Alimentam nossas esperanças
Querem manter o queixo pesado apontando para o horizonte
O mais longínquo e mais atraente
O ferrolho do mês é feito de bronze
O cadeado do ano é de prata
A fechadura de uma década é puro ouro
Valores meticulosos fixados pelo mercado
É o capítulo que fica atrás
A página que jamais volta
Contar o passar do tempo
Criação cruel do homem
Coisa mais clichê!
Suas rápidas e afiadas divisões
Engrenagens assassinas se você pára no caminho
Segundo encaixa-se no minuto
Minuto que trabalha com a hora
Hora rodando junto com o dia
Dia e mês sempre bem azeitados
Mês que faz andar o ano
Este esquema infalível é até bonito
Quando não fizermos tal diferenciação
O dia primeiro será janeiro
Cada janeiro será o ano zero
O fôlego de renovo deixará o queixo leve e aprumado
Mas os eixos fora de centro
Fazem variar de modo que não dá pra acompanhar
Não nos permite entender ou acostumar
Sempre esmagam pés e cabeças
Aqueles que se acham adaptados
Trazem o marechal no pulso e o coronel na carteira
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