terça-feira, 21 de julho de 2009

Nós e o tempo



Ficar com você...
Naquele instante
O mundo lá fora poderia acabar
Com certeza o tempo parou
Parou só por um segundo

Rápido como sempre, voltou a andar

Correu, correu contra você e eu
Sem deixar rastros, tão rápido!
Nem a poeira teve tempo de se levantar

Parecia até nosso cúmplice

Se portava como um amigo
Por um minuto confiei nele
Que erro o meu!

Mais rápido do que um pensamento

Antes que eu pudesse dizer
- Eu te amo
Ele fez o que sempre faz

O mundo lá fora nem se abalou

Em meu desejo de que ele acabasse
O mundo é cruel, cruel porém fiel
Fiel aos seus pricípios
Sempre leal a eles

O tempo se vestiu de cordeiro

Traidor, nessa pele branca
Escondeu suas pressas ferinas
Só pra me morder e me tirar de você

Traidor, Jogou meus restos ao mundo

Que em seu papel faz o que sabe melhor
Mastiga o que sobrou e cospe
Cospe no prato da Vida Real
Ela engole

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um poeta bobo


Isso é o que sou
Poeta não sei
Bobo certamente

Não uso rimas
Evito vírgulas
Faço conjecturas intrincadas
Referências fechadas

Gosto dos Modernistas
Admiro ficcionistas
Volta e meia vou à dicionários
Escolho a palavra escolho e Escolho

Bobo...
Inverto a ênfase
Separo as estrofes depois junto
Troco uma e ninguém repara
Extirpo outra, você viu?

Minto um pouco
Também escondo e exagero
Timidamente mostro os meus rabiscos

Poetas são bobos mesmo
Escrevem o que ninguém entende
E se escrevem pra todo mundo entender
São bobos também por isso

Já foram perigosos, evitados
Admirados e ouvidos oráculos respeitáveis
Convivas do inferno
Mecânicos da máquina do mundo
Viram o que astrônomos não viam
Curavam o que os médicos não podiam

Já foram detestáveis
Censurados policiados perseguidos
Hoje não passam de bobões

Bobos, mas só eles se aproximam de
Saber o quanto suporta um coração

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pobre Marinheiro


Nunca me enganei sobre sua periculosidade
Seu perigoso abraço de mil braços
Beijo eletroimã de uma tonelada
A capacidade infalível de me hipnotizar

Dedos longos e pele macia
Cheiro inebriante limita minha visão
Embriagante água que me escorre pelo queixo
Tudo me leva a você, Górgona mortal

Suas idéias e suas palavras
Esse olhar petrificante
Da profundidade de seus calabouços
Nunca fui desavisado

Prevenido incauto fiquei ao seu alcançe
Por mais que me debata
Canta Garganta de flauta
O canto de sereia que me comanda

Não há mastros ou cordas que me detenham
Hoje sou cativo seu. Liberta-me Medusa!
Envenenado sou livre e enjaulado
Mais uma estátua em sua coleção

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um sentimento antigo

Tenho um sentimento antigo aqui comigo
Uma coisa que é confusa, misturada, parece pequena
Mas vejo que é pequena como uma pérola
Um diamante pequeno mas pelo que vale pode tomar vulto
Pode se transformar, crescer, florescer em amarelo
Se mostrar em tudo o que realmente é

Não sei bem onde posso encaixar isso
Pensei em jogar tudo pra ar e me livrar das amarras
Vender o diamante, transformar ele num apartamento
Numa viajem pelo mundo, num carrão de luxo
Simplesmente viver este proibido que é tão bom.
Viver, voar, subir alto, mais e mais alto
Ir ao encontro do infinito
Decobrir por que lá tudo se parece com o que queremos
Poque lá tudo é mais bonito

Olhando assim se parece com egoísmo
Mas sabendo como se move se vê
O egoísmo não se dá desse jeito
Por vezes dá pinta de desejo apenas
Mas se sabe que o desejo apenas deseja e isso é mais
Quando penso que é só paixão, lembro-me:
A paixão não pensa

Esse sentimento, sem nome, sem rosto
Que não sei de onde vem, nem pra onde vai
Esse que nasceu sem se plantar como capim
E agora ocupa o jardim do meu coração
Esse é só seu, só sei que é seu. Serve?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Não se engane.

Porque você está aí onde está agora?
Não está na China ou em Lima?

O que amarra, o que impede?
O que te guia?
Quem manda?

Qual é a força motriz?
A mais forte, convincente?
Que exerce mais pressão?

Vem de fora ou é de dentro?
É conhecida? Conhecível?
Qual pensamento comanda essa força?

É vela ou é âncora?
É Acelerador ou é freio?

A vontade onde fica? Onde vai?
É cego o nó? É laço que se pode desfazer?
Tem ponta? Quem a puxa?

Quem escolhe as escolhas desta vida?
São optativas? São obrigatórias?
Alternativas ou dissertativas?

Ao deparar a bifurcação.
A Anarquia ruge urgente leão.
Não se engane, a escolha não é sua!