terça-feira, 21 de março de 2006

Você gosta de poesia?

Amplamente observado e discutido, questionado e desenvolvido o assunto literatura, e quero aprofundar-me ainda um pouco mais indo até o termo (ou a idéia) Poesia, é pouquíssimo acessível para a maioria das pessoas, falando tanto em números absolutos quanto números relativos.

Sei disso e espanto-me com o número expressivo com estatura intelectual e cultural suficientes para alcançar o mínimo de entendimento frente a uma poesia, que simplesmente dizem não gostar. Não compreendo tal coisa.

Das mais diversas justificativas para a aversão aos versos a mais ouvida é que o dia-a-dia, e seu pensamento exato, prático, crítico, é muito exigente e não deixa especo para manifestações de outros tipos, como a poesia ou a literatura, por exemplo.

Por ser uma questão muito mais humana, e classifico-a de humana na concepção de que o homem é mente, mas também é corpo, alma, emoção e muitas outras coisas. Preferindo fechar tudo o que não é exato, tudo o que não se pode medir com uma régua, muitos permanecem insensíveis ao toque irrestrito da poesia.
Dentre as várias concepções de poesia conhecidas, formei minha própria que, trocando em miúdos é a seguinte: A emoção ou sentimento torna-se pensamento dentro do autor, este o coloca então no papel. Lido, este se torna um sentimento no leitor que então se torna emoção novamente.


É evidente que o sentimento do escritor é completamente distinto daquela resultante no leitor, e as etapas intermediárias, da mesma forma, se dão de maneira diferente em um e em outro.

O que me encanta e é muito profundo, é que neste processo poético o movimento descrito altera condições iniciais e finais dos envolvidos, colocando a amostra um sem-número de fatores humanos internos que talvez não fossem nem mesmo considerados existentes em outras circunstâncias. A poesia quando escrita ou lida é um exercício de auto conhecimento dos mais generosos.

Sem entrar nas aulas de teoria literária, ou nas aluas de literatura clássica, uma das principais idéias de poesia é a mimese, ou seja, a imitação daquilo que se não é poderia ser; o verossímil.

E neste toada de imitar, refazer, ou até mesmo analisar, a poesia busca os objetos da alma humana, geralmente vinculando-os às coisas palpáveis para que possamos então por imitação chegar até o que se quer dizer ao leitor, ou ao que o escritor quis dizer, conforme sua posição.

Note que deixei de lado a questão da boa literatura, da boa poesia. Não questionei o quanto este ou aquele modo de escrever é mais ou menos eficaz para cada intenção, de seja leitor ou escritor, eu nem mesmo me dei ao luxo de citar nomes. Evitei isso tudo para tornar minha fala o mais imparcial possível.

Imparcialidade à parte, um velho professor velho de literatura costumava dizer que: “Poesia não foi feita para ser lida, e sim relida”.

Um conjunto de versos pode dizer mais do que um livro inteiro e fala coisas à alma, ao coração e ao corpo, basta ficar nas pontas dos pés e se esticar para alcançá-las.

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