terça-feira, 14 de março de 2006

O movimento de minha fé, um desdobramento.

Qualquer um que encontre um obstáculo por seu caminho deve parar e avaliar se o caminho que o presenteou com tal obstáculo vale a pena, se o suor que aquilo vai exigir deve ou não ser derramado. É mais ou menos como a história do “que não mata engorda”.

Se o empecilho está sendo proposto é porque aquilo tem algum valor, relativo ou absoluto, ou não haveria motivo para prová-lo, e se não aprova é por que não tem o valor mínimo para continuar a jornada.

Após a aprovação é possível trilhar, além do obstáculo, um caminho mais florido, ganhando uma carga que vale muito pra quem pagou o preço. O provado e aprovado têm muito mais valor do que o que cumpriu a jornada dentro do previsto, cumprindo as metas, seguindo os cronogramas, são rios calmos, fluidos, plácidos. As corredeiras e cachoeiras são mais apreciadas, admiradas e admiráveis.

Sou um rio bravo que corre em meio a pedras pontudas, quedas bruscas, variante conforme as chuvas, ora pela esquerda, ora para o centro, outras pela direita (pela direita menos!), corro por cavernas, escondo-me no silêncio do subterrâneo, e anuncio-me em cachoeiras de fala grossa, escorrego pela parede lisa, faço rolar os seixos e furo de tanto dar na pedra dura.

O grande rio solene, lamacento, sereno, não sabe o que é o rumor, não conhece o movimento que se faz ao contornar uma rocha, não tem em si o frescor de quem desce lépido não cabendo em seu próprio leito.

Prefere seguir sem acreditar, mantendo seu curso previsível, comum.

O rio de corredeira permanece acreditando que o mar é o fim de quem crê que a cada pedra suplantada, a cada queda sobrevivida, a força de suas águas cresce e aquilo que é energia potencial torna-se energia de fato, muda a realidade, transforma morte em vida, e vê a luz onde só há escuridão.

– Bem-vinda fé!


Vão me desculpar ó caríssimos presentes, pois não costumo resistir aos ímpetos do poeta que insiste em permanecer vivo em meu estomago, e que quando se põe a escrever torna-se forte, muito mais forte do que eu posso ser.

Mas é isto, foi muito bem colocado, a prova vem fortalecer o que é, e desmontar o que não é.

Frente a uma grande onda, ou debaixo de uma tempestade não faz sentido abandonar o barco, saibamos: o bom marinheiro não abandona o barco antes de este ir a pique, uma embarcação bem navegada, com pulsos firmes ao timão, sabedoria ás velas, e conhecimento das águas de navegação jamais afunda.

É assim que procuro garantir minha satisfação, mais do que isso, busco o prazer em velejar, sigo os preceitos dos velhos lobos do mar, que têm mais tempo de mar, de tempestades, ventos, ondas e medos, do que eu de vida. Seus barcos têm mais horas de mar do que de porto.

A fé verdadeira sempre é aprovada, requer o estaleiro por vezes, mas jamais conhece o fundo arenoso da baia, e se for reprovada nunca foi fé de fato e sim convencimento.

Uma desilusão com um convencimento travestido de fé não pode ser motivo para o abandono da verdadeira fé e o alto mar que a embala, muito ao contrário, uma queda como esta deve servir de mola para uma busca ainda mais profunda do que realmente é a verdadeira fé. É de experiências que se faz a vida, é da escolha de
abandonar o porto e buscar algo maus profundo de que se faz a fé.

A fé verdadeira não acaba não desilude ou engana. Assim como Deus é um só, vivo e ativo para aqueles que O querem assim em sua vida, a fé é um barco que se navega em vento forte, é franco o seu cortar de ondas.

Se escolheres desaportar, recomendo que verifique se está embarcado o escafandro e tantos quantos metros de mangueira você pode ter, esqueça os coletes, bóias e botes salva vidas, o negócio é afundar e não boiar.

Desafio a busca àqueles que, fazendo o papel do velho do Restelo, não deixam o porto e não querem que o desbravadores o façam, e chamo àqueles que sobreviveram a uma desilusão de convencimento, e como um gato escaldado, estão com medo da água fria, a virem mais uma vez, trazendo a bagagem da derrota, a experimentarem a vitória que só a verdadeira fé pode proporcionar.

Só aos bem dispostos e corajosos, aos que têm problemas de qualquer ordem e para os que respiram. Basta querer desejar. Precisando de ajuda, coloco-me a disposição.

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