segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Flash

As coisas as quais penso
Ninguém pensa
E se passam pela minha boca
Nem mesmo penso eu

Muitas, talvez algumas vezes, perdemos a oportunidade de produzir alguma coisa boa, ou ao menos algo perto disso pelo simples fato de que não temos um papel pra anotar na hora em que elas surgem.

Pois elas surgem como espinhas, mas ao contrário destas, aquelas se não forem espremidas desaparecem. O que é uma pena, tanto para as espinhas quanto para as poesias.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Escrevo pelos maus poetas


Não escrevo por mim ou por você
Aliás, se há alguém por quem não escrevo
Esse alguém é você 

Não escrevo pelo Amor
Nem pelo Ódio, rancor ou raiva 
Nunca pela saudade, ou dó 
Nada disso me deu motivo

Escrevo não para ser reconhecido
Estudado analisado dissecado, não! 
Escreveria então pra mim 
Eu não existo

Escrever pelos maus poetas 

Pelos bons Poetas eu morreria
Eu morro!
Os bons jamais morrem 

Saber que se pode ir além
Em uma simples inversão
Uma Inversão Simples, a Subversão 

A escolha apurada da palavra 
Cada uma delas merece atenção 
Tal que os maus e eu não sabemos dar

Não vou, mas se eu fosse 
Subindo às nuvens escuras da pretensão 
Escolher um motivo para escrever 
Escreveria pelos maus poetas

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Liberdade Vigiada

Fique à vontade

Saiba que estou te vendo

Não há um canto aí onde eu não te veja

Mas não se preocupe, eu cuido de tudo

Aí dentro pode ir onde quiser

Sente e se recoste, deite-se

Podes chamar seus amigos

Organize uma festa

Sinta o que quiser sentir

Se precisar de alguma coisa estou por aqui


Sempre estarei por aqui

Não saio daqui

Aliás, aí pode ir e vir

Não sei se já te disse, aí tudo é seu

Aí dentro pode fazer o que preferir

Durma um pouco

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

À espera do próximo passo.

Quando pensamos que acabou
Surge algo que se parece com nada
O estomago congela

 
Expectativa pelo próximo movimento:
Movimento que tem tanta chance de acontecer
Quanto de não acontecer
Várias voltas me dizem
Que nem sequer houve o primeiro

 
Mas se houve um aqui dentro
Já há motivo de se lamentar
E o pior de tudo isso
Há então motivo para se esperar

Esta espera cadeia
Grilhão inquebrável encerra o pensamento
Na ponta da corrente a bola de ferro chama-se Esperança!
Pesa pés e mãos, coloca um nada como sentimento

 
Esperança desesperada
Esperar no caos não é mais do que isso

Meu único inútil alimento


É te provocar.

domingo, 1 de outubro de 2006

Eu mesmo

Como eu faço para ser o outro?
Agir como o outro?
Vestir-me como o outro?
Andar como ele?

Quero ser o outro e falar coisas belas
Viver entremeado a elas como se fossem verdades
E acreditar
Acreditar, quero acreditar que pode ser
Que pode ser além, que pode ser maior
Acreditar que posso pensar além da margem

Dar às idéias peso tal que flutuem
Assim como o outro faz

Desisto de ser quem sou, quem era
Por ora não sou o outro
Mas também não sou o mesmo!
Prefiro o hiato, o nada, o não ser
Vou à busca do caráter do outro
Terei a mente do outro. Eu pago!

Palmilhando o caminho da mudança
Faço planos para a roupa que vestirei

Com que perfume sairei
O outro é tão mais bonito do que jamais serei!