segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Poeta

Olavo Bilac
Sempre ou quase perfeito
sinônimo de bobo
visionário, vislumbrado. 
Alienado, sonhador

Pois é que de verdade 
o sonho que não tem
por trás de de si
um poeta nunca será
um sonho completo, de verdade.
Nem poderá um dia sequer
sem seus devaneios
flertar com a realidade
sequer com a sombra dela

A realidade tão dura como é
não seria nada, não que ela seja
do que é ou do que se parece hoje
sem os olhos do poeta

Poeta que quando pode
se é que pode
abre mão de sí mesmo
de seus sonhos e sai
de sua realidade para 
olhar com os olhos
que não são seus
a um mundo que simplesmente
não o conhece em nada

Esse é o poeta.
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A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
- Olavo Bilac

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