quarta-feira, 30 de novembro de 2011

4.Voltei


Duma longa viagem
Que fiz com o vento
Retornei de onde
Quando parti pensei
Jamais voltaria

E só lá descobri
Que ao pensar
Regressar nunca
Esqueci de combinar
O meu querer e eu 

O que procurar
Que erro esse meu!
Não atinei a busca
Em que me metera
E foi nessa busca
Que me perdera

Não é o caso talvez
De arrependimento
Quiçá o cheiro
Do que resulta 
Da nova coleção
De experiências minhas

terça-feira, 29 de novembro de 2011

3.Perdido



E encontrei-me
Completamente perdido
De fato perdido
Sabendo
Do erro e
Do tamanho dele
De que a volta
Não voltava e que
De pulo em pulo
Um dos galhos
Quebrara
Também que
Antes do chão
Outros na cabeça
Eu quebraria
A cabeça
E que enfim
No chão
Uma pedra
A me recepcionar
Nada é o bastante
Se escolheu
Um salto no escuro
Mesmo sabendo
Do que havia neste
Breu além do breu
Meu
Calos fraturas
Arranhoes no desjejum
A rotina da busca
Achados e minhas
Perdas diárias
Perdas diárias
Formidável!
E nestes dias
Quero mesmo
Dormir
Pra não acordar
Mas nunca tenho sono!

sábado, 26 de novembro de 2011

2.Aventura



Queimei sob o sol
Meus caminhos tortuosos
De revolta inconforme
Em busca de uma busca

Ao sopé da montanha
Direto ao cume
Da beira do abismo
Fincado no fundo duro

Corri a linha do horizonte
Despetalei a rosa-dos-ventos
Uma amiga que me leva
E que me trouxe
Pontes, becos, ocos
Estepes, florestas e savanas
Pocilgas e lençóis brancos

Fui ao mosteiro tibetano
E a um buteco alagoano
Fui ter com o advogado
E conversei com o mendigo
Verdadeiro amigo

Cerveja, café e coragem

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

1.Busca



E sim, fui lá eu mesmo
Cego sem bengala sem guia
Fui atrás do anel
E do banquete na festa
Os quais só de volta eu teria
Nesse avesso, meu regresso

A partida já anunciava
Mas era o melhor
Ante a estrada
Ignorar
O que se tem por dentro
Nem quero saber do que já sei

Saí sabendo sem saber
Empunhando minha luneta dourada
Tal qual soldado o fuzil
Mirando o longínquo horizonte
E querendo ver ainda além
Deixei de ver simplesmente ali
A mesa posta debaixo do queixo
E o anel, aquele.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Asas, ventos, o tempo e as estrelas



Suas asas são não ter asas
E o céu e as estradas
As estrelas e toda a história
Tanto o aprendizado
Quanto o que se perdeu
E aquilo que é bonito
As coisas que ignoramos
E que falam fundo ainda e sempre

São móveis na sala de estar
Dos sentimentos em sua casa
Hoje eu vim pra cá
Com a cabeça cheia de versos
Mas no caminho perverso
O vento fez muita coisa voar
E tudo isso se perdeu
Mesmo assim a sargeta
Veio até aqui oferecer
As coisas que ontem
O vento trouxe pra alguém
Que as deixou e eu recolhi
As coisas que o vento trouxe
Muito vento muita coisa
As coisas que o vento trouxe
No final a enxurrada leva

Se a vida preencheria a vida
De quem sabe desse
Formidável rascunho!
Este vou entregar
Como quem entrega algo bom
Alguém que estaria satisfeito
Por tão, tão pouco

Vou dar como que dá
O último suspiro
A última palavra
O último olhar
Não há última, não há último

Com os olhos e uma
Única lágrima grossa que
Após uma corrida pelo rosto
Suicida-se saltando do queixo

O brilho que isso produz
Acaba ofuscando o que realmente
Importa, se é que importa
E na morte, no ocaso
Nada realmente tem importância
Basta que organize-se
Em ordem alfabética

Mas aprender não é meu forte
E ficar livre minha alma
Até agora não soube
Como não soube aprender
Só consegui, também até agora
Uma linda coleção de calos
E toda esta confusão...

Sabe ele, mudo
Meu travesseiro velho
E o assento estofado em veludo vermelho
E quem mais pode saber agora?
Depois de tudo isso e toda dor
Queira então, sem escolha, voar

Num céu de estrelas
Num chão de estradas
De um não ter asas
Não ter asas

Ziguezaguear de flor e flor
Dos jardins do meu pós chuva
Com ou sem o arco de flechas
Coloridas mensageiras
As suas felicidades passageiras

E o tempo
Esse déspota excêntrico
Desgrenhado pelo vento
E o leve vento que me leva
Ás turbulências de todo calibre
Teria eu enfim no fim mais sorte?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cartas de amor são ridículas, sempre!



Prefiro ser ignorado solenemente a ter uma resposta como esta que recebi hoje de você quanto à saudade que sinto todo dia e que outro dia tive a muito infeliz idéia de expor.

Sei muito bem que a verdade deve ser o melhor a se levar em conta e que a mentira ou até mesmo a fantasia não leva ninguém a nada a não ser a frustração, esta que é minha conviva mais frequente ultimamente.

Contudo reconheço o imenso valor desta sua atitude que ora você mantém e que novamente classifico como nobre, mesmo que o termo nobre não dê conta da grandeza disso.

Em mim, se você que saber, o primeiro sentimento é o desespero. O conflito envolve muitos interesses, muitas questões e muitos sentimentos principalmente.

Por isso minha posição é esta que tomo agora, de me recolher em meu desespero, penso, é a melhor ou a menos pior. O fato é que meu peito ferve e fica, por muitas vezes, a ponto de explodir e explode.

Acima de tudo eu respeito você, sei que é o certo a se fazer frente a toda circunstância que nos rodeia, mas
ao mesmo tempo e com a mesma força revolto-me com a situação. Não me conformo.

Nesta luta, minha atitude busca deixá-la confortável, à vontade e até certo ponto ajudá-la com isso, o que se ficasse por minha conta certamente não seria levado adiante. Por mim eu chutaria tudo para o alto, você sabe disso.

Não estou em condições de exigir qualquer, qualquer coisa, nenhuma atitude diferente ou de simplesmente apelar, nada faria sentido e nem mesmo combinaria comigo mas se eu soubesse que faria algum efeito eu desceria até lá!

Não paro de te querer, te vejo em minha frente, não consigo esquecer sua voz, seu gemido, sua respiração e cada um de seus ais.

Eu te vejo por cima de mim, te vejo com fome de mim, uma fome de mim a qual você só vai conseguir matar em mim assim que você quiser e me chamar.

Eu te vejo, te ouço, te sinto ressuscitando só pra me ver, voltando sei lá de onde, cheia de si e de toda vontade de que a gente compartilha e curte junto.

Meu sonho é meu e quero que saiba e quero que não se esqueça que ele sempre esteve aqui e que por todo tempo estará guardado num local onde permanecerá como novo e sempre estará pronto para virar realidade sob duas palavras suas.

Volta.
Te amo, preciso, desejo.


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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

E segue


Neste não saber tão profundo
Nessa profundidade máxima
Do não saber absoluto
O lugar onde o que há é possível
Contanto que não se saiba

Um Não saber assim
Como este, bonito e
Encerra-se no seio
O real conhecimento
O ignorado

E vive num não saber
Tão profundo
Sem medida conhecida
De nenhum saber

Alcança aí neste ponto
Justamente a medida
Do cabimento do real
Conhecimento

O saber não sabendo
Do que se sente
O que da vida
E do próprio não

domingo, 6 de novembro de 2011

Também pode ser


Pode ser q'eu também mude
Ache que assim derrepente
Precise do que reneguei
E queira voar

Pode ser que venha o vento 
Trazendo mudanças novas
Indo com as velhas
Que acredite

Pode ser que chova muito
E com toda essa enchurrada
Que a água mude tudo
E quem é que sabe?

Pode ser que sem aviso queira um par
Que sejam feitas de penas brancas
Sei lá de que assim vermelhas
Mesmo que de manteiga

Pode ser que descasulado se descubra
Durante o portanto e todo esse após
Entretanto, de tanto, de tudo
Nunca se sabe ao certo

Nunca é muito tempo!