Qualquer um que encontre um obstáculo por seu caminho deve parar e  avaliar se o caminho que o presenteou com tal obstáculo vale a pena, se o  suor que aquilo vai exigir deve ou não ser derramado. É mais ou menos  como a história do “que não mata engorda”.
Se o empecilho está sendo proposto é porque aquilo tem algum valor,  relativo ou absoluto, ou não haveria motivo para prová-lo, e se não  aprova é por que não tem o valor mínimo para continuar a jornada.
Após a aprovação é possível trilhar, além do obstáculo, um caminho  mais florido, ganhando uma carga que vale muito pra quem pagou o preço. O  provado e aprovado têm muito mais valor do que o que cumpriu a jornada  dentro do previsto, cumprindo as metas, seguindo os cronogramas, são  rios calmos, fluidos, plácidos. As corredeiras e cachoeiras são mais  apreciadas, admiradas e admiráveis.
Sou um rio bravo que corre em meio a pedras pontudas, quedas bruscas,  variante conforme as chuvas, ora pela esquerda, ora para o centro,  outras pela direita (pela direita menos!), corro por cavernas,  escondo-me no silêncio do subterrâneo, e anuncio-me em cachoeiras de  fala grossa, escorrego pela parede lisa, faço rolar os seixos e furo de  tanto dar na pedra dura.
O grande rio solene, lamacento, sereno, não sabe o que é o rumor, não  conhece o movimento que se faz ao contornar uma rocha, não tem em si o  frescor de quem desce lépido não cabendo em seu próprio leito.
Prefere seguir sem acreditar, mantendo seu curso previsível, comum.
O rio de corredeira permanece acreditando que o mar é o fim de quem  crê que a cada pedra suplantada, a cada queda sobrevivida, a força de  suas águas cresce e aquilo que é energia potencial torna-se energia de  fato, muda a realidade, transforma morte em vida, e vê a luz onde só há  escuridão.
– Bem-vinda fé!
Vão me desculpar ó caríssimos presentes, pois não costumo resistir  aos ímpetos do poeta que insiste em permanecer vivo em meu estomago, e  que quando se põe a escrever torna-se forte, muito mais forte do que eu  posso ser.
Mas é isto, foi muito bem colocado, a prova vem fortalecer o que é, e desmontar o que não é.
Frente a uma grande onda, ou debaixo de uma tempestade não faz  sentido abandonar o barco, saibamos: o bom marinheiro não abandona o  barco antes de este ir a pique, uma embarcação bem navegada, com pulsos  firmes ao timão, sabedoria ás velas, e conhecimento das águas de  navegação jamais afunda.
É assim que procuro garantir minha satisfação, mais do que isso,  busco o prazer em velejar, sigo os preceitos dos velhos lobos do mar,  que têm mais tempo de mar, de tempestades, ventos, ondas e medos, do que  eu de vida. Seus barcos têm mais horas de mar do que de porto.
A fé verdadeira sempre é aprovada, requer o estaleiro por vezes, mas  jamais conhece o fundo arenoso da baia, e se for reprovada nunca foi fé  de fato e sim convencimento.
Uma desilusão com um convencimento travestido de fé não pode ser  motivo para o abandono da verdadeira fé e o alto mar que a embala, muito  ao contrário, uma queda como esta deve servir de mola para uma busca  ainda mais profunda do que realmente é a verdadeira fé. É de  experiências que se faz a vida, é da escolha de
abandonar o porto e  buscar algo maus profundo de que se faz a fé.
A fé verdadeira não acaba não desilude ou engana. Assim como Deus é  um só, vivo e ativo para aqueles que O querem assim em sua vida, a fé é  um barco que se navega em vento forte, é franco o seu cortar de ondas.
Se escolheres desaportar, recomendo que verifique se está embarcado o  escafandro e tantos quantos metros de mangueira você pode ter, esqueça  os coletes, bóias e botes salva vidas, o negócio é afundar e não boiar.
Desafio a busca àqueles que, fazendo o papel do velho do Restelo, não  deixam o porto e não querem que o desbravadores o façam, e chamo  àqueles que sobreviveram a uma desilusão de convencimento, e como um  gato escaldado, estão com medo da água fria, a virem mais uma vez,  trazendo a bagagem da derrota, a experimentarem a vitória que só a  verdadeira fé pode proporcionar.
Só aos bem dispostos e corajosos, aos que têm problemas de qualquer  ordem e para os que respiram. Basta querer desejar. Precisando de ajuda,  coloco-me a disposição.