"Um conjunto de versos pode dizer mais do que um livro inteiro e fala coisas à alma, ao coração e ao corpo, basta ficar nas pontas dos pés e se esticar para alcançá-las." Marcos Pedroso.
sábado, 31 de dezembro de 2011
Ser não sendo
Este perdido sentido de que seja ser
Em justificar-se por ser o que se é
Seja você mesmo em não ser sempre o mesmo
ou sim, o mesmo, único. E seja o que há em si para ser
Ao ser o que se explica sozinho
quem tiver que entender o fará
O autoexplicativo será a contraindicação
de uma vida honesta consigo mesmo
Moldura molde modo moda
Mude!
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
A noite e o beijo
A noite em que conversaram
riram e confessaram e
dançaram e ouviram
música de instrumentos
Refletiram e saudosos
beberam café e viveram outros
muitos vários anos
e foram felizes
num papo de graça
gratuito como a vida
que descobriram ainda viva
Rezaram juntos
num amém de mãos dadas
Naquela noite beijaram-se
O beijo disse a ele:
Tudo vai dar certo
Beijaram e o beijo e disse a ela:
Não disse que daria tudo certo?
E noite que se partiu
fazendo luz a lua que
então iluminasse tudo
e aquilo que há muito
havia desaparecido
E escolheu então vir
em arrepios e reapareceu
a noite em beijos
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Livro
Ontem
um livro me chegou
por acidente
Lá um monte de vida
Montes de coisas
minhas e sobre mim
sobre mim e sobre
aquele que mora
no espelho de sobra
Poesias unhas ossos
ventos sinos e a estrada
a estrada tudo difuso
que de areia sinto
digo e vivo ainda
Meus agradecimentos
aos poetas e suas musas
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Vai
Chama-se
Agora Mesmo
não manda recado
nem intimida-se
ou teme, nada
Ela simplesmente é
e acontece
Preparado ou não
a Vida... Aí vai ela
fruto maduro
um trator, um bebê
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Quero
Quero uma poesia correta
Profícua, precisa, honesta
Quero uma poesia suja
Maldita, devassa, doente
Quero uma poesia afiada
Estrídula, contundente, amarga
Quero queimada como
meu café
Quero doce como
meu dormir
Sossego fio de vida
Espelho d'água da alma
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
É você
Não demora muito mais
vou descobrir do que és feita
Que fio te tece
A linha que te costura
e em que tão leve
assim andas em desafio
E ensaias uma corrida
nas pontas dos pés
indo como quem tropeça
e tropeçando não cai, mas sobe...
Em provocação à primeira lei
Neste seu gume confortável
Teia, fiada, fieira
Quatro - linhas, equador
prumo, traço, raia
Guia, filete, digitais
Linhas de minhas palmas
Pauta, ferrovia
E quem sabe eu então
saiba que força é esta que
há tanto imprimes em mim
A verdade deste
magnetismo não-metálico
nunca experimentado
Neste meu apoio, direção
és prodigiosa na porfia
do desafio mais temível
e inescapável do homem
A própria Vida até
o seu fim mortal
Fez amizade com Deus
e assim podes ser e és
A fortaleza de cristal
na linha do meu horizonte
desfiado
afio
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Ser poeta
Terence Stamp |
Não sou soldado
Sou poeta
Não uso fuzil
Atiro à caneta
Não sou cowboy
Sou poeta
Não vou à cavalo
Galopo versos
Não sou ator
Sou poeta
Não finjo
Eu minto
Não sou mágico
Sou poeta
Não há truques
coelhos da estrofe
Não sou filósofo
Sou poeta
Não penso, teorizo
Poetizo
Não sou inventor
Sou poeta
Não invento
Eu Sinto
Não sou juiz
Sou poeta
Não mando, assino
Olho e vejo
Não sou médico
Sou poeta
Não trato corpo
Zelo paixões
Não sou aviador
Sou poeta
Não voo
Eu voo
Não sou poeta
Sou poeta
Não faço
Sou feito
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
4.Voltei
Duma longa viagem
Que fiz com o vento
Retornei de onde
Quando parti pensei
Jamais voltaria
E só lá descobri
Que ao pensar
Regressar nunca
Esqueci de combinar
O meu querer e eu
O que procurar
Que erro esse meu!
Não atinei a busca
Em que me metera
E foi nessa busca
Que me perdera
Não é o caso talvez
De arrependimento
Quiçá o cheiro
Do que resulta
Da nova coleção
De experiências minhas
terça-feira, 29 de novembro de 2011
3.Perdido
E encontrei-me
Completamente perdido
De fato perdido
Sabendo
Do erro e
Do tamanho dele
De que a volta
Não voltava e que
De pulo em pulo
Um dos galhos
Quebrara
Também que
Antes do chão
Outros na cabeça
Eu quebraria
A cabeça
E que enfim
No chão
Uma pedra
A me recepcionar
Nada é o bastante
Se escolheu
Um salto no escuro
Mesmo sabendo
Do que havia neste
Breu além do breu
Meu
Calos fraturas
Arranhoes no desjejum
A rotina da busca
Achados e minhas
Perdas diárias
Perdas diárias
Formidável!
E nestes dias
Quero mesmo
Dormir
Pra não acordar
Mas nunca tenho sono!
sábado, 26 de novembro de 2011
2.Aventura
Queimei sob o sol
Meus caminhos tortuosos
De revolta inconforme
Em busca de uma busca
Ao sopé da montanha
Direto ao cume
Da beira do abismo
Fincado no fundo duro
Corri a linha do horizonte
Despetalei a rosa-dos-ventos
Uma amiga que me leva
E que me trouxe
Pontes, becos, ocos
Estepes, florestas e savanas
Pocilgas e lençóis brancos
Fui ao mosteiro tibetano
E a um buteco alagoano
Fui ter com o advogado
E conversei com o mendigo
Verdadeiro amigo
Cerveja, café e coragem
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
1.Busca
E sim, fui lá eu mesmo
Cego sem bengala sem guia
Fui atrás do anel
E do banquete na festa
Os quais só de volta eu teria
Nesse avesso, meu regresso
A partida já anunciava
Mas era o melhor
Ante a estrada
Ignorar
O que se tem por dentro
Nem quero saber do que já sei
Saí sabendo sem saber
Empunhando minha luneta dourada
Tal qual soldado o fuzil
Mirando o longínquo horizonte
E querendo ver ainda além
Deixei de ver simplesmente ali
A mesa posta debaixo do queixo
E o anel, aquele.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Asas, ventos, o tempo e as estrelas
Suas asas são não ter asas
E o céu e as estradas
As estrelas e toda a história
Tanto o aprendizado
Quanto o que se perdeu
E aquilo que é bonito
As coisas que ignoramos
E que falam fundo ainda e sempre
São móveis na sala de estar
Dos sentimentos em sua casa
Hoje eu vim pra cá
Com a cabeça cheia de versos
Mas no caminho perverso
O vento fez muita coisa voar
E tudo isso se perdeu
Mesmo assim a sargeta
Veio até aqui oferecer
As coisas que ontem
O vento trouxe pra alguém
Que as deixou e eu recolhi
As coisas que o vento trouxe
Muito vento muita coisa
As coisas que o vento trouxe
No final a enxurrada leva
Se a vida preencheria a vida
De quem sabe desse
Formidável rascunho!
Este vou entregar
Como quem entrega algo bom
Alguém que estaria satisfeito
Por tão, tão pouco
Vou dar como que dá
O último suspiro
A última palavra
O último olhar
Não há última, não há último
Com os olhos e uma
Única lágrima grossa que
Após uma corrida pelo rosto
Suicida-se saltando do queixo
O brilho que isso produz
Acaba ofuscando o que realmente
Importa, se é que importa
E na morte, no ocaso
Nada realmente tem importância
Basta que organize-se
Em ordem alfabética
Mas aprender não é meu forte
E ficar livre minha alma
Até agora não soube
Como não soube aprender
Só consegui, também até agora
Uma linda coleção de calos
E toda esta confusão...
Sabe ele, mudo
Meu travesseiro velho
E o assento estofado em veludo vermelho
E quem mais pode saber agora?
Depois de tudo isso e toda dor
Queira então, sem escolha, voar
Num céu de estrelas
Num chão de estradas
De um não ter asas
Não ter asas
Ziguezaguear de flor e flor
Dos jardins do meu pós chuva
Com ou sem o arco de flechas
Coloridas mensageiras
As suas felicidades passageiras
E o tempo
Esse déspota excêntrico
Desgrenhado pelo vento
E o leve vento que me leva
Ás turbulências de todo calibre
Teria eu enfim no fim mais sorte?
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Cartas de amor são ridículas, sempre!
Prefiro ser ignorado solenemente a ter uma resposta como esta que recebi hoje de você quanto à saudade que sinto todo dia e que outro dia tive a muito infeliz idéia de expor.
Sei muito bem que a verdade deve ser o melhor a se levar em conta e que a mentira ou até mesmo a fantasia não leva ninguém a nada a não ser a frustração, esta que é minha conviva mais frequente ultimamente.
Contudo reconheço o imenso valor desta sua atitude que ora você mantém e que novamente classifico como nobre, mesmo que o termo nobre não dê conta da grandeza disso.
Em mim, se você que saber, o primeiro sentimento é o desespero. O conflito envolve muitos interesses, muitas questões e muitos sentimentos principalmente.
Por isso minha posição é esta que tomo agora, de me recolher em meu desespero, penso, é a melhor ou a menos pior. O fato é que meu peito ferve e fica, por muitas vezes, a ponto de explodir e explode.
Acima de tudo eu respeito você, sei que é o certo a se fazer frente a toda circunstância que nos rodeia, mas
ao mesmo tempo e com a mesma força revolto-me com a situação. Não me conformo.
Nesta luta, minha atitude busca deixá-la confortável, à vontade e até certo ponto ajudá-la com isso, o que se ficasse por minha conta certamente não seria levado adiante. Por mim eu chutaria tudo para o alto, você sabe disso.
Não estou em condições de exigir qualquer, qualquer coisa, nenhuma atitude diferente ou de simplesmente apelar, nada faria sentido e nem mesmo combinaria comigo mas se eu soubesse que faria algum efeito eu desceria até lá!
Não paro de te querer, te vejo em minha frente, não consigo esquecer sua voz, seu gemido, sua respiração e cada um de seus ais.
Eu te vejo por cima de mim, te vejo com fome de mim, uma fome de mim a qual você só vai conseguir matar em mim assim que você quiser e me chamar.
Eu te vejo, te ouço, te sinto ressuscitando só pra me ver, voltando sei lá de onde, cheia de si e de toda vontade de que a gente compartilha e curte junto.
Meu sonho é meu e quero que saiba e quero que não se esqueça que ele sempre esteve aqui e que por todo tempo estará guardado num local onde permanecerá como novo e sempre estará pronto para virar realidade sob duas palavras suas.
Volta.
Te amo, preciso, desejo.
_______________________________
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
E segue
Nessa profundidade máxima
Do não saber absoluto
O lugar onde o que há é possível
Contanto que não se saiba
Um Não saber assim
Como este, bonito e
Encerra-se no seio
O real conhecimento
O ignorado
E vive num não saber
Tão profundo
Sem medida conhecida
De nenhum saber
Alcança aí neste ponto
Justamente a medida
Do cabimento do real
Conhecimento
O saber não sabendo
Do que se sente
O que da vida
E do próprio não
domingo, 6 de novembro de 2011
Também pode ser
Pode ser q'eu também mude
Ache que assim derrepente
Precise do que reneguei
E queira voar
Pode ser que venha o vento
Trazendo mudanças novas
Indo com as velhas
Que acredite
Pode ser que chova muito
E com toda essa enchurrada
Que a água mude tudo
E quem é que sabe?
Pode ser que sem aviso queira um par
Que sejam feitas de penas brancas
Sei lá de que assim vermelhas
Mesmo que de manteiga
Pode ser que descasulado se descubra
Durante o portanto e todo esse após
Entretanto, de tanto, de tudo
Nunca se sabe ao certo
Nunca é muito tempo!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Meu livro de Poesias
São 75 páginas de papel papel offset 75g/m²
Grampeadas, A5 em preto e branco.
O abacamento da capa é em papel couché 300g/m², 4x0
Laminação fosca, pesa pouco: 265 gramas
Tamanho médio, mede 140x210mm
Brochura com orelhas surdas
Isso se for impresso
Mas pode ser Ebook, aí ele ouve.
Por dentro dele e de você
Incontáveis metros e quilos
Lá se vão páginas e mais páginas
Histórias próprias tratando
Temas universais.
Pespontados de coisas Loucas e Vivas
Que pensam-se e que sentem-se
Em qualquer acabamento
E em qualquer cor...
Passa lá:
http://clubedeautores.com.br/book/46786--NAO_PRECISO_DE_ASAS
Quem sabe você gosta?
Quem sabe você compra?
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Na ponta do caminho
Peço que compreenda
Nem precisa concordar
O que, aliás, seria demais
Quanto já andei nessa estrada
E queimei sob esse firmamento
Credenciado pela jornada
Atrevendo a entender o ar
Existe mas não se vê
E o tanto de coisas que se vêem
E que não existem, eu tento
Dá licença pr'eu falar
Do que calejou
Estes pés de sentimentalidades
Crivada de mil motivos
Pra se desistir de tudo e de si
Assim por nada
Abri mão, abro mão
Minha destra fosse o caso de prova
Do que diz toda esta trova
Minhas roupas
Trazem em si, rôtas
Cada pedra, cada curva
Cada buraco, cada cavaco
Cada cansaço, cada meio-dia
Cada subida, toda descida
E a desesperança desse meu caminho
De calçados gastos
Cheios de coisas pra contar
Das coisas que me trouxeram até aqui
O que me carregou pra sangrar aqui
Dá licença d'eu sujar o teu chão
Dá licença d'eu morrer aqui
Sua fresca soleira de entrada
E o teu capacho limpo
-Bem Vindo.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Minha Poesia
Como é bom ter você
Aqui comigo sempre
Bendita maldição
Maldita benção
Sou feliz por ter você
Companheira fiel
Mesmo de pé quebrado
Ou com alguma rima
Dividido ou separado
Mesmo que seja só mais uma
Assim como são todas as outras
Um alento
Um lamento
Um choro
Um coro
Um canto
Um tanto
Uma coisa qualquer
Alguma coisa que não sei
Flutua, flutua mas não cai
Vem volta entra e sai
Um grito um ai
Belo escape válvula aberta
Quase sempre alerta
Comunica mas não explica
Refere mas não especifica
Existe mas não significa
Mostra mas não publica
Ainda há e quero mais
Permaneço mesmo sem você
Mesmo sem saber como
Seria ainda assim
Ainda, ainda meus ais
Meus ais mais mordidos
Conhece a todos estes
Antes ainda dos grunidos
Por um tempo achei
Que por capricho
Mais ou menos
Sem querer
Havia eu te escolhido
Mas agora convencido
Frente ao inegável
Ao imponderável
E ao pouco controlável
Fica claro como meio-dia
Como a lua de verão
Que neste existir
Em que insisto
Ser o que não sei como
Alguma coisa que
Chamam vida
Vivida por mim e que me
Foi dada neste mundo
Eu é que fui escolhido
Ciente disso mesmo assim
Sou feliz mesmo assim
Sabendo de você
Companheira fiel traidora
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Mesmo quando sim talvez não, o tempo dirá.
Não se esqueça de nada
Não esconda as lágrimas
Não minta pra si mesmo
Goste de Você
Sim há quem te queira
Sim querer acontece
Sim as verdades emergem
Respeite os sentimentos
Talvez falte coragem
Talvez não haja tempo
Talvez alguma coisa se perca
Viva como se fosse acabar agora mesmo
Mesmo que não pareça
Mesmo que fosse o fim
Mesmo assim
Meça consequências inconsequentemente
Quando faltar o fôlego
Quando sobrar o enquanto
Quando encontrar o caminho
Voe por todo o céu
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Coisas sem lar
Sempre há alguma coisa sem casa
Coisa que a gente não vê
Alguma outra que a gente não sente
Coisas são coisas, assim mesmo
Umas mais e outras menos
Num dia de sol ou na chuva
Coisa que fica e coisa que muda!
Cada uma destas coisas todas
E amiúde e no detalhe
A cada diferença que fazem
E a cada momento que marcam
Um gosto bom que deixam
A vontade de querer mais
Saber onde é que moram
Pra onde é que vão e vagam
E de onde vem, sempre vem
Não dá pra entender algumas
Outras conhecemos, ou quase
Tem sempre coisas que a gente vê
Uma ou outra que se sente
domingo, 28 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
Canção das bordas
Existe dentro de si
Num desconhecido enorme
Profundíssimo escuro
Abismo d'alma
Sem sondas que explorem
Nem com precisão
Nem em partes
Se é tão fundo grotão!
Quem o sabe em detalhes
É o nada ou Deus
Dele mesmo desvendou
Nem às bordas permitiu
Ouviu-se falar
Falar e velar
O fadigoso falar
O inútil dizer
Fenda que esconde
Esconde a tudo
E guarda no ermo
No ébano que o rodeia
Precipício onde se precipitam
A Morte e a Vida incontidas
Onde moram todas as raízes
E as raízes dos olhos e ouvidos
Depois de sentidos
É pra lá que vão
Repousar aqueles sentimentos
E renascem em vão
Somente quando completo
É capaz de, pelo menos
Imaginar num borrão
O que há pra lá do meio
E lança-se qual sonda
Qual espírito pairante
Sobre as águas então
Sorve todas as mágoas
E é feliz em descobrir-se
Em descobrir e abrir
E saber dessa profundez
À deriva no acaso
O tamanho a cor
E a beleza de querer
Num desconhecido enorme
Profundíssimo escuro
Abismo d'alma
Sem sondas que explorem
Nem com precisão
Nem em partes
Se é tão fundo grotão!
Quem o sabe em detalhes
É o nada ou Deus
Dele mesmo desvendou
Nem às bordas permitiu
Ouviu-se falar
Falar e velar
O fadigoso falar
O inútil dizer
Fenda que esconde
Esconde a tudo
E guarda no ermo
No ébano que o rodeia
Precipício onde se precipitam
A Morte e a Vida incontidas
Onde moram todas as raízes
E as raízes dos olhos e ouvidos
Depois de sentidos
É pra lá que vão
Repousar aqueles sentimentos
E renascem em vão
Somente quando completo
É capaz de, pelo menos
Imaginar num borrão
O que há pra lá do meio
E lança-se qual sonda
Qual espírito pairante
Sobre as águas então
Sorve todas as mágoas
E é feliz em descobrir-se
Em descobrir e abrir
E saber dessa profundez
À deriva no acaso
O tamanho a cor
E a beleza de querer
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Eu sim, assim
Sei lá
Não sei de mais nada
Nunca soube
Quis enganar-me
Por um tempo funcionou
Mas não convence mais
Quis ter o controle
Mas de fato
Nunca houve alguém
Que controlasse
Que contivesse
Que entendesse
Ninguém que pudesse
Estou no controle
De um carro
Em pleno capotamento
Estou no controle
De uma flecha
Que acaba de deixar o arco
Estou no controle
De uma nuvem
Levada pelo vento
Estou no controle
Da água
Que desce em enxurrada
Estou no controle
Da hora
Em que o sol de põe
Estou no controle
No controle dos vulcões
E de todas as chuvas
No controle do crescimento da grama
No comando da direção do vento
E do amor
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Felicidade Nuvem e Montanha
Olha só o tamanho da minha felicidade
Vê só o tamanho daquela montanha
Aquela nuvem alta como o que!
Grande, grande vê?
Quanta felicidade, contentamento
Pode espantar-se
Como é grande!
Ah, que satisfação...
Então a nuvem alta e grande
Com o vento parece estar ali
Parada, grande, sólida
E vai indo e leva consigo tudo isso
Viu só como é grande?
A minha felicidade
Explode como vulcão dormido
Dentro da montanha grande
E no final não sobra nada ali
Nem montanha nem nada
Viu só? Que tamanho tamanho?!
Essa minha felicidade
Que alegria tamanha!
Basta olhar para que se veja
A montanha, a nuvem, a felicidade
Isso tudo e tudo isso que há
E cada adjetivo parece estar ali
Não há felicidade nem minha nem outra
Sem a iminência do vento e da explosão
Que orgulho!
Vê só o tamanho daquela montanha
Aquela nuvem alta como o que!
Grande, grande vê?
Quanta felicidade, contentamento
Pode espantar-se
Como é grande!
Ah, que satisfação...
Então a nuvem alta e grande
Com o vento parece estar ali
Parada, grande, sólida
E vai indo e leva consigo tudo isso
Viu só como é grande?
A minha felicidade
Explode como vulcão dormido
Dentro da montanha grande
E no final não sobra nada ali
Nem montanha nem nada
Viu só? Que tamanho tamanho?!
Essa minha felicidade
Que alegria tamanha!
Basta olhar para que se veja
A montanha, a nuvem, a felicidade
Isso tudo e tudo isso que há
E cada adjetivo parece estar ali
Não há felicidade nem minha nem outra
Sem a iminência do vento e da explosão
Que orgulho!
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
O meu, todo o meu
Gastei o meu amor
Pelo visto todo ele
Parece que desapareceu
Sei que ele está lá
Deve estar, não sei
Não o vejo mais
Não o sinto mais
Não tem mais a textura
Outrora teve uma muito leve
Hoje liso, sem motivo
Gastei-o todo
Em temperatura ambiente
Nem faz diferença nem avença
Nem que queira
Num compasso de não querer
Descompassado passo a passo
Nesse tempo todo passado
Achei que era pra sempre
Não sabia que era assim
Que gastava de tanto sentir
E eu senti tanto o meu amor!
Por tanto tempo
Com tanta força
Que acabou, gastou
Mas eu não sabia
Haveria de ter feito economia
Como um copo de refrigerante
Que se acaba pelo canudo
Como uma nuvem ligeira
Que se acaba com o vento?
Mas sei que está lá
Quero que esteja, não?
Não é possível!
Mas se está
Porque não o vejo?
Porque não o sinto?
Porque não?
Hoje não sei mesmo
Nem de onde veio
Nem pra onde foi
Gasto, gastou
E o que hoje sinto
Do meu amor só
É a sua falta
sábado, 30 de julho de 2011
Eu não sei
Não sei fazer canções
Mesmo assim queria
Fazer você ouvir
Como é que canta a emoção
Enquanto penso você
Não sei lidar com tintas
Mas ainda é meu desejo
Fazer com que veja
Todas as cores impossíveis
Dos meus sonhos de você
Não sei esculpir mármore
Nem moldar bronze
Quem dera mostrar
Forma e volume em pura harmonia
Que meu olho só realiza em você
Faço mesmo sem saber
Versos de pé quebrado
Rima que rime não na boca
Mas que se aquieta sob você
Nos ecos do coração
Mesmo assim queria
Fazer você ouvir
Como é que canta a emoção
Enquanto penso você
Não sei lidar com tintas
Mas ainda é meu desejo
Fazer com que veja
Todas as cores impossíveis
Dos meus sonhos de você
Não sei esculpir mármore
Nem moldar bronze
Quem dera mostrar
Forma e volume em pura harmonia
Que meu olho só realiza em você
Faço mesmo sem saber
Versos de pé quebrado
Rima que rime não na boca
Mas que se aquieta sob você
Nos ecos do coração
terça-feira, 19 de julho de 2011
Se você, eu
Se você chuva eu arco-íris
Se você vento eu cata-vento
Se você jardim eu borboletas
Você tempo eu passatempo
Quando você riso eu lábios
Quando você pranto eu lenço
Quando você corre eu pressa
Você pensou eu já sou
Se você sol eu girassol
Se você flor eu beija-flor
Se você noite eu meia-noite
Em mim noite inteira
Você dia eu lua e estrela
Você o encontro eu o caminho
Você esperança eu à espera
Você festa eu alegria
Sempre você eu volta e meia
Se você teoria eu teorema
Se você poesia eu poema
quinta-feira, 14 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
Vida de domingo
Domingueiramente
Preguiçosa pachorrenta
Sem propósito sem assunto
E besta com ela só!
Nada de novo
Superfície e nada mais
Coleção orgulhosa
De sentimentos insossos
Sobrando tempo
Espaço na cabeça
A alvitrar algo novo
Intento inútil hoje
Alguma coisa boa somente
Se uma lembrança sua
Em seu sorriso
Aquele de covinhas
sábado, 9 de julho de 2011
Paixão confusão
O pecado de estar apaixonado
Neste afeto violento que afeta
Impulso que dispara o pulso
Imprecisamente preciso
Que nesse sentimento
Empenha todo sentido
Arranjo desarranjado dum perturbado
História de uma verdade
A confundir-se no remoque
Das amarras que libertam de uma vez
Num livre desejo de estar preso
Impressão viva de que morreria
Nessa lama, nessa louca lucidez
Pecado maior seria rechaçar a beleza
Negar-se a afagar
Quem no colo te deita
Cuspir quem vem te acarinhar
Morder a quem te beija
Paixão mote, verdadeiro fogo
Leve tempestade ventania que me avança
Florida terra arrasada, fim de jogo
Pra um coração sem qualquer lembrança
Do que se foi antes de acontecer tanta coisa!
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Escapo
Escapo do mundo
Das coisas e pessoas
E eu escapo
Escapo de mim
Vou lá pra ser
Tanta coisa importante que fica
Quando o desejo
De bater a porta
Pra gente se olhar em silêncio
A pensar levemente
Num mundo inteiro
Em breve pausa, lá fora
Na espera do destrancar
Da Porta abismo de minha fuga
Da tranca do tempo
O que me demoveria?
Se me falta o ar
E sem você nem sou eu mesmo
Num quarto, no escuro
Só vivi e sobrevivo
E só escapo em você
Das coisas e pessoas
E eu escapo
Escapo de mim
Vou lá pra ser
Tanta coisa importante que fica
Quando o desejo
De bater a porta
Pra gente se olhar em silêncio
A pensar levemente
Num mundo inteiro
Em breve pausa, lá fora
Na espera do destrancar
Da Porta abismo de minha fuga
Da tranca do tempo
O que me demoveria?
Se me falta o ar
E sem você nem sou eu mesmo
Num quarto, no escuro
Só vivi e sobrevivo
E só escapo em você
domingo, 3 de julho de 2011
Quem é você?
Quem mais poderia
Acender as luzes desta forma?
E me tirar do meu breu
Quem mais poderia?
Aliviar assim toneladas
Num único sorriso
Um sorriso que dá com os olhos
Numa preocupação
Irritantemente genuína
- Quem?
Se n'algum dia
Eu puder descobrir
Quem é você?
Que é assim?
Sem pernas e sem asas
Corre e voa, e voa e corre
Que diz que aprende
Mas que não pára de ensinar
Terá sido bom
Mas não saber
Quem sabe? Não sei!
Seja melhor
Acender as luzes desta forma?
E me tirar do meu breu
Quem mais poderia?
Aliviar assim toneladas
Num único sorriso
Um sorriso que dá com os olhos
Numa preocupação
Irritantemente genuína
- Quem?
Se n'algum dia
Eu puder descobrir
Quem é você?
Que é assim?
Sem pernas e sem asas
Corre e voa, e voa e corre
Que diz que aprende
Mas que não pára de ensinar
Terá sido bom
Mas não saber
Quem sabe? Não sei!
Seja melhor
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Vem
Venha cá minha brisa fresca
Minha nuvem branca leva-me
Cobre o sol, a lua
Refresca o ar
Nem quero saber do vento ou do tempo
Concorrentes a te afastar
Quero sua sombra sempre branca
Enquanto puder
Sentir o seu hálito
E de olho nos seus olhos
Ouvir seus ais mais sussurrados
Minha branca nuvem
Será minha assim
Sempre enquanto for assim
sábado, 25 de junho de 2011
Uma pena
Meus versos só meus
Como atirar pedras em aviões
Fracas, não fazem sentido
Se isso que se tem sentido
Que é tão duro
Eu sei, acredite
Endurece olhos abafa ouvidos
Afia palavras acirra ânimos
Confunde toda alegria
E tem tanta força
Quando muda o passado
Questiona o futuro
E que ao que parece
É a única coisa que há
Se não vê saída
Só meus, são toda minha arma
Minhas sandálias, não são balas de fuzil
São só palavras minhas, de uma pena
quarta-feira, 22 de junho de 2011
"Morver"
Seres humanos
Ser humano
Seres para morte
Vive pra quê?
Vives onde?
Vive indo
Pra não voltar
Pra medir o mar
Pra ir
Vai buscar
Vai procurar
E vai
Ser humano
Seres para morte
Vive pra quê?
Vives onde?
Vive indo
Pra não voltar
Pra medir o mar
Pra ir
Vai buscar
Vai procurar
E vai
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