirar do meu breu

Quem mais poderia?
Aliviar assim toneladas
Num único sorriso

Um sorriso que dá com os olhos
Numa preocupação
Irritantemente genuína

- Quem?

Se n'algum dia
Eu puder descobrir
Quem é você?

Que é assim?
Sem pernas e sem asas
Corre e voa, e voa e corre

Que diz que aprende
Mas que não pára de ensinar
Terá sido bom

Mas não saber
Quem sabe? Não sei!
Seja melhor