segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Suspender

Vladimir Kush
Encontrei uma meia página em meu caderno, numa página do passado, um espaço bom para escrever, só que para minha surpresa e eu nem sei por que ainda fico surpreso com estas coisas, não havia nada para escrever.

Rapidamente pensei num motivo, eu que não busco respostas quis uma ali, instantânea, naquele milésimo de segundo. Achei, rápido ainda, que poderia simplesmente já ter, até ali, escrito tudo e que enfim encontraria o fundo de minha alma em abismo; mas que pretensão a minha, tão funda quanto esta alma quase.

Poderia ser, quem sabe, hora de voltar e buscar outra saída já que por mais que busque até hoje nem um vento fresco que me indicasse que estou no caminho certo de saída me ocorreu.

Ainda ocorreu-me que uma inédita vírgula em minha jornada se levantara e um descanso descompromissado desta busca então teria eu, ledo engano outra vez, olha eu aqui!

Então assumi a alternativa que se mostrou, ao menos a mim, ser a mais coerente, coerência esta doença incurável da qual padeço, um momento em que a escuridão se adensa não permite descanso e nem continuação da busca tão pouco qualquer fim ameaça anunciar-se.

Por ora a minha genial engenharia d’alma inventou: Será então a suspensão de tudo, da esperança, da busca, da manutenção da sanidade, é uma apnéia. Com os olhos abertos e nada, tudo suspenso.

E ainda e sempre, nem sinal de saída.

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