segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Em posição

Encarar a realidade de forma serena
 
Evitar sobressaltos evitáveis
Não criar novos problemas
 
São tantos, pra que mais?

Respirar sem desafinar
Colocar legendas em todas as fotos

Fazer questão de entender cada verso
 
Decorar toda a letra da canção e cantar

 
Abrir bem os olhos, ver, ouvir e sentir
O rodear do ar e tudo o que vem com ele

Buscar saber do que é feita a flor
 
Não querer saber do que a dor é feita

Respeitar diferenças respeitáveis
Desafiar limites desafiáveis

Certificar-se das regras
 
Entender o tom


Escolher estar e permanecer
Perceber a diferença que há nisso
Não deixar de acreditar

São tantos os verbos certos, meu Deus!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Ou vai ou racha.

Pode ser um poeta feliz? Viver pleno e com poucos conflitos? Ou será que a tradição é tão forte que não permite, em suas mãos de aço milenar, que o gênio possa produzir estando pleno de si, de sua visão e sentimento perante o mundo? É a tensão o combustível fundamental para a boa produção literária? Especialistas em questões, e como sou repetitivo em citar cito Quintana que disse serem mais importantes as perguntas certas do que as respostas certas e sem saber assim ele aquietou várias questões inquietas em minha alma, os homens, estes sacos de problemas, em outra digressãozinha posso comentar que vários destes problemas não existiriam se não nos preocupássemos tanto com a profilaxia, se alimenta em sua alma das questões e tensões criadas por uns e resolvidas por outros, e algumas jamais decifradas. E ficamos nesta masturbação mental pra citar Gabriel, sem, no entanto, em algumas oportunidades, chegarmos ao gozo de modo algum. Fico feliz em não ter prometido respostas, garanto apenas perguntas! Mas tenho estado feliz e repleto. Seria isso motivo de vergonha para alguém que se diz, ou se acha crítico e consciente daquilo que nos rodeia corpos e cabeças? Outro dia disse que havia encontrado a Paz, disseram-me que isso era sinal de conformismo e de um comportamento como o do gado que caminha para o matadouro, cabisbaixo, quieto e passivo ao cutelo afiado. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão quanto a isso, opiniões todos têm, ou deveriam ter. O fato é que cheguei lá, estou assim em paz e pleno, agora basta ver como é que se comporta minha pena frente a esta realidade. Tenho colocado minhas lições em pratica, concentro-me em aquilo que ocorre em meu redor, ouço e vejo humilde. Há bem pouco tempo, eu resolvi parar de escrever, ia abandonar a pena, sentia minha garganta estreita, minha língua áspera, não estava nada satisfeito como as coisas que fazia ao papel, não o achava merecedor de tão profundo destrato. Mas enfim, estou eu aqui novamente ferindo com a pena. Não tive coragem de abandoná-la. Não sei na verdade o que espero disso, e se espero alguma coisa, ou se devo esperar algo, enfim. Vou observar quanto mais hermética fica a escrita com a presença de felicidade, pois ao que parece este é o caminho que as coisas estão tomando. Vai chegar o ponto em que o colapso será inevitável, o que vai espirrar quando tudo explodir é a única coisa de que ainda não sei bem certo, de qualquer modo, vou me sentar confortavelmente e ver no que vai dar, como quem assiste a um desastre de trem.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Perdido

No embaraço da perda

O lusco fusco reluz

Limbo doura-se

Ivalorado se supera


Aquela certeza habitada e desalojada

Deixa somente dor

Ardor

A dor de ver

O que era seu deixar de ser o que se foi


O bronze que se perde brilha mais do que o ouro que se tem