quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Na ponta do caminho



Peço que compreenda
Nem precisa concordar
O que, aliás, seria demais

Quanto já andei nessa estrada
E queimei sob esse firmamento
Credenciado pela jornada
Atrevendo a entender o ar
Existe mas não se vê
E o tanto de coisas que se vêem
E que não existem, eu tento

Dá licença pr'eu falar
Do que calejou
Estes pés de sentimentalidades
Crivada de mil motivos
Pra se desistir de tudo e de si
Assim por nada

Abri mão, abro mão
Minha destra fosse o caso de prova
Do que diz toda esta trova

Minhas roupas
Trazem em si, rôtas
Cada pedra, cada curva
Cada buraco, cada cavaco
Cada cansaço, cada meio-dia
Cada subida, toda descida
E a desesperança desse meu caminho

De calçados gastos
Cheios de coisas pra contar

Das coisas que me trouxeram até aqui
O que me carregou pra sangrar aqui

Dá licença d'eu sujar o teu chão
Dá licença d'eu morrer aqui

Sua fresca soleira de entrada
E o teu capacho limpo 
-Bem Vindo.

Um comentário:

  1. Sua visão, minha visão...
    Que o nós possa prevalecer apesar da enorme pedra no nosso caminho!

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