quarta-feira, 10 de abril de 2013

Submarino



Imaginei, enquanto te olhava
ali deitada na folha antes de existir
como quem cochila desapercebida
descuidada de tudo, alheia ao tempo ou vento ou sol
pra que é que servia

Esta infinita demanda minha de encontrar
porquês, comos, quens e ondes
atrevi-me a encontrar em ti utilidade, nem sei pra quê
mas tentei, perdoe!

Quem sabe seja isso mesmo
você me sirva para tirar o foco
ou pra, quem sabe, ajusta-lo apenas
ou ainda sirva para nada

A roda viva dessa vida não permite o nada pelo nada
Afinal o nada tem que trazer em si um bom motivo
e quem sabe você tenha em si o nada
justificado de alguma forma mágica

Mas esta busca não é justa
Utilidade para algo tão nobre
que se justifica apenas por existir
especialmente para mim
que te tenho em tão alta conta...

Hoje neste incrível mundo
construído escrevendo juntos
vejo o quanto preciso

Por muito só teus pés quebrados
foram meus pés sem rimas
minhas únicas pernas minhas únicas asas
meu divã em desequilíbrio
desequilibrado, desequilibrando assim...

Submarino que me dá o fundo de mim
Minha folha & minha pena, poesia.

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