segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Um Réveillon


Ciclos sempre feitos
Alimentam nossas esperanças
Querem manter o queixo pesado apontando para o horizonte
O mais longínquo e mais atraente

O ferrolho do mês é feito de bronze
O cadeado do ano é de prata
A fechadura de uma década é puro ouro
Valores meticulosos fixados pelo mercado

É o capítulo que fica atrás
A página que jamais volta
Contar o passar do tempo
Criação cruel do homem

Coisa mais clichê!

Suas rápidas e afiadas divisões
Engrenagens assassinas se você pára no caminho
Segundo encaixa-se no minuto
Minuto que trabalha com a hora

Hora rodando junto com o dia
Dia e mês sempre bem azeitados
Mês que faz andar o ano
Este esquema infalível é até bonito

Quando não fizermos tal diferenciação
O dia primeiro será janeiro
Cada janeiro será o ano zero
O fôlego de renovo deixará o queixo leve e aprumado

Mas os eixos fora de centro
Fazem variar de modo que não dá pra acompanhar
Não nos permite entender ou acostumar
Sempre esmagam pés e cabeças

Aqueles que se acham adaptados
Trazem o marechal no pulso e o coronel na carteira

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