terça-feira, 18 de abril de 2006

Grandes encrencas.

"Se eu tivesse achado por um segundo que isso acabaria assim, jamais teria cogitado a hipótese de acompanhar estes malucos" pensou ele rapidamente. Sua vida era tranqüila no vilarejo onde vivia não se
Destacaria dos demais aldeões se não fosse pela sua inteligência e astúcia além do trabalho que fazia: afiar e testar facas e espadas, na verdade ele apenas reformava armas velhas, mas em seu interesse em brandi-las contra o tronco de grandes árvores, o fez musculoso e hábil com a espada. Hábil contra árvores pelo menos!


Por conta de seus testes, acabou desenvolvendo uma habilidade peculiar para lidar com cada um dos diversos tipos de espadas, adagas e de vez em quando uma lança ou tridente. Conhecia o corte de cada uma e o jeito de desferir golpes eficientes, que às vezes partia troncos grossos como se fossem os gravetos que quebrava para fazer as fogueiras nas noites frias de inverno.
 
Era outono, as folhas estavam todas caiam no chão formando, na entrada da vila, uma espécie de tapete de retalhos com diversas tonalidades do marrom ressecado sob as grandes copas dos carvalhos.


A despeito da tranqüilidade em sua terra natal, o mais perto que já chegara de uma aventura, foi fazer negócio com os caçadores de tesouros, e todos eles de reputação duvidosa, formada pelas histórias ouvidas no Outeiro Dourado a taberna da vila. Agora se encontrava em companhia tão aprazível quanto estar na jaula de um urso, em meio, se não o próprio caçador de tesouros.
 
"Não há mais caminho de volta", alternou o pensamento do Tapete outonal com a preocupação de estar às portas do conhecido por aquelas bandas, Calabouço dos Ossos.
Era um grande portão de mogno do sul. Um tipo de madeira dura e enegrecida, muito usada pelos corsários para construir suas embarcações.
Ainda era possível ver marcas de antigas tentativas frustradas de romper o imponente portão, o qual não tombou diante de nenhum exército ou rei. Havia no imenso portão alguns crânios encravados e não havia nenhuma alça, ou ferrolho que fizesse com que o portão abrisse por fora. As dobradiças também não eram visíveis.
"Enfim chegamos". Abandonou definitivamente o assombro em forma de lembrança, não mais pensaria na já distante Vila dos Carvalhos, só queria buscar um lugar para recostar a cabeça e tentar dormir um pouco, havia sido dura a jornada, quinze dias a cavalo pelo vale, e mais três a pé na subida da montanha. Mal sabia ele que estava tudo por começar!


O seleto grupo era formado por todo tipo de homem, guerreiros, carregadores, escudeiros, arqueiros, e uns tipos estranhos de capa, de certo mesmo somente que nenhum era confiável, até agora ele não era capaz de se lembrar porque tinha aceitado embarcar nesta loucura. Mas não era este sua preocupação no momento, queria mesmo era dormir, dormiu.
 
Estava sendo uma noite agitada e mal dormida por causa do cansaço da subida. Além de acordar às vezes com um estalido da lenha verde que ardia


na fogueira improvisada ou uma gargalhada de algum dos outros homens, tivera de se retorcer para encaixar o corpo em uma posição onde as saliências do solo e as raízes não cutucassem suas costelas e as costas à medida que ia se mexendo.

Às vezes chegava a abrir o olho e numa visão embaçada, via pela luz bruxulear da fogueira, agora quase em brasas, os homens no turno da guarda enquanto os outros dormiam nas mesmas circunstancia em que ele se encontrava.

De súbito, num sobressalto foi acordado pelo que parecia ser um enorme grupo de seres os quais não teve tempo de identificar, pois ao dar conta do que ocorria, foi desacordado por uma forte pancada na cabeça. "Eu sabia que não deveria ter aceitado aquela proposta", pensou sentindo a pancada, pouco antes de cair desacordado.

...Não sei se continua...

terça-feira, 11 de abril de 2006

Haverá

Haverá sempre

Uma questão aberta

Um pensamento

Despropósito



Haverá sempre

Alguma coisa dentro

Lá no peito fincado

Angústia



Haverá sempre

Um desentendimento

Um mal entendido

O desesplicado



Haverá sempre

Uma palavra dizer

Um desejo

Beijo



Haverá sempre

Apenas uma escolha

Certo ou errado, talvez

Excêntrico



Haverá sempre

O desperdício, ócio

Malefício, vício

Bendito benefício



Haverá sempre

Algo que não combina

Quem sabe estará aí a sina?

Aquilo que não rimou



Haverá sempre

Outra estrofe

Que não se repete

Repete-se



Haverá sempre

Opostos brigados

Opostos atraídos

Aposto que sempre



Haverá sempre

Um domingo preguiçoso

Uma sexta apressada

Um verso quebrado



Haverá sempre

Sentimentos insistentes

Um por de sol alaranjado

Anseio de justiça nos trópicos



Haverá sempre

A corrida pelo oeste selvagem

O ouro dos bandeirantes

O mundo de Zapata



Haverá sempre

Um táxi ocupado

A mulher namorada

Beleza que hiberna



Haverá sempre

O fim

Meio

E o início.

terça-feira, 4 de abril de 2006

Propostas para um Brasil melhor: Educação.

Será chover no molhado propor coisas para que nosso país possa alcançar o futuro da frase “o Brasil é o país do futuro”? Pois como parece óbvio vivemos num país que não existe no tempo presente, quiçá existirá no futuro e ao que parece, contrariando a ordem natural das coisas, o futuro se distancia mais e mais ao invés de aproximar-se de nós.

Se compararmos o Brasil dos anos 50 com a Coréia do Sul deste período e fazendo isso hoje em dia, poderemos ter uma breve visão da involução brasileira neste últimos anos.

Não proponho uma visitação livre aos números destes países apenas para a ciência de tudo o que este bando que nos governa fez para nosso prejuízo, mas quero chamar a atenção aos motivos que fizeram a Coréia do Sul saltar de barracos de teto de palha aos maiores arranha-céus do mundo.

Um segredo que todo mundo já conhece e que pode ser definido em uma simples e elementar palavra: Educação. Somente com o investimento maciço, sério, comprometido em educação que um país pode se tornar uma nação, e um povo pode vir a ser uma sociedade.

Sem formação educacional básica o homem facilmente pode ser manobrado, logrado, iludido. Uma pessoa sem estudo jamais poderá, em condições normais, ver além do que a aparência superficial marketada que um discurso político oferece como verdade, e infelizmente este é o retrato do povo brasileiro.

Fortemente dilapidado nas últimas cinco décadas o sistema educacional brasileiro fez o caminho contrário do que seria lógico piorando e muito, e aquele ensino público de nossos avós, que era preferido ao ensino privado, hoje em dia quase não existe em termos de qualidade, e não tem a mínima condição de formar pessoas para se tornarem cidadãos conscientes de seus direitos e obrigações.

O início destes cortes e remendos aconteceu no conteúdo, com o corte de matérias consideradas inúteis, na verdade perigosas aos grandes interesses, como filosofia e psicologia e a introdução de matérias como EMC – Educação Moral e Cívica, e EPB – Estudo dos Problemas do Brasil, estas últimas bem mais controladas e de conteúdo monitorado pelo governo militar da época, governo interessado não só em dirigir o país, mas também a cabeça do povo a fim de se perpetuar no poder e ter total liberdade de operar seus mandos e desmandos sem ter que dar satisfação a ninguém. Afinal o povo educado desta forma não sabe pensar por si mesmo.

Destaque-se que não é somente a dilapidação de conteúdo que faz o estudo dado à nossas crianças sofrer, mas também a progressiva elitização que forma um funil estreitíssimo deixando a universidade, seja ela pública ou privada, definitivamente inatingível para a grande maioria da população, cada qual com seus critérios de exclusão.

Outro ponto importante de apodrecimento são as escolas sucateadas e os professores muito mal pagos além do baixíssimo ou nenhum investimento em pesquisa que obriga aquele que, contrariando todas as possibilidades, teve competência e sorte de se formar com excelência no Brasil a trabalhar no exterior, carregando consigo todo o investimento brasileiro, todo o conhecimento acumulado, gerando riquezas fora daqui, deixando a nossa situação ainda pior.

A solução para esta questão é simples mas não é fácil.

Somente a eleição dessa questão como prioridade política filosófica financeira permitirá ao país pensar em acabar com o caos que nossos governantes há gerações insistem em ignorar, e a reversão de tudo o que foi feito, e fazer tudo o que não foi feito por nossa educação.
Penso que isto seja a mudança de base para iniciarmos a caminhada que nos levará ao tal futuro. Este é um processo de pelo menos 50 anos!