terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ao poeta apaixonado



Um dia ele acordou por acordar
de um modo como queira
sem barulho, sem sobressalto

O dia era o mais belo jamais visto
jamais lembrado, pelo menos
um lindo dia para enganar-se redondamente

Sua disposição era diferente aquele dia
coragem, determinação, ousadia
ousadia tanta que ousou em sentir Alegria

Em meio a tantos ventos favoráveis
foi além e decidiu abrir mão
desapegar, dispensar, livrar-se

Pensou em nunca mais paixão
sonhou e, realizar o impossível
num dia com aquele seria possível

- Não é possível que não!

Escrevera então como acordara
por si só, sem motivo, sem motor
voaria, sem asas ou sem vento mesmo

Libertou-se então
saiu feliz na rua descalço
peito aberto, ao sol, ao ar, à vida

Depois frente a pena e a folha
inclementes feras famintas
redescobriu-se, bobo.

Voar sem asas
num céu sem ventos
O poeta sem paixão

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