terça-feira, 14 de julho de 2009

Um poeta bobo


Isso é o que sou
Poeta não sei
Bobo certamente

Não uso rimas
Evito vírgulas
Faço conjecturas intrincadas
Referências fechadas

Gosto dos Modernistas
Admiro ficcionistas
Volta e meia vou à dicionários
Escolho a palavra escolho e Escolho

Bobo...
Inverto a ênfase
Separo as estrofes depois junto
Troco uma e ninguém repara
Extirpo outra, você viu?

Minto um pouco
Também escondo e exagero
Timidamente mostro os meus rabiscos

Poetas são bobos mesmo
Escrevem o que ninguém entende
E se escrevem pra todo mundo entender
São bobos também por isso

Já foram perigosos, evitados
Admirados e ouvidos oráculos respeitáveis
Convivas do inferno
Mecânicos da máquina do mundo
Viram o que astrônomos não viam
Curavam o que os médicos não podiam

Já foram detestáveis
Censurados policiados perseguidos
Hoje não passam de bobões

Bobos, mas só eles se aproximam de
Saber o quanto suporta um coração

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