Descobri um monte de
coisas sem você
Sem você eu conheci
tudo que eu conhecia
Sem você vi
o que eu já via
Sem você senti
aquilo que eu já sentia
Sem você vivi
coisas que eu vivia
Sem você andei
por onde eu já ia
Perguntas todas lindas
uma a uma, sem dó respondidas
Pareceu haver mais azul
no azul do céu azul
de qualquer chuva
E um branco mais branco
como daquele sabão em pó
no sorriso mais brilhante
do anúncio do creme dental
Sem você era eu enfim
mesmo sem você ainda
havia mim em mim mesmo
e minha definição de mim
enfim se redefinira
E pereceu o fim
Descobri outras tantas
coisas sem você
Sem você eu conheci
conhecia mas não sabia
Sem você vi
via mas não enxergava
Sem você senti
sentia mas não percebia
Sem você vivi
vivia não, sobrevivia
Sem você andei
Mas o caminho eu não fazia
Minhas respostas tolas
dizimadas ainda na trincheira
E este azul encinzentado
do céu chumbo enventaniado
e uma chuva sem esperança
E o branco tão branco
Sem sal, sem açúcar
no sorriso assim brilhante
amarelecido naquela foto
Sem você eu fui eu de fato
todo o mais esteve no mesmo lugar
o todo e de mim em mim mesmo
minha definição então
redefinida de novo em você
E que venha o fim.
O nós, não sobrpõe ao eu.
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