segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

E me transborda


O peito que fala
ao ouvido surdo que 'ouve'
e cala que só a boca
neste sentir todo
transbordando seu não caber
a escorrer pelas sarjetas
incautas sortudas

E vai e volta se voltar
volta quando couber
se um dia couber, um dia frio
que faça com que caiba de volta
às não mais suas bordas
que não suportaram, não sei
se suporte darão

Arriscado ficar onde está
nesta borda que transborda
que transforma que transporta
e transgride agride

E falando falando palavras palavras
palavras com que pudesse preencher
em quantidade o que a pouca efetividade
dessas palavras não fizeram
palavras palavras sem fio
palavras sem pontas, cegas
por verem o quanto falam
desde este peito
até aquele ouvido surdo
O quê dizer?
Pra quê falar mais então?

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