sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pena


Deve ser o frio
mas pode ser a chuva

Pode ser a saudade
ou ainda o desejo

Quem sabe seja o céu
ou o mar infinito

Fica ali entre o vento
e a asa, talvez

Entre o topo do firmamento
e a base o horizonte

Ou na vassoura do gari ou
nos guardanapos do Fasano

O frio, o arrepio

Vagando entre a história
e a completa mentira

Alguma coisa assim
Fome, vontade de comer

O útil e o agradável
Sede, vontade de beber

Nalgum lugar dentro
da nuvem brilhante ao sol

Pintando a tarde
Duma cor morna

E de alguma forma secreta
faz valer a pena
A Pena.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Naturalmente


As vezes a vida oferece
outras ela obriga e
fica por nossa conta
atender ou omitir-se
diante da natureza

Natureza viva que vive
muito longe das paisagens
não conhece o bucolismo
lagos, cachoeiras, campos
e florestas não viu

A natureza em estado puro
assim dentro da gente
e a gente que sente
mais do que deveria

Natureza da dinâmica
dos humores, da mecânica
das coisas e da pressão
que aumenta e alivia aqui

Engenheiros de tudo isso
ficou a nosso encargo
encarar a mestragem
desta obra até a cumieira
desde as fundações, natureza
em extinção, natureza humana.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Desimportante


Poeta e esta
grande criatividade
e esta invenção
este engenho todo
e a imaginação
esta inspiração
que te sufoca
te pune te acusa
e te espreme
o que te exprime
e oprime e engana
sem dó

E absorve sem paga
e exige o que você
não tem pra dar
e que te rouba para
o sono e sonho enquanto
a vida passa insone

E quando vai e finge
dizendo não voltar
ainda sim aprisiona
te submete e capricha
no peso dos grilhões
e aqueles nós cegos
surdos mudos, burro.

És triste, Poeta?

Subjugado cativo
ferido cansado Poeta
vivendo de esperanças
em conta-gotas
não reage e ainda
pergunta: pra quê se
consegue pensar, esse luxo

Criativo inventivo
engenhoso burro imaginativo
inspirado triste
Poeta afinal
Poeta no final