quarta-feira, 29 de março de 2006

Grandes escritos

Grandes coisas escritas


Escritas a lápis – borracha a postos
Pensamentos imponentes
Imponente fumaça contra o vento


Prefiro não vê-las
Prefiro não tê-las todas
Prefiro não lê-las todas de uma vez


Pensamentos autônomos
Sentimentos autótrofos
Auto replicáveis, replicantes


A Fábrica de sons mudos
Figuras fáceis de sobrancelhas arcadas
Olhos saltados, salto livre
Mergulho autônomo


A corda que te sustem
O penhasco que te assusta
É seguro. O céu claro
E a visão límpida observa o normal


Sintas, sintas e não nomeies
Não definas, não dês fim
Isso é fácil demais
É tatear, palmilhar o escuro
Ouviste isto?


– Deve ser o apito da fábrica
Fabrica em silêncio
O apito que marca o fim
É audível, ouço em minha cabeça!


Ouves?

terça-feira, 21 de março de 2006

Você gosta de poesia?

Amplamente observado e discutido, questionado e desenvolvido o assunto literatura, e quero aprofundar-me ainda um pouco mais indo até o termo (ou a idéia) Poesia, é pouquíssimo acessível para a maioria das pessoas, falando tanto em números absolutos quanto números relativos.

Sei disso e espanto-me com o número expressivo com estatura intelectual e cultural suficientes para alcançar o mínimo de entendimento frente a uma poesia, que simplesmente dizem não gostar. Não compreendo tal coisa.

Das mais diversas justificativas para a aversão aos versos a mais ouvida é que o dia-a-dia, e seu pensamento exato, prático, crítico, é muito exigente e não deixa especo para manifestações de outros tipos, como a poesia ou a literatura, por exemplo.

Por ser uma questão muito mais humana, e classifico-a de humana na concepção de que o homem é mente, mas também é corpo, alma, emoção e muitas outras coisas. Preferindo fechar tudo o que não é exato, tudo o que não se pode medir com uma régua, muitos permanecem insensíveis ao toque irrestrito da poesia.
Dentre as várias concepções de poesia conhecidas, formei minha própria que, trocando em miúdos é a seguinte: A emoção ou sentimento torna-se pensamento dentro do autor, este o coloca então no papel. Lido, este se torna um sentimento no leitor que então se torna emoção novamente.


É evidente que o sentimento do escritor é completamente distinto daquela resultante no leitor, e as etapas intermediárias, da mesma forma, se dão de maneira diferente em um e em outro.

O que me encanta e é muito profundo, é que neste processo poético o movimento descrito altera condições iniciais e finais dos envolvidos, colocando a amostra um sem-número de fatores humanos internos que talvez não fossem nem mesmo considerados existentes em outras circunstâncias. A poesia quando escrita ou lida é um exercício de auto conhecimento dos mais generosos.

Sem entrar nas aulas de teoria literária, ou nas aluas de literatura clássica, uma das principais idéias de poesia é a mimese, ou seja, a imitação daquilo que se não é poderia ser; o verossímil.

E neste toada de imitar, refazer, ou até mesmo analisar, a poesia busca os objetos da alma humana, geralmente vinculando-os às coisas palpáveis para que possamos então por imitação chegar até o que se quer dizer ao leitor, ou ao que o escritor quis dizer, conforme sua posição.

Note que deixei de lado a questão da boa literatura, da boa poesia. Não questionei o quanto este ou aquele modo de escrever é mais ou menos eficaz para cada intenção, de seja leitor ou escritor, eu nem mesmo me dei ao luxo de citar nomes. Evitei isso tudo para tornar minha fala o mais imparcial possível.

Imparcialidade à parte, um velho professor velho de literatura costumava dizer que: “Poesia não foi feita para ser lida, e sim relida”.

Um conjunto de versos pode dizer mais do que um livro inteiro e fala coisas à alma, ao coração e ao corpo, basta ficar nas pontas dos pés e se esticar para alcançá-las.

terça-feira, 14 de março de 2006

O movimento de minha fé, um desdobramento.

Qualquer um que encontre um obstáculo por seu caminho deve parar e avaliar se o caminho que o presenteou com tal obstáculo vale a pena, se o suor que aquilo vai exigir deve ou não ser derramado. É mais ou menos como a história do “que não mata engorda”.

Se o empecilho está sendo proposto é porque aquilo tem algum valor, relativo ou absoluto, ou não haveria motivo para prová-lo, e se não aprova é por que não tem o valor mínimo para continuar a jornada.

Após a aprovação é possível trilhar, além do obstáculo, um caminho mais florido, ganhando uma carga que vale muito pra quem pagou o preço. O provado e aprovado têm muito mais valor do que o que cumpriu a jornada dentro do previsto, cumprindo as metas, seguindo os cronogramas, são rios calmos, fluidos, plácidos. As corredeiras e cachoeiras são mais apreciadas, admiradas e admiráveis.

Sou um rio bravo que corre em meio a pedras pontudas, quedas bruscas, variante conforme as chuvas, ora pela esquerda, ora para o centro, outras pela direita (pela direita menos!), corro por cavernas, escondo-me no silêncio do subterrâneo, e anuncio-me em cachoeiras de fala grossa, escorrego pela parede lisa, faço rolar os seixos e furo de tanto dar na pedra dura.

O grande rio solene, lamacento, sereno, não sabe o que é o rumor, não conhece o movimento que se faz ao contornar uma rocha, não tem em si o frescor de quem desce lépido não cabendo em seu próprio leito.

Prefere seguir sem acreditar, mantendo seu curso previsível, comum.

O rio de corredeira permanece acreditando que o mar é o fim de quem crê que a cada pedra suplantada, a cada queda sobrevivida, a força de suas águas cresce e aquilo que é energia potencial torna-se energia de fato, muda a realidade, transforma morte em vida, e vê a luz onde só há escuridão.

– Bem-vinda fé!


Vão me desculpar ó caríssimos presentes, pois não costumo resistir aos ímpetos do poeta que insiste em permanecer vivo em meu estomago, e que quando se põe a escrever torna-se forte, muito mais forte do que eu posso ser.

Mas é isto, foi muito bem colocado, a prova vem fortalecer o que é, e desmontar o que não é.

Frente a uma grande onda, ou debaixo de uma tempestade não faz sentido abandonar o barco, saibamos: o bom marinheiro não abandona o barco antes de este ir a pique, uma embarcação bem navegada, com pulsos firmes ao timão, sabedoria ás velas, e conhecimento das águas de navegação jamais afunda.

É assim que procuro garantir minha satisfação, mais do que isso, busco o prazer em velejar, sigo os preceitos dos velhos lobos do mar, que têm mais tempo de mar, de tempestades, ventos, ondas e medos, do que eu de vida. Seus barcos têm mais horas de mar do que de porto.

A fé verdadeira sempre é aprovada, requer o estaleiro por vezes, mas jamais conhece o fundo arenoso da baia, e se for reprovada nunca foi fé de fato e sim convencimento.

Uma desilusão com um convencimento travestido de fé não pode ser motivo para o abandono da verdadeira fé e o alto mar que a embala, muito ao contrário, uma queda como esta deve servir de mola para uma busca ainda mais profunda do que realmente é a verdadeira fé. É de experiências que se faz a vida, é da escolha de
abandonar o porto e buscar algo maus profundo de que se faz a fé.

A fé verdadeira não acaba não desilude ou engana. Assim como Deus é um só, vivo e ativo para aqueles que O querem assim em sua vida, a fé é um barco que se navega em vento forte, é franco o seu cortar de ondas.

Se escolheres desaportar, recomendo que verifique se está embarcado o escafandro e tantos quantos metros de mangueira você pode ter, esqueça os coletes, bóias e botes salva vidas, o negócio é afundar e não boiar.

Desafio a busca àqueles que, fazendo o papel do velho do Restelo, não deixam o porto e não querem que o desbravadores o façam, e chamo àqueles que sobreviveram a uma desilusão de convencimento, e como um gato escaldado, estão com medo da água fria, a virem mais uma vez, trazendo a bagagem da derrota, a experimentarem a vitória que só a verdadeira fé pode proporcionar.

Só aos bem dispostos e corajosos, aos que têm problemas de qualquer ordem e para os que respiram. Basta querer desejar. Precisando de ajuda, coloco-me a disposição.

terça-feira, 7 de março de 2006

O movimento de minha fé.

Este texto é uma encomenda de um grande amigo que está distante, e que lá de longe me pediu que expusesse o motivo de minha fé, que falasse da existência de Deus, e da relação do homem com toda esta coisa sobrenatural.

Uma matéria de polêmica garantida, mas em todo caso, ta aí Fofo!

Várias coisas eu levei em consideração para iniciar este texto, desdobrei alguns pensamentos e reflexões, joguei outros fora e fui ao lixo desamassei algumas folhas, tomei de volta, outras voltaram para lá, enfim, como você já sabe me preparei para escrever isto.














Tenho isto como algo de extrema importância, não que eu vá ser capaz de escrever algo épico que vai colocar luz sobre todos os aspectos deste tão profundo assunto, mas vou fazer o máximo para colocar os pontos mais acessíveis bem acessíveis para que você entenda.
Pois bem, tratemos de alguns aspectos técnicos inicialmente, ora recorro a alguns subterfúgios de ordem semântica para melhor entendimento:

  • Fé (lat fide) sf 1 Crença. 2 Confiança.
(dicionário Michaelis escolar)
  • Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, e a convicção de fatos que se não vêem.
(Hebreus, capítulo 11, versículo 1).
  • E, assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.
(Romanos, capítulo 10, versículo 17)
Partimos daí, é esta idéia que vou rodear ao longo destas linhas. A fé que tenho é assim nasceu assim. É verdade, isto é uma escolha, podemos escolher crer ou duvidar, e eu escolhi crer. Existem tantas coisas inacreditáveis, coisas que nos fazem duvidar até mesmo de nossos olhos. Prefiro crer.

Antes de esta minha fé ser o que é, e se instalar lá no centro dos meus sentimentos e emoções (se eu for usar esta expressão aqui novamente, vou chamar de coração, por convenção somente, pois vejo como centro a chamada ‘boca’ do estomago.) ela passou pelo cerrado crivo de minha mente, suas inúmeras comparações e infinitos desdobramentos reflexivos.

Em algumas comparações e dentro do que é aceitável, questionei a existência do homem sobre a Terra, e até mesmo a própria Terra. Se eu aceitasse a primícia de que somos o resultado de uma grande explosão, da combinação de vários sucos protéicos, e de um grande, de um enorme acaso, eu teria que explicar mais um sem-número de outras coisas que, sob esta visão cientificista, ficam sem respostas.
O fato é que esta questão não se encerra nestas explicações incompletas, o que exigiria de mim muito mais capacidade de acreditar no inacreditável, e explicar o inexplicável. É como acreditar que eu dando um tapa numa mesa onde estão as partes de um quebra cabeças de 10.000 peças, este se montaria perfeitamente, sem ter sequer uma troca de posições nas peças, uma coisa destas nem com mil tapas!


Quem poderia criar algo tão especial e completo quanto o cérebro humano, capaz dos mais prodigiosos feitos, quem foi que imprimiu a noção de certo e errado inerente ao homem, a natureza e sua perfeição, céu, mar, terra, isso tudo é resultado de um tapa na mesa?

Deixando o elo perdido de lado, pensei nas religiões, dentre tantas que procurei conhecer e percebi que a maioria baseia-se em meia dúzia de preceitos chamados cristãos. (Deliberadamente estou desconsiderando em minha reflexão as filosofias orientais anterioras a Cristo, e todo pensamento formulado a.C. não quero que isso reflita um 'furo', pois na verdade, nada do que foi composto pelo homem foi totalmente descartado, não foi uma troca, e sim uma soma de valores que dividiu nosso calendário). Sendo assim fui à fonte, e lendo a bíblia recebi algumas respostas, e cri, vendo que está naquela compilação de livros está o manual do proprietário do ser humano. Escrito pelo próprio criador, dando as coordenadas para o melhor aproveitamento da dádiva da vida. Agora conhecendo mais a fundo não posso classificar isto simplismente como religião, ou doutrina. É a fé propriamente.

Mas minha experiência diz que não basta saber disto tudo, é preciso tomar posição frente a esta realidade. É como acreditar que a dipirona sódica (Novalgina®) pode te livrar da febre e não tomar pelo menos 35 gotas dela.

É aí que entra a fé, partindo da escolha de ter fé. Acreditar em um Deus criador, amoroso, que nos deu a vida de graça e pela graça, nos deixando-nos completamente livres para escolher o que fazer, e que ainda por cima oferece abundância de vida no caso de optarmos pelo Caminho indicado por ele.

Assim comecei a trilhar este caminho de crer, de cultivar esta fé que me ensinou que a brevíssima estadia nossa sobre a terra não é vazia ou sem propósito. O que me mantém interessado em sustentar e mover esta fé, que olhada de fora parece absurda, alienada, e até mesmo burra, é que ela é dinâmica, fluida, benevolente, generosa, atraente, viscosa, e acima de tudo viva, tudo isso tem o poder de modificar minha vida e a vida de quem está à minha volta.

Com o despertar da fé inicia-se um processo de desenvolvimento que tem como índice de aferição o nível de relacionamento que temos com Deus: alguém de quem se ouve falar, quem se conhece ‘de vista’, alguém digno de um ‘oi’, um colega, um amigo, um irmão, o pai...

É isso, através de minha fé posso relacionar-me com Deus tanto quanto me relaciono com qualquer outra pessoa, pois a visão que tenho Dele é de uma pessoa, uma pessoa com vontades, com uma personalidade própria, com uma voz que posso ouvir, alguém por quem tenho amizade.

E para fomentar esta fé (eu não sabia que fazendo isso eu estaria edificando uma fé em meu coração) fui procurar mais saber do alvo de minha fé. Descobri que Deus se expressa com as palavras da bíblia, e lá posso ter acesso aos ensinamentos, e à sua verdadeira personalidade em Jesus Cristo.

E muito mais do que simplesmente crer nisso tudo, diariamente minha fé me prova tudo isso, ouço a voz de Deus, sinto sua presença, vejo Sua mão agir por mim, proteger a mim e à minha família, cuidar de alguns caprichos meus, Ele é realmente o meu pai! E mais, além disso por vezes as pessoas vêem falar comigo e dizem não saber por que, que não sabem onde, não podem precisar o que me faz diferente das outras pessoas, credito isso à fé.

Mas a prova final, o fato mais contundente de que encontro Deus pela fé, é que Ele responde às minhas orações, responde objetivamente, atendendo a meus pedidos, mudando a realidade curando, salvando, livrando.

Quem partilha desta mesma fé reconhece-a nos outros, não falo de aparência, ou de um modo específico de falar, ou um de sinal na testa, falo de uma postura frente à vida e a existência das coisas. (é a história da dipirona).

Meu caro acho que é mais ou menos isso.

É assim que vivo e que vejo a existência de Deus e de tudo o que ele fez e de que é responsável,isto é que move minha fé, a própria fé!



M.