segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Um Réveillon


Ciclos sempre feitos
Alimentam nossas esperanças
Querem manter o queixo pesado apontando para o horizonte
O mais longínquo e mais atraente

O ferrolho do mês é feito de bronze
O cadeado do ano é de prata
A fechadura de uma década é puro ouro
Valores meticulosos fixados pelo mercado

É o capítulo que fica atrás
A página que jamais volta
Contar o passar do tempo
Criação cruel do homem

Coisa mais clichê!

Suas rápidas e afiadas divisões
Engrenagens assassinas se você pára no caminho
Segundo encaixa-se no minuto
Minuto que trabalha com a hora

Hora rodando junto com o dia
Dia e mês sempre bem azeitados
Mês que faz andar o ano
Este esquema infalível é até bonito

Quando não fizermos tal diferenciação
O dia primeiro será janeiro
Cada janeiro será o ano zero
O fôlego de renovo deixará o queixo leve e aprumado

Mas os eixos fora de centro
Fazem variar de modo que não dá pra acompanhar
Não nos permite entender ou acostumar
Sempre esmagam pés e cabeças

Aqueles que se acham adaptados
Trazem o marechal no pulso e o coronel na carteira

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Andando no telhado

Andando no telhado dos meus pensamentos
Pude avistar algo que não se vê do chão
Um bando de gralhas afinadas que voam juntas
Elas têm as pernas longas e as asas curtas

Suas penas têm a cor do sol
Os bicos e pés vermelhos como o sangue
Seu vôo parece impossível mesmo voando
Caminham leves como eu deveria fazer cá de cima

Meu maior medo é não poder ficar e ver a beleza
Ouvindo o cantar afinado, bálsamo aos ouvidos feridos
Sob meus pés queima o telhado quente ao sol
E por baixo do telhado você sua

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Missivas aladas

Escrevi missivas encomendadas
Palavras de depois da chuva
Cheirando a sei-lá-o-que de carinho
Dignas das vitrines mais enfeitadas

Caprichosamente polidas, escolhidas luvas
São o alento do que poderia
Não é, mas poderia
Pequenas são pedras pequenas

Pedras constroem castelos

Pequena missiva já miúda
De encomenda
Desimportante pela pena de quem escreve
Importante pela bagagem às costas

Quem sabe revelem
Algo que diga definitivamente
Não há nada encoberto
Nada a descobrir, nada à sombra.

Podem me dizer e não a ti
Pelo ponto de vista
Podem lhe dizer e não a mim
Pelo ponto de vida

Quem se reserve
Ocupação de quem não tem
Nada há fazer
Já é tudo feito

Quando chegar lá lembre de mim

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Em posição

Encarar a realidade de forma serena
 
Evitar sobressaltos evitáveis
Não criar novos problemas
 
São tantos, pra que mais?

Respirar sem desafinar
Colocar legendas em todas as fotos

Fazer questão de entender cada verso
 
Decorar toda a letra da canção e cantar

 
Abrir bem os olhos, ver, ouvir e sentir
O rodear do ar e tudo o que vem com ele

Buscar saber do que é feita a flor
 
Não querer saber do que a dor é feita

Respeitar diferenças respeitáveis
Desafiar limites desafiáveis

Certificar-se das regras
 
Entender o tom


Escolher estar e permanecer
Perceber a diferença que há nisso
Não deixar de acreditar

São tantos os verbos certos, meu Deus!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Ou vai ou racha.

Pode ser um poeta feliz? Viver pleno e com poucos conflitos? Ou será que a tradição é tão forte que não permite, em suas mãos de aço milenar, que o gênio possa produzir estando pleno de si, de sua visão e sentimento perante o mundo? É a tensão o combustível fundamental para a boa produção literária? Especialistas em questões, e como sou repetitivo em citar cito Quintana que disse serem mais importantes as perguntas certas do que as respostas certas e sem saber assim ele aquietou várias questões inquietas em minha alma, os homens, estes sacos de problemas, em outra digressãozinha posso comentar que vários destes problemas não existiriam se não nos preocupássemos tanto com a profilaxia, se alimenta em sua alma das questões e tensões criadas por uns e resolvidas por outros, e algumas jamais decifradas. E ficamos nesta masturbação mental pra citar Gabriel, sem, no entanto, em algumas oportunidades, chegarmos ao gozo de modo algum. Fico feliz em não ter prometido respostas, garanto apenas perguntas! Mas tenho estado feliz e repleto. Seria isso motivo de vergonha para alguém que se diz, ou se acha crítico e consciente daquilo que nos rodeia corpos e cabeças? Outro dia disse que havia encontrado a Paz, disseram-me que isso era sinal de conformismo e de um comportamento como o do gado que caminha para o matadouro, cabisbaixo, quieto e passivo ao cutelo afiado. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão quanto a isso, opiniões todos têm, ou deveriam ter. O fato é que cheguei lá, estou assim em paz e pleno, agora basta ver como é que se comporta minha pena frente a esta realidade. Tenho colocado minhas lições em pratica, concentro-me em aquilo que ocorre em meu redor, ouço e vejo humilde. Há bem pouco tempo, eu resolvi parar de escrever, ia abandonar a pena, sentia minha garganta estreita, minha língua áspera, não estava nada satisfeito como as coisas que fazia ao papel, não o achava merecedor de tão profundo destrato. Mas enfim, estou eu aqui novamente ferindo com a pena. Não tive coragem de abandoná-la. Não sei na verdade o que espero disso, e se espero alguma coisa, ou se devo esperar algo, enfim. Vou observar quanto mais hermética fica a escrita com a presença de felicidade, pois ao que parece este é o caminho que as coisas estão tomando. Vai chegar o ponto em que o colapso será inevitável, o que vai espirrar quando tudo explodir é a única coisa de que ainda não sei bem certo, de qualquer modo, vou me sentar confortavelmente e ver no que vai dar, como quem assiste a um desastre de trem.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Perdido

No embaraço da perda

O lusco fusco reluz

Limbo doura-se

Ivalorado se supera


Aquela certeza habitada e desalojada

Deixa somente dor

Ardor

A dor de ver

O que era seu deixar de ser o que se foi


O bronze que se perde brilha mais do que o ouro que se tem

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Flash

As coisas as quais penso
Ninguém pensa
E se passam pela minha boca
Nem mesmo penso eu

Muitas, talvez algumas vezes, perdemos a oportunidade de produzir alguma coisa boa, ou ao menos algo perto disso pelo simples fato de que não temos um papel pra anotar na hora em que elas surgem.

Pois elas surgem como espinhas, mas ao contrário destas, aquelas se não forem espremidas desaparecem. O que é uma pena, tanto para as espinhas quanto para as poesias.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Escrevo pelos maus poetas


Não escrevo por mim ou por você
Aliás, se há alguém por quem não escrevo
Esse alguém é você 

Não escrevo pelo Amor
Nem pelo Ódio, rancor ou raiva 
Nunca pela saudade, ou dó 
Nada disso me deu motivo

Escrevo não para ser reconhecido
Estudado analisado dissecado, não! 
Escreveria então pra mim 
Eu não existo

Escrever pelos maus poetas 

Pelos bons Poetas eu morreria
Eu morro!
Os bons jamais morrem 

Saber que se pode ir além
Em uma simples inversão
Uma Inversão Simples, a Subversão 

A escolha apurada da palavra 
Cada uma delas merece atenção 
Tal que os maus e eu não sabemos dar

Não vou, mas se eu fosse 
Subindo às nuvens escuras da pretensão 
Escolher um motivo para escrever 
Escreveria pelos maus poetas

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Liberdade Vigiada

Fique à vontade

Saiba que estou te vendo

Não há um canto aí onde eu não te veja

Mas não se preocupe, eu cuido de tudo

Aí dentro pode ir onde quiser

Sente e se recoste, deite-se

Podes chamar seus amigos

Organize uma festa

Sinta o que quiser sentir

Se precisar de alguma coisa estou por aqui


Sempre estarei por aqui

Não saio daqui

Aliás, aí pode ir e vir

Não sei se já te disse, aí tudo é seu

Aí dentro pode fazer o que preferir

Durma um pouco

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

À espera do próximo passo.

Quando pensamos que acabou
Surge algo que se parece com nada
O estomago congela

 
Expectativa pelo próximo movimento:
Movimento que tem tanta chance de acontecer
Quanto de não acontecer
Várias voltas me dizem
Que nem sequer houve o primeiro

 
Mas se houve um aqui dentro
Já há motivo de se lamentar
E o pior de tudo isso
Há então motivo para se esperar

Esta espera cadeia
Grilhão inquebrável encerra o pensamento
Na ponta da corrente a bola de ferro chama-se Esperança!
Pesa pés e mãos, coloca um nada como sentimento

 
Esperança desesperada
Esperar no caos não é mais do que isso

Meu único inútil alimento


É te provocar.

domingo, 1 de outubro de 2006

Eu mesmo

Como eu faço para ser o outro?
Agir como o outro?
Vestir-me como o outro?
Andar como ele?

Quero ser o outro e falar coisas belas
Viver entremeado a elas como se fossem verdades
E acreditar
Acreditar, quero acreditar que pode ser
Que pode ser além, que pode ser maior
Acreditar que posso pensar além da margem

Dar às idéias peso tal que flutuem
Assim como o outro faz

Desisto de ser quem sou, quem era
Por ora não sou o outro
Mas também não sou o mesmo!
Prefiro o hiato, o nada, o não ser
Vou à busca do caráter do outro
Terei a mente do outro. Eu pago!

Palmilhando o caminho da mudança
Faço planos para a roupa que vestirei

Com que perfume sairei
O outro é tão mais bonito do que jamais serei!

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Viver & Sonhar.

Sonhar é melhor do que nada
Viver é melhor do que sonhar
Assim já disse o poeta
E é melhor respeitar
Ele conhece a máquina da vida

Por outro lado, ou pelo mesmo lado
E de um ponto de vista diferente
O sonho faz parte da vida
Sonhar não implica em não viver
Não viver não implica em sonhar

Desafio a qualquer um que se proponha
A viver sem sonhar
Que volte pra me contar como foi!

Convoco aos idealistas de plantão
Sonhar, sonhar e sonhar e nada viver
Quero ver se o sangue correrá
Nada será por muito tempo

Tempero é o segredo.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Hoje foi assim

Acordei mais cedo do que o normal

Levantei mais bem disposto do que o usual

Meus olhos mais claros

Minha voz mais límpida

Os ouvidos mais calmos


O tempo, ele me sobrou

O ar parecia mais fresco

O céu mais azul

O sol mais confortável


Tive medo de me acostumar

Dias mais longos e felizes

Nunca foi o meu forte


Satisfeito ao enfrentar a rua

Percebi que não era sonho


Na simetria do não ter planos

O calçamento desenhado em balões

Guia os meus passos da Cláudio

Nos calcanhares o equilíbrio

E desequilibrado penso no final

Em estar livre da consciência


Neste ir e vir de idéias e palavras

As horas vão de minuto em minuto

E o céu abandona o azul e veste luto

Perece que entende o meu drama


Saem viçosas estrelas

Conversadeiras alegres

Em volta da lua de mim debocham


Entendem que mesmo de longe

Eu continuo com você aqui

Editoriético Poeteral

Em busca de algo que perdi
Garimpando Edições anteriores
Deparei na memória minha
Um distante abril aberto em poesia


Em busca do fôlego perdido
Trôpego fendido e absorto
Descobri aquilo que já sabia
Passamos um ano e meio nesta curta mais-valia!

dizia, o nobre timoneiro.
Tudo que é escrito possui um sentido.
Seja lá qual for o que você prefira
Querendo, ela poderá ser sua amiga.

Conclamo aos passageiros desta nau
Descubram o poder das palavras combinadas
E a profundidade
Desta fenda chamada alma

É agora, fique na ponta dos pés
Estique o pescoço fique de frente
Com tudo aquilo que de fato és
Coragem, apneia e desejo

São estas as matérias que o compõe
Sendo homem ou saco de batatas, covarde!
Não temas bulir no intocável
O segredo está em nomear o inominável

Seguem autores versadores ou prosadores
Audazes singra-mares
Empunhando seus floretes
Exercem a arte de jogar com as palavras

E de minha parte, o que me toca
Deixo-vos estes últimos como afronta:
Estou com dificuldades na prosa
Os versos estão me tomando conta.

E permitam-me algumas delícias Quintanianas Do caderno H:

As Indagações:
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

Contradições:
... mas o que eles não sabem levar em conta é que o poeta é uma criatura essencialmente dramática, isto é, contraditória, isto é, verdadeira. E por isso, é que o bom de escrever teatro é que se pode dizer, como toda a sinceridade, as coisas mais opostas.
Sim, um autor que nunca se contradiz deve estar mentindo.

Cuidado:
A poesia não se entrega a quem a define.

Fatalidade:
O que mais enfurece o vento são esses poetas invertebrados que o fazem rimar com lamento.

O Assunto:
E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa.

O Poema:
O poema essa estranha máscara mais verdadeira do que a própria face.

O Trágico Dilema:
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.

Sonho:
Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Vida:
Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.

Colhidas a reveria em Releituras.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Mudança

Olhando a espuma no rosto pelo espelho decide mudar a aparência e arranca o nariz com a navalha.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

O olho

Fiquei observando Vi seu ir, seu vir, ir e vir
Sua conversa com as pessoas


Seu gesticular, articular


Curioso, não precisei ouvir
 
Os olhos ouviram
Minha pele sorveu o sorriso

Sorri de canto


A Mímica que encanta
Seu leve balançar balança


O seu desfilar desafia

E leva consigo minha consciência

De trás da vidraça sinto-me protegido
 
Suas ameaças de encanto não alcançam ali
Mas cativo de pensamento algemado


Levo sua figura para minha cama



Acordo suando

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Abismo de querer

- O que querer? Encontrar o segredo da INVENÇÃO num amálgama sadio entre as infecções tradicionais? Escarrar nos calcanhares da etiqueta e buscar no viço desta idéias uma forma para a nova REVOLUÇÃO estética?

 
- Se a revolução estética vier a reboque disso tudo, ficaria satisfeito. Mas não a tenho como alvo, e sim os novos pensamentos e novos modos de postar-se frente à noção corrente do que é certo.

 
- Do que é certo... A moral também traz ao peito muito pigarro; a diferença é que ela costuma engolir, junto com os pensamentos.

 
- Acredito que temos que dar nome às coisas, nomes tais que todos possam minimamente ter alguma apreensão, mesmo que para isso, os termos usados forem menos do que medíocres, e não encerrem uma idéia. Este é o caso de "certo"

 
- Conhecer-se é morrer... Saber é ver o que antes era certo tornar-se duvidoso... Portanto morto e cheio de dúvidas, volto a ler... Antes que me canse de morrer...

 
- Não pretendo que isso se pareça com algo que não se parece com nada. Pretensões todos têm afinal desejos são a água do rio de nossas vidas, planos não precisamos cultivar, pois eles nascem como capim após a chuva, mas se eu pudesse, sei perfeitamente que não posso, mas se eu pudesse fazer planos, desejar algo ou pretender alguma forma para isso, seria uma forma nova. Se eu entendesse isso, eu perguntaria: Isso é possível?

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Guerra

Isso aqui está muito ruim. Desde que há muito tempo, desde que há anos o dia começou chuvoso e chumbo.

Como isso mexe com os humores! Quase tão poderoso quanto a lua na maré. Aperto os dentes até me doer a cabeça. Vibrar de ódio, pensamentos fixos, olhar vidrado, vidrando mármore negro. Água fria, vento frio. Noite o dia todo.

Não vejo o fim, não há fim. Minha esperança.

Sobre e desce, passo firme, pernas bambas. Fome frio e asco. Nada muito profundo, mas tudo com a marca d’água do vazio, do sem-sentido; guarda-chuva sem tecido. O lixo do homem.

Penso pensamentos descartáveis, descartáveis soldados rendidos. Uma trincheira cheia de cadáveres jovens - Inocentes? Nunca.

Sair de farda, sair da farda. Poucos, muito poucos estão armados, ou são preparados para enfrentar e estreitísse da garganta ou a acidez de saliva, e então morrem entrincheirados e jovens, inocentes jamais! Quem veste farda não é inocente, mesmo sendo, não é.

Coisas do noite-a-noite não são guerreiros, são obrigação, para isso é que estás aí.

Mas guerra é guerra, e quando o toque de recolher acolhe estes mimos, é hora de encarar, encarar o espelho. - Opressão? Não! Opressão eu como no café da manhã, isto é muito mais! Amassado como latinha, enlatado como sardinha, temperado com óleo, pó, e cinza-chumbo, prata suja, ouro velho. Meus pés estão molhados, meus olhos congelados, gelo de água suja, cinza-chumbo, prata suja, o ouro novo como velho.

Enquanto falamos soldados morrem na boca para serem cuspidos, na trincheira serão esquecidos, na garganta engasgarão até a morte de seu autor. Este sim um inocente!

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

D. Saudade

Foi um ano de Saudade
O vazio sem fim perdura infinito abismo sem eco.

Neste tempo muito mudou e várias coisas ficaram sem conversa.
Assuntos que só caberiam em um papo nosso: Órfãos como eu.
Dá medo olhar a linha do tempo e ver o seu rastro se apagar.
Dá medo ver que a ponta de sua linha vai ficando no horizonte atrás.
Vai ficando mas nunca fica.

Hoje minha Saudade é uma mala onde se escondem o nossos olhares.
É uma Senhora de respeito a quem peço licença.
Pra ela eu gosto de falar as coisas reservadas a você.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

terça-feira, 11 de julho de 2006

Intertextualidades eletrônicas

Luciana Arroyo diz:Fala comigo!

Marcos Pedroso diz:Falo sim

Luciana Arroyo diz:Ainda bem!

Marcos Pedroso diz:É sempre um prazer.

Qual assunto, o tempo?

O mar?

O coração?

A paixão?

Ou tudo junto?

Como na poesia!

Podemos juntar um entardecer.

Cor de laranja, fica bonito!

Luciana Arroyo diz:rs

Marcos Pedroso diz:Eu gosto.

Luciana Arroyo diz:Ah, eu tb.

Marcos Pedroso diz:Se a noite vier com uma Lua cheia néon.

Ainda melhor.

Luciana Arroyo diz:Entardecer cor de laranja é sempre bom, putz, nem fale!

Luciana Arroyo diz:Ou melhor, fale!

Marcos Pedroso diz:Nuvens.

Poucas.

Mas nuvens.

Brancas e cinza bem clarinho.

Luciana Arroyo diz:Céu com nuvem?

Marcos Pedroso diz:Sim.

Poucas.

Pra Lua poder descansar um pouco.

Luciana Arroyo diz:Ela merece né?

Marcos Pedroso diz:Sim, e deve ficar envergonhada por vezes!

Luciana Arroyo diz:Envergonhada por ser tão bonita e brilhar num mundo tão difícil?

Marcos Pedroso diz:Não!

Marcos Pedroso diz:Por isso ela fica orgulhosa.

Vergonha de apesar de ser assim tão bonita, encontra belezas tão belas ou maiores do que as 
suas...

Quando, por exemplo, você vai à rua de bom humor e bem penteada!

Luciana Arroyo diz:hahahaIsso tá ficando bom!

Marcos Pedroso diz:Quando vc rí assim a Lua treme.

E o vento cessa, ao menos em meu mundo!

Luciana Arroyo diz:

A lua brilhava vaidosa

De si orgulhosa e prosa com que Deus lhe deu

Ao ver a morena sambando

Foi se acabrunhando então adormeceu o sol apareceu

Luciana Arroyo diz:Conhece?

Marcos Pedroso diz:Sim...e esta é a idéia.

Na academia.

Dão o nome a isso de intertextualidade.

terça-feira, 4 de julho de 2006

Apaixonado brasileiro

Pensei em escrever alguma coisa séria
Falar sobre a tristeza brasileira
E analisar o interesse da pátria pelo futebol
Em comparação as poucas luzes que a política recebe
Mesmo em ano de eleição, a copa é do Mundo
Mas estou triste
Feliz um dia com a repatriação dos argentinos
Triste quatro anos pela saída de nosso time da Alemanha
Pois pra cá ninguém veio
Eles não compram com Real
Real lá é Real, do Rei mesmo
Fiquei triste e azedo
Não vou poder ir para casa mais cedo
Já tinha feito planos para o próximo jogo
No Brasil não deveria haver voto obrigatório
Obrigatório aqui só o jogo da seleção
FCIA - Felicidade Carnavalesca Internacional Associada.
Carapintada matracas bandeiras e até o Hino
O mais lindo hino do mundo
Oh minha triste pátria amada
Daqui a quatro anos voltamos a ficar apaixonados

terça-feira, 27 de junho de 2006

Fogo

Numa laçada vão-se os olhos

A esta altura o pensar já é cativo

Coisa como esta impensável

Não há como prever

Evitar impossível


Nas mais loucas fantasias

O Super-homem diamante

Imune à criptonita

De frente ao espelho:

- És forte, inquebrável


Esta trama, véu sobre a cabeça

Confunde clareando o pensamento

Alimenta o ego e o engana

Faz forte o fraco

Castelo de areia perto da água


Sua onda chega

Alaga, toma, derrete, derriba

De assalto ou de prévio aviso

Não importa

Os efeitos são todos seus


És flexa do Aquiles calcanhar

Como deter o vento que vem do mar?

Indefesa Pompéia aos pés de Vesúvio

No peito escorre o magma

No afã de viver morre em carbono

terça-feira, 20 de junho de 2006

Caro

É claro e evidente aos olhos de quem vê
O feitio bem propositado dos conformes
Angulares e curváticas, harmoniosos encaixes
O ardilo perspicaz e o pensamento aguçado
Algo que sem qu nem por que pede
Completância necessária fundamental e imperativa
Se quando tenros se acha difícil de acreditar
Amadurecendo e amadurecidos se reconhece
Que é ar, água ou luz. A dependência
Mas sempre há um vento que sopra contra
A felicidade é ameaçada e rompida
Recostado em sua nuvem Cupido lança um olhar lamentoso
Mesmo dependentes e desejosos negam-se
Burlar a natureza e sua ordem tem um preço
Algo desta monta não sai barato
Está tudo posto, o Jantar Vinho e Velas
Cabe a quem tem fome servir-se
Preferes ter fome e beber água
Desejar e se negar, esta é a sua postura
Beija e cospe, tudo ao mesmo tempo
O estomago deseja e os braços afastam
Seja viril ou resistente
Bela ou bem composta
Vais chorar sangue por seus vãos pecados contra o Amor

terça-feira, 13 de junho de 2006

A assembléia dos estudantes de letras

São Paulo, 13 de junho de 2006
A assembléia dos estudantes de letras
No dia 8 de junho, início deste mês, deflagrou-se uma greve dos funcionários da Universidade de São Paulo, apoiados pelo SINTUSP – sindicato dos trabalhadores de USP. O movimento iniciou-se com uma paralisação no dia 5 para as assembléias dos trabalhadores e decisão pela grave enfim.
A reivindicação dos trabalhadores é por aumento de salário, mas o que nos preocupa e preocupa outras faculdades, como a UNESP e UNICAMP é o corte no repasse das já escassas verbas estaduais para educação.
Os trabalhadores parados são responsáveis por serviços fundamentais dentro do campus da USP capital: bibliotecas, o circular, circulento ou secular – ônibus que roda gratuitamente dentro da cidade universitária, param também as salas pró aluno – computadores e internet, raros, mas de graça, o bandejão – que é o restaurante central, assim como o da química e o da física, e outros serviços que eu talvez desconheça.
Resumindo: coisas de pouca importância. As únicas coisas que não param são as aulas, mesmo porque os professores decidiram por não apoiar a greve, discordam com a época em que o movimento se dá, afinal estamos em fim de semestre, e porque os históricos dos resultados das últimas greves em que os professores se meteram foram, pra dizer o mínimo, ridículas.
A assembléia: O CAELL – Centro Acadêmico de Estudos Literários e Lingüísticos “Oswald de Andrade” convocou os estudantes para decidirem o apoio ou não à greve.
Aconteceu em frente ao prédio da faculdade de letras, convocados sala a sala, a grande maioria dos alunos costuma não se mexer, pois, além dos professores que não arredam pé das aulas e quem sair está por conta própria, há pouco interesse no geral.
Como sempre a reunião seguiu esvaziada ouvimos opiniões, a maioria pró greve, sobre greves passadas, a necessidade de apresentarmos uma outra proposta além da greve, a reestruturação da educação no país, como as verbas são divididas entre as faculdades da USP, a inviabilidade de um movimento fendido, e assim por diante. Vale registrar a participação dos oportunistas de plantão que vão ao plenário e levam o nome de seus movimentos políticos sempre presentes.
Arrastada por falas repetidas dos estudantes, no limite máximo de três minutos, a assembléia foi até o horário do intervalo das aulas. O momento da votação, momento esse que foi adiantado pela massa irritada com os discursos rotativos, prolixos, e inertes, coincidiu com a hora em que todos aqueles alunos que não se interessaram em sair das suas aulas para fazer-se representar na decisão final estavam fora das suas salas.
Resultado: Votação apertada, 59 votos pró greve e 149 votos contra e 5 abstenções.
Algumas propostas foram aprovadas por consenso:
  • Paralisação das aulas no dia 14/06, tendo em vista o ato público na assembléia legislativa ALESP – Este é o dia D, dia da votação do orçamento para a educação, que tem como proposta não só não aumentar a verba como o corte delas.
  • Que a comitê de mobilização da letras incorpore a discussão de uma comissão que gerencie as verbas da universidade, e que seja aberta sob controle de estudantes, funcionários e professores.
Os trabalhadores estão completamente sós nesta demanda. Vale para reflexão.
Meu voto foi contado com o número 125.


terça-feira, 6 de junho de 2006

Grandes Encrencas (definitivamente não acabo)

- Mas não podemos parar. Devemos seguir caminhada, pois parados somos alvo ainda mais fácil para o que quer que viva nestes corredores.
Tomando a palavra, um guerreiro visivelmente experiente de olhar austero, e que até agora só observara, colocou-se em pé, e altivo disse:
- Guerreiros, a luta mudou de aspecto, agora não é mais simplesmente uma busca de tesouros e histórias aventurescas para contar às moças na taberna, agora estamos em busca de sobrevivência! Perdemos homens valorosos pelo caminho, e não sabemos ao certo a quem temos por inimigos. O que sabemos é que somos os intrusos e que precisamos nos organizar.
Demonstrando a experiência exibida em sua face, o guerreiro dividiu o grupo em camadas. Os que vinham mais atrás tinham toda sua atenção voltada para a retaguarda, incumbidos de andar de costas se necessário. No centro os mais fracos e à frente os mais fortes. Todos já se sentiam confortáveis sabendo mais ou menos o que fazer.
O guerreiro de primeira viagem acabou ficando na última camada, perto dos que estavam na retaguarda. A cada barulho apertava o punho da espada. Tentava esconder a irritação, a exemplo dos mais experientes até que uma mão enluvada tocou o seu ombro.
-Acalme-se meu rapaz! A morte é só uma passagem. Depois que o barqueiro nos conduz, tomaremos vinhos sentados a uma mesa farta. A morte é o prêmio do guerreiro.
A voz vinha do fundo da barba do guerreiro austero. Tinhas os olhos fundos e o cabelo, empastado pelo suor, escorria lhe pelo Elmo de asas de falcão.
- Não tenho como esconder que estou nervoso, senhor. Admito que não tenho experiência com armas. Apenas no que tange sua confecção. Retorquiu o guerreiro.
- Filho, experiência com armas se ganha lutando e praticando. Agora, nem as gemas mais raras compram a coragem. Se não tivesse visto a pedra que você arremessou contra aquele bicho, não falaria coisa de tal sorte.
E conversaram. Nesse ponto, o guerreiro novato começara a se acalmar e por instantes até esquecia das paredes rochosas e dos feiosos lá de cima.

terça-feira, 23 de maio de 2006

O Caos Interno, Um Caos

Quando pensei um segundo, milhares de mil idéias compunham um grande mosaico de cores e formas que poderiam, sós, encher uma vida de duzentos anos num segundo.
E aqui em meu estomago tive um sentimento que era composto de doce e salgado, amargo e azedo, tudo junto e o mesmo tempo aqui onde as idéias se encontram com os sentimentos.
Se isso tudo se mistura e eu caio na besteira de tentar falar, minha boca dura e estreita mastiga tudo junto com a língua e quebra tudo o que poderia ser e por isso mesmo não é.
Sentado de pé deitado no escuro clarão de meus olhos fechados de rancor, súplica e angústia, vejo o sangue de minhas pálpebras finas sob a luz das luminárias que ofuscam os olhares sãos.
Sei que se um dia eu for capaz de ir lá onde estou lá bem no fundo de onde me escondo, e se lá, um dia, procurando encontrar-me, certamente terei um choque ao ver me, e do enfrentamento com meu eu de fato só restará a amnésia do desmaio e a volta sem lembranças, as quais só terei nos sonhos mais esporádicos e impossíveis de se entender.
Quem sonha sabe que isso é um reflexo daquilo. Eu, ultimamente, não tenho lembrado de meus sonhos!

terça-feira, 16 de maio de 2006

Grandes Encrencas (Que insistência!)

A pedra acertou bem na têmpora de um dos bichos de orelha pontuda.
Logo este cambaleou e a espada do adversário entrou-lhe pelo ventre. Caiu no chão com as vísceras rasgadas e o sangue púrpuro escorrendo pelo buraco da espada e pela pedrada que lhe lavara a cabeça e o tórax de sangue.
Quando foi abaixar para pegar outra pedra, sentiu que algo parou na sua frente. Logo sentiu uma pancada na cabeça, quando voltou a si, estava debaixo de uma criatura igual a que acabara de matar, lutando para afastar o punhal que estava prestes a adentrar seu peito. De repente a criatura desfalecendo amoleceu, depositando todo seu peso sobre ele, neste momento sentiu-se quente, era o sangue do morto que, atacado pelas costas, escorria pelo seu tronco.
Vendo a possibilidade de ficar vivo, e arrependendo-se da intromissão em uma briga pessoal, acomodou-se debaixo do mostro que o cobria, de modo a conseguir respirar e ver a batalha. "Melhor eu ficar quietinho até isso aqui acalmar".
Agora com as tochas que os monstros carregavam caídas e espalhadas pelo túnel e a posição afastada do epicentro da luta, sua visão estava melhorada.
Eram todos horríveis e fortíssimos, o grupo de seus cicerones era formado por seres de pele lisa verde-musgo e focinhos protuberantes além das orelhas de morcego. O grupo de oponentes era ainda mais horripilante, peludos, marrons e pretos, cabeças grandes, usavam como uniforme um avental púrpura, nas mãos, espadas e escudos aparentemente feitos todos na mesma forja, "estes sim de bom acabamento", pensou mais uma vez o armeiro.
A batalha era violentíssima, e os peludos levavam vantagem quando ele fazendo uma força descomunal conseguiu se desvencilhar do peso que o cobria, e correr em desabalada carreira túnel abaixo, à exemplo de seus companheiros.Por muito tempo continuaram a correr. O Ar quente fazia arder os pulmões a cada inspirada. O barulho da batalha foi diminuindo, mas mesmo assim a fuga continuou em ritmo acelerado corredor abaixo. Não sabem por quanto tempo correram. Só parou quando viu um de seus companheiros caído no chão e aparentemente desacordado. Era um dos sujeitos de túnica. Usava uma branca, mas que agora estava tingida de terra, sangue e cinza das tochas.
Parou, todos pararam. Era um lugar onde aparentemente o corredor era mais largo, quase como uma sala. Os homens aglomeraram-se em torno daquele que caíra. Enquanto encaminhava-se para também ajudar, verificou que ninguém trouxera tochas, no entanto havia luz no ambiente onde pararam. Espantado ele reparou que a luz vinha de mais adiante, viu também que as paredes a partir daquele ponto eram lisas e bem acabadas, assim como o piso que começava a formar desenhos geométricos regulares.
"O que será que isso significa? Primeiro aquela guarda de peludos, e agora isso!" Antes de se perder em pensamentos, auxiliou o caído e chamou os homens restantes para uma, já tardia, conversa.
-Seja lá para onde vai este túnel, precisamos permanecer juntos. Disse ele para o outro guerreiro que ajudava a acudir o caído.
-Precisamos nos recompor logo para continuar a descer.
- Se conseguíssemos achar uma outra saída para a superfície... Respondeu o Guerreiro ainda ofegante.
- Acredito que não há outra saída a não ser por este caminho. Sussurrou o companheiro caído, agora se recompondo da corrida.
- Esses calabouços já têm lendas suficientes para eu ter certeza do que vamos encontrar lá em baixo. Há quem diga que existem riquezas e outros dizem que há a morte, mas o fato é que poucas pessoas voltaram e uma delas foi meu mestre.
Enquanto o mago falava, os companheiros ajudavam-no a levantar, e à medida que falava o temor e o desespero eram trocados pela curiosidade e vontade de seguir adiante.

terça-feira, 2 de maio de 2006

Grandes Encrencas (Continuou!!)

Acordou não sabe quanto tempo depois, estava sendo carregado nas costas por um ser de pele escura, gelada, e úmida. Não pode levantar a cabeça, sentia uma dor na nuca como nunca houvera sentido antes, o ritmo da caminhada era frenético, e pelos sons ao redor o ambiente era fechado e faziam parte de uma caravana; o grupo que caminhava junto era grande e barulhento, o ar era quente.
Com a visão embaçada pela pancada, tentou analisar o chão para ter uma noção melhor do local. No entanto, a dor que ainda esmagava a sua nuca não cessava e o passo turbulento da criatura deixava a tarefa mais difícil. Raramente ouvia alguns grunhidos guturais vindos das criaturas e de tempos em tempos sentia um odor fétido de restos em decomposição, misturados com o suor da criatura e o cheiro de mofo das peles que circundavam o que parecia ser a sua cintura.
"Estamos descendo", pensou ele, quando o corredor fez uma curva para a direita e o ritmo da caminhada mudou para algo parecido com o descer de uma escada. A escadaria durou por muito tempo e o ar tornou-se mais respirável, não menos quente.
Enquanto desciam à escada, não pôde deixar de ouvir barulhos familiares. O tintilar de peças metálicas, estampidos abafados como se alguém usasse um enorme martelo de madeira, e o ranger grave e estalado do que parecia ser um moinho ou uma enorme engrenagem de madeira. "Isto não é um calabouço, não sei o que é, mas está muito agitado para ser um calabouço".
A esta altura já não sabia há quanto tempo, e nem qual a distância que tinham percorrido, talvez tivesse cochilado por algumas vezes no ombro da criatura.
Vindo de traz do grupo que caminhava, do fundo do túnel, ouviram-se rugidos e sons de marcha, os quais deixaram as criaturas alvoroçadas e visivelmente nervosas, os grunhidos entre os componentes do grupo aumentaram. Nervosos, deixaram os poucos homens que sobraram amontoados todos juntos e amarrados após uma curva fechada à esquerda, e então percebeu o que não havia notado até então, também tinha os pés e mãos amarrados.
Após ser atirado junto dos homens, alguns desacordados e a maioria sã, viu rapidamente a silhueta dos seres que os mantinham cativos, eram mais fortes e maiores do que o maior homem que já vira, tinham orelhas altas e pontudas como de morcegos, e usavam apenas uma tanga de pele, e uma espécie de espada larga e mal acabada. "Um serviço muito mal feito!", na opinião do especialista.
"Este feioso grandão deve ser o líder", pensou ao ver a criatura que aparentemente mandava no grupo, agora podia contar, eram pelo menos doze e organizavam-se para um ataque contra aqueles que vinham de traz.
O corredor rochoso não era muito largo e logo a massa de criaturas que urravam e emitiam guinchos estridentes chegaria a eles.
O som da batalha era horrível. Jamais ouvira algo dessa forma. Estava acostumado com vozes humanas gritando, mas aquilo era assustador. Mais assustador ainda quando se está com os pés e mãos amarrados.
Logo o embate começou. Retorcendo-se de um lado para o outro para fugir das pisadas, conseguiu se esgueirar para perto de um de seus colegas que fora jogado morto.
A armadura do guerreiro morto encontrava-se com uma perfuração de espada no peitoral e uma parte do metal estava rasgada como uma folha de papel, formando um bico afiado. Começou então a cortar a corda, que era feita de uma espécie de crina de um animal que sem dúvida não era um cavalo. Conseguiu cortar a corda e um pouco da perna. (cicatriz essa que teria para o resto da vida)
Logo que ficou de pé, já teve que desviar de um escudo que vinha do refugo de um golpe de massa de uma das criaturas sobre seu oponente.
Como um grande guerreiro levou a mão ao punho da espada, mas teve a decepção: esta lhe fora tomada enquanto era carregado.
Mais ao lado, havia algumas pedras e escombros. Conseguiu se esticar e alcançar um pedaço de rocha do tamanho de um melão. Arremessou a pedra contra a multidão, pois certamente estaria lucrando com qualquer um que derrubasse.

terça-feira, 18 de abril de 2006

Grandes encrencas.

"Se eu tivesse achado por um segundo que isso acabaria assim, jamais teria cogitado a hipótese de acompanhar estes malucos" pensou ele rapidamente. Sua vida era tranqüila no vilarejo onde vivia não se
Destacaria dos demais aldeões se não fosse pela sua inteligência e astúcia além do trabalho que fazia: afiar e testar facas e espadas, na verdade ele apenas reformava armas velhas, mas em seu interesse em brandi-las contra o tronco de grandes árvores, o fez musculoso e hábil com a espada. Hábil contra árvores pelo menos!


Por conta de seus testes, acabou desenvolvendo uma habilidade peculiar para lidar com cada um dos diversos tipos de espadas, adagas e de vez em quando uma lança ou tridente. Conhecia o corte de cada uma e o jeito de desferir golpes eficientes, que às vezes partia troncos grossos como se fossem os gravetos que quebrava para fazer as fogueiras nas noites frias de inverno.
 
Era outono, as folhas estavam todas caiam no chão formando, na entrada da vila, uma espécie de tapete de retalhos com diversas tonalidades do marrom ressecado sob as grandes copas dos carvalhos.


A despeito da tranqüilidade em sua terra natal, o mais perto que já chegara de uma aventura, foi fazer negócio com os caçadores de tesouros, e todos eles de reputação duvidosa, formada pelas histórias ouvidas no Outeiro Dourado a taberna da vila. Agora se encontrava em companhia tão aprazível quanto estar na jaula de um urso, em meio, se não o próprio caçador de tesouros.
 
"Não há mais caminho de volta", alternou o pensamento do Tapete outonal com a preocupação de estar às portas do conhecido por aquelas bandas, Calabouço dos Ossos.
Era um grande portão de mogno do sul. Um tipo de madeira dura e enegrecida, muito usada pelos corsários para construir suas embarcações.
Ainda era possível ver marcas de antigas tentativas frustradas de romper o imponente portão, o qual não tombou diante de nenhum exército ou rei. Havia no imenso portão alguns crânios encravados e não havia nenhuma alça, ou ferrolho que fizesse com que o portão abrisse por fora. As dobradiças também não eram visíveis.
"Enfim chegamos". Abandonou definitivamente o assombro em forma de lembrança, não mais pensaria na já distante Vila dos Carvalhos, só queria buscar um lugar para recostar a cabeça e tentar dormir um pouco, havia sido dura a jornada, quinze dias a cavalo pelo vale, e mais três a pé na subida da montanha. Mal sabia ele que estava tudo por começar!


O seleto grupo era formado por todo tipo de homem, guerreiros, carregadores, escudeiros, arqueiros, e uns tipos estranhos de capa, de certo mesmo somente que nenhum era confiável, até agora ele não era capaz de se lembrar porque tinha aceitado embarcar nesta loucura. Mas não era este sua preocupação no momento, queria mesmo era dormir, dormiu.
 
Estava sendo uma noite agitada e mal dormida por causa do cansaço da subida. Além de acordar às vezes com um estalido da lenha verde que ardia


na fogueira improvisada ou uma gargalhada de algum dos outros homens, tivera de se retorcer para encaixar o corpo em uma posição onde as saliências do solo e as raízes não cutucassem suas costelas e as costas à medida que ia se mexendo.

Às vezes chegava a abrir o olho e numa visão embaçada, via pela luz bruxulear da fogueira, agora quase em brasas, os homens no turno da guarda enquanto os outros dormiam nas mesmas circunstancia em que ele se encontrava.

De súbito, num sobressalto foi acordado pelo que parecia ser um enorme grupo de seres os quais não teve tempo de identificar, pois ao dar conta do que ocorria, foi desacordado por uma forte pancada na cabeça. "Eu sabia que não deveria ter aceitado aquela proposta", pensou sentindo a pancada, pouco antes de cair desacordado.

...Não sei se continua...

terça-feira, 11 de abril de 2006

Haverá

Haverá sempre

Uma questão aberta

Um pensamento

Despropósito



Haverá sempre

Alguma coisa dentro

Lá no peito fincado

Angústia



Haverá sempre

Um desentendimento

Um mal entendido

O desesplicado



Haverá sempre

Uma palavra dizer

Um desejo

Beijo



Haverá sempre

Apenas uma escolha

Certo ou errado, talvez

Excêntrico



Haverá sempre

O desperdício, ócio

Malefício, vício

Bendito benefício



Haverá sempre

Algo que não combina

Quem sabe estará aí a sina?

Aquilo que não rimou



Haverá sempre

Outra estrofe

Que não se repete

Repete-se



Haverá sempre

Opostos brigados

Opostos atraídos

Aposto que sempre



Haverá sempre

Um domingo preguiçoso

Uma sexta apressada

Um verso quebrado



Haverá sempre

Sentimentos insistentes

Um por de sol alaranjado

Anseio de justiça nos trópicos



Haverá sempre

A corrida pelo oeste selvagem

O ouro dos bandeirantes

O mundo de Zapata



Haverá sempre

Um táxi ocupado

A mulher namorada

Beleza que hiberna



Haverá sempre

O fim

Meio

E o início.

terça-feira, 4 de abril de 2006

Propostas para um Brasil melhor: Educação.

Será chover no molhado propor coisas para que nosso país possa alcançar o futuro da frase “o Brasil é o país do futuro”? Pois como parece óbvio vivemos num país que não existe no tempo presente, quiçá existirá no futuro e ao que parece, contrariando a ordem natural das coisas, o futuro se distancia mais e mais ao invés de aproximar-se de nós.

Se compararmos o Brasil dos anos 50 com a Coréia do Sul deste período e fazendo isso hoje em dia, poderemos ter uma breve visão da involução brasileira neste últimos anos.

Não proponho uma visitação livre aos números destes países apenas para a ciência de tudo o que este bando que nos governa fez para nosso prejuízo, mas quero chamar a atenção aos motivos que fizeram a Coréia do Sul saltar de barracos de teto de palha aos maiores arranha-céus do mundo.

Um segredo que todo mundo já conhece e que pode ser definido em uma simples e elementar palavra: Educação. Somente com o investimento maciço, sério, comprometido em educação que um país pode se tornar uma nação, e um povo pode vir a ser uma sociedade.

Sem formação educacional básica o homem facilmente pode ser manobrado, logrado, iludido. Uma pessoa sem estudo jamais poderá, em condições normais, ver além do que a aparência superficial marketada que um discurso político oferece como verdade, e infelizmente este é o retrato do povo brasileiro.

Fortemente dilapidado nas últimas cinco décadas o sistema educacional brasileiro fez o caminho contrário do que seria lógico piorando e muito, e aquele ensino público de nossos avós, que era preferido ao ensino privado, hoje em dia quase não existe em termos de qualidade, e não tem a mínima condição de formar pessoas para se tornarem cidadãos conscientes de seus direitos e obrigações.

O início destes cortes e remendos aconteceu no conteúdo, com o corte de matérias consideradas inúteis, na verdade perigosas aos grandes interesses, como filosofia e psicologia e a introdução de matérias como EMC – Educação Moral e Cívica, e EPB – Estudo dos Problemas do Brasil, estas últimas bem mais controladas e de conteúdo monitorado pelo governo militar da época, governo interessado não só em dirigir o país, mas também a cabeça do povo a fim de se perpetuar no poder e ter total liberdade de operar seus mandos e desmandos sem ter que dar satisfação a ninguém. Afinal o povo educado desta forma não sabe pensar por si mesmo.

Destaque-se que não é somente a dilapidação de conteúdo que faz o estudo dado à nossas crianças sofrer, mas também a progressiva elitização que forma um funil estreitíssimo deixando a universidade, seja ela pública ou privada, definitivamente inatingível para a grande maioria da população, cada qual com seus critérios de exclusão.

Outro ponto importante de apodrecimento são as escolas sucateadas e os professores muito mal pagos além do baixíssimo ou nenhum investimento em pesquisa que obriga aquele que, contrariando todas as possibilidades, teve competência e sorte de se formar com excelência no Brasil a trabalhar no exterior, carregando consigo todo o investimento brasileiro, todo o conhecimento acumulado, gerando riquezas fora daqui, deixando a nossa situação ainda pior.

A solução para esta questão é simples mas não é fácil.

Somente a eleição dessa questão como prioridade política filosófica financeira permitirá ao país pensar em acabar com o caos que nossos governantes há gerações insistem em ignorar, e a reversão de tudo o que foi feito, e fazer tudo o que não foi feito por nossa educação.
Penso que isto seja a mudança de base para iniciarmos a caminhada que nos levará ao tal futuro. Este é um processo de pelo menos 50 anos!

quarta-feira, 29 de março de 2006

Grandes escritos

Grandes coisas escritas


Escritas a lápis – borracha a postos
Pensamentos imponentes
Imponente fumaça contra o vento


Prefiro não vê-las
Prefiro não tê-las todas
Prefiro não lê-las todas de uma vez


Pensamentos autônomos
Sentimentos autótrofos
Auto replicáveis, replicantes


A Fábrica de sons mudos
Figuras fáceis de sobrancelhas arcadas
Olhos saltados, salto livre
Mergulho autônomo


A corda que te sustem
O penhasco que te assusta
É seguro. O céu claro
E a visão límpida observa o normal


Sintas, sintas e não nomeies
Não definas, não dês fim
Isso é fácil demais
É tatear, palmilhar o escuro
Ouviste isto?


– Deve ser o apito da fábrica
Fabrica em silêncio
O apito que marca o fim
É audível, ouço em minha cabeça!


Ouves?

terça-feira, 21 de março de 2006

Você gosta de poesia?

Amplamente observado e discutido, questionado e desenvolvido o assunto literatura, e quero aprofundar-me ainda um pouco mais indo até o termo (ou a idéia) Poesia, é pouquíssimo acessível para a maioria das pessoas, falando tanto em números absolutos quanto números relativos.

Sei disso e espanto-me com o número expressivo com estatura intelectual e cultural suficientes para alcançar o mínimo de entendimento frente a uma poesia, que simplesmente dizem não gostar. Não compreendo tal coisa.

Das mais diversas justificativas para a aversão aos versos a mais ouvida é que o dia-a-dia, e seu pensamento exato, prático, crítico, é muito exigente e não deixa especo para manifestações de outros tipos, como a poesia ou a literatura, por exemplo.

Por ser uma questão muito mais humana, e classifico-a de humana na concepção de que o homem é mente, mas também é corpo, alma, emoção e muitas outras coisas. Preferindo fechar tudo o que não é exato, tudo o que não se pode medir com uma régua, muitos permanecem insensíveis ao toque irrestrito da poesia.
Dentre as várias concepções de poesia conhecidas, formei minha própria que, trocando em miúdos é a seguinte: A emoção ou sentimento torna-se pensamento dentro do autor, este o coloca então no papel. Lido, este se torna um sentimento no leitor que então se torna emoção novamente.


É evidente que o sentimento do escritor é completamente distinto daquela resultante no leitor, e as etapas intermediárias, da mesma forma, se dão de maneira diferente em um e em outro.

O que me encanta e é muito profundo, é que neste processo poético o movimento descrito altera condições iniciais e finais dos envolvidos, colocando a amostra um sem-número de fatores humanos internos que talvez não fossem nem mesmo considerados existentes em outras circunstâncias. A poesia quando escrita ou lida é um exercício de auto conhecimento dos mais generosos.

Sem entrar nas aulas de teoria literária, ou nas aluas de literatura clássica, uma das principais idéias de poesia é a mimese, ou seja, a imitação daquilo que se não é poderia ser; o verossímil.

E neste toada de imitar, refazer, ou até mesmo analisar, a poesia busca os objetos da alma humana, geralmente vinculando-os às coisas palpáveis para que possamos então por imitação chegar até o que se quer dizer ao leitor, ou ao que o escritor quis dizer, conforme sua posição.

Note que deixei de lado a questão da boa literatura, da boa poesia. Não questionei o quanto este ou aquele modo de escrever é mais ou menos eficaz para cada intenção, de seja leitor ou escritor, eu nem mesmo me dei ao luxo de citar nomes. Evitei isso tudo para tornar minha fala o mais imparcial possível.

Imparcialidade à parte, um velho professor velho de literatura costumava dizer que: “Poesia não foi feita para ser lida, e sim relida”.

Um conjunto de versos pode dizer mais do que um livro inteiro e fala coisas à alma, ao coração e ao corpo, basta ficar nas pontas dos pés e se esticar para alcançá-las.

terça-feira, 14 de março de 2006

O movimento de minha fé, um desdobramento.

Qualquer um que encontre um obstáculo por seu caminho deve parar e avaliar se o caminho que o presenteou com tal obstáculo vale a pena, se o suor que aquilo vai exigir deve ou não ser derramado. É mais ou menos como a história do “que não mata engorda”.

Se o empecilho está sendo proposto é porque aquilo tem algum valor, relativo ou absoluto, ou não haveria motivo para prová-lo, e se não aprova é por que não tem o valor mínimo para continuar a jornada.

Após a aprovação é possível trilhar, além do obstáculo, um caminho mais florido, ganhando uma carga que vale muito pra quem pagou o preço. O provado e aprovado têm muito mais valor do que o que cumpriu a jornada dentro do previsto, cumprindo as metas, seguindo os cronogramas, são rios calmos, fluidos, plácidos. As corredeiras e cachoeiras são mais apreciadas, admiradas e admiráveis.

Sou um rio bravo que corre em meio a pedras pontudas, quedas bruscas, variante conforme as chuvas, ora pela esquerda, ora para o centro, outras pela direita (pela direita menos!), corro por cavernas, escondo-me no silêncio do subterrâneo, e anuncio-me em cachoeiras de fala grossa, escorrego pela parede lisa, faço rolar os seixos e furo de tanto dar na pedra dura.

O grande rio solene, lamacento, sereno, não sabe o que é o rumor, não conhece o movimento que se faz ao contornar uma rocha, não tem em si o frescor de quem desce lépido não cabendo em seu próprio leito.

Prefere seguir sem acreditar, mantendo seu curso previsível, comum.

O rio de corredeira permanece acreditando que o mar é o fim de quem crê que a cada pedra suplantada, a cada queda sobrevivida, a força de suas águas cresce e aquilo que é energia potencial torna-se energia de fato, muda a realidade, transforma morte em vida, e vê a luz onde só há escuridão.

– Bem-vinda fé!


Vão me desculpar ó caríssimos presentes, pois não costumo resistir aos ímpetos do poeta que insiste em permanecer vivo em meu estomago, e que quando se põe a escrever torna-se forte, muito mais forte do que eu posso ser.

Mas é isto, foi muito bem colocado, a prova vem fortalecer o que é, e desmontar o que não é.

Frente a uma grande onda, ou debaixo de uma tempestade não faz sentido abandonar o barco, saibamos: o bom marinheiro não abandona o barco antes de este ir a pique, uma embarcação bem navegada, com pulsos firmes ao timão, sabedoria ás velas, e conhecimento das águas de navegação jamais afunda.

É assim que procuro garantir minha satisfação, mais do que isso, busco o prazer em velejar, sigo os preceitos dos velhos lobos do mar, que têm mais tempo de mar, de tempestades, ventos, ondas e medos, do que eu de vida. Seus barcos têm mais horas de mar do que de porto.

A fé verdadeira sempre é aprovada, requer o estaleiro por vezes, mas jamais conhece o fundo arenoso da baia, e se for reprovada nunca foi fé de fato e sim convencimento.

Uma desilusão com um convencimento travestido de fé não pode ser motivo para o abandono da verdadeira fé e o alto mar que a embala, muito ao contrário, uma queda como esta deve servir de mola para uma busca ainda mais profunda do que realmente é a verdadeira fé. É de experiências que se faz a vida, é da escolha de
abandonar o porto e buscar algo maus profundo de que se faz a fé.

A fé verdadeira não acaba não desilude ou engana. Assim como Deus é um só, vivo e ativo para aqueles que O querem assim em sua vida, a fé é um barco que se navega em vento forte, é franco o seu cortar de ondas.

Se escolheres desaportar, recomendo que verifique se está embarcado o escafandro e tantos quantos metros de mangueira você pode ter, esqueça os coletes, bóias e botes salva vidas, o negócio é afundar e não boiar.

Desafio a busca àqueles que, fazendo o papel do velho do Restelo, não deixam o porto e não querem que o desbravadores o façam, e chamo àqueles que sobreviveram a uma desilusão de convencimento, e como um gato escaldado, estão com medo da água fria, a virem mais uma vez, trazendo a bagagem da derrota, a experimentarem a vitória que só a verdadeira fé pode proporcionar.

Só aos bem dispostos e corajosos, aos que têm problemas de qualquer ordem e para os que respiram. Basta querer desejar. Precisando de ajuda, coloco-me a disposição.

terça-feira, 7 de março de 2006

O movimento de minha fé.

Este texto é uma encomenda de um grande amigo que está distante, e que lá de longe me pediu que expusesse o motivo de minha fé, que falasse da existência de Deus, e da relação do homem com toda esta coisa sobrenatural.

Uma matéria de polêmica garantida, mas em todo caso, ta aí Fofo!

Várias coisas eu levei em consideração para iniciar este texto, desdobrei alguns pensamentos e reflexões, joguei outros fora e fui ao lixo desamassei algumas folhas, tomei de volta, outras voltaram para lá, enfim, como você já sabe me preparei para escrever isto.














Tenho isto como algo de extrema importância, não que eu vá ser capaz de escrever algo épico que vai colocar luz sobre todos os aspectos deste tão profundo assunto, mas vou fazer o máximo para colocar os pontos mais acessíveis bem acessíveis para que você entenda.
Pois bem, tratemos de alguns aspectos técnicos inicialmente, ora recorro a alguns subterfúgios de ordem semântica para melhor entendimento:

  • Fé (lat fide) sf 1 Crença. 2 Confiança.
(dicionário Michaelis escolar)
  • Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, e a convicção de fatos que se não vêem.
(Hebreus, capítulo 11, versículo 1).
  • E, assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.
(Romanos, capítulo 10, versículo 17)
Partimos daí, é esta idéia que vou rodear ao longo destas linhas. A fé que tenho é assim nasceu assim. É verdade, isto é uma escolha, podemos escolher crer ou duvidar, e eu escolhi crer. Existem tantas coisas inacreditáveis, coisas que nos fazem duvidar até mesmo de nossos olhos. Prefiro crer.

Antes de esta minha fé ser o que é, e se instalar lá no centro dos meus sentimentos e emoções (se eu for usar esta expressão aqui novamente, vou chamar de coração, por convenção somente, pois vejo como centro a chamada ‘boca’ do estomago.) ela passou pelo cerrado crivo de minha mente, suas inúmeras comparações e infinitos desdobramentos reflexivos.

Em algumas comparações e dentro do que é aceitável, questionei a existência do homem sobre a Terra, e até mesmo a própria Terra. Se eu aceitasse a primícia de que somos o resultado de uma grande explosão, da combinação de vários sucos protéicos, e de um grande, de um enorme acaso, eu teria que explicar mais um sem-número de outras coisas que, sob esta visão cientificista, ficam sem respostas.
O fato é que esta questão não se encerra nestas explicações incompletas, o que exigiria de mim muito mais capacidade de acreditar no inacreditável, e explicar o inexplicável. É como acreditar que eu dando um tapa numa mesa onde estão as partes de um quebra cabeças de 10.000 peças, este se montaria perfeitamente, sem ter sequer uma troca de posições nas peças, uma coisa destas nem com mil tapas!


Quem poderia criar algo tão especial e completo quanto o cérebro humano, capaz dos mais prodigiosos feitos, quem foi que imprimiu a noção de certo e errado inerente ao homem, a natureza e sua perfeição, céu, mar, terra, isso tudo é resultado de um tapa na mesa?

Deixando o elo perdido de lado, pensei nas religiões, dentre tantas que procurei conhecer e percebi que a maioria baseia-se em meia dúzia de preceitos chamados cristãos. (Deliberadamente estou desconsiderando em minha reflexão as filosofias orientais anterioras a Cristo, e todo pensamento formulado a.C. não quero que isso reflita um 'furo', pois na verdade, nada do que foi composto pelo homem foi totalmente descartado, não foi uma troca, e sim uma soma de valores que dividiu nosso calendário). Sendo assim fui à fonte, e lendo a bíblia recebi algumas respostas, e cri, vendo que está naquela compilação de livros está o manual do proprietário do ser humano. Escrito pelo próprio criador, dando as coordenadas para o melhor aproveitamento da dádiva da vida. Agora conhecendo mais a fundo não posso classificar isto simplismente como religião, ou doutrina. É a fé propriamente.

Mas minha experiência diz que não basta saber disto tudo, é preciso tomar posição frente a esta realidade. É como acreditar que a dipirona sódica (Novalgina®) pode te livrar da febre e não tomar pelo menos 35 gotas dela.

É aí que entra a fé, partindo da escolha de ter fé. Acreditar em um Deus criador, amoroso, que nos deu a vida de graça e pela graça, nos deixando-nos completamente livres para escolher o que fazer, e que ainda por cima oferece abundância de vida no caso de optarmos pelo Caminho indicado por ele.

Assim comecei a trilhar este caminho de crer, de cultivar esta fé que me ensinou que a brevíssima estadia nossa sobre a terra não é vazia ou sem propósito. O que me mantém interessado em sustentar e mover esta fé, que olhada de fora parece absurda, alienada, e até mesmo burra, é que ela é dinâmica, fluida, benevolente, generosa, atraente, viscosa, e acima de tudo viva, tudo isso tem o poder de modificar minha vida e a vida de quem está à minha volta.

Com o despertar da fé inicia-se um processo de desenvolvimento que tem como índice de aferição o nível de relacionamento que temos com Deus: alguém de quem se ouve falar, quem se conhece ‘de vista’, alguém digno de um ‘oi’, um colega, um amigo, um irmão, o pai...

É isso, através de minha fé posso relacionar-me com Deus tanto quanto me relaciono com qualquer outra pessoa, pois a visão que tenho Dele é de uma pessoa, uma pessoa com vontades, com uma personalidade própria, com uma voz que posso ouvir, alguém por quem tenho amizade.

E para fomentar esta fé (eu não sabia que fazendo isso eu estaria edificando uma fé em meu coração) fui procurar mais saber do alvo de minha fé. Descobri que Deus se expressa com as palavras da bíblia, e lá posso ter acesso aos ensinamentos, e à sua verdadeira personalidade em Jesus Cristo.

E muito mais do que simplesmente crer nisso tudo, diariamente minha fé me prova tudo isso, ouço a voz de Deus, sinto sua presença, vejo Sua mão agir por mim, proteger a mim e à minha família, cuidar de alguns caprichos meus, Ele é realmente o meu pai! E mais, além disso por vezes as pessoas vêem falar comigo e dizem não saber por que, que não sabem onde, não podem precisar o que me faz diferente das outras pessoas, credito isso à fé.

Mas a prova final, o fato mais contundente de que encontro Deus pela fé, é que Ele responde às minhas orações, responde objetivamente, atendendo a meus pedidos, mudando a realidade curando, salvando, livrando.

Quem partilha desta mesma fé reconhece-a nos outros, não falo de aparência, ou de um modo específico de falar, ou um de sinal na testa, falo de uma postura frente à vida e a existência das coisas. (é a história da dipirona).

Meu caro acho que é mais ou menos isso.

É assim que vivo e que vejo a existência de Deus e de tudo o que ele fez e de que é responsável,isto é que move minha fé, a própria fé!



M.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Braçadas Contra Ondas.

Sei muito bem que vocês não gostam de minha poesia

E que alguns de vocês nem mesmo assim a classificam

Leêm para que possam ter o que falar

Jamais o fizeram para gostar, ou entreter


Ouço o murmurar crítico de acides profunda

De sua língua ferina jamais pretendí fugir

Sei que ela não deixa escapar a seus eleitos

E guarda cada flexa em sua aljava salival


Deleito-me nesta orgia descontente

Aprendí a gozar do sofrimento alheio

Agora sei como, se vocês me apredejam, eu rio

Rio e continuo a fazer estas coisas sem sentido

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Nada, nadinha!

- Minhas féiras foram formidáveis, não fiz absolutamente nada!

- Menina, comprei um cachorrinho, ele é ótimo, não late nunca!

- A festa foi um arraso, diseram que foi um completo sucesso, é que eu não me lembro, fui para casa carregado!

- Só preciso emagrecer um pouquinho, perder alguns quilinhos, com seis quilos a menos perco o restinho de bunda que ainda tenho, estou quase lá!

- Não sei o que foi que aconteceu, até ontem ele estava funcionando muito bem, e agora não funciona mais.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Gramática

Esta está pronta

Já está lá

Bem no fundo


Pronta para vir à luz

Já é agora

Só o trabalho de tirar

Tirar sem despedaçar

Sem amassar

Se pudesse ser alcançada


Se lá do fundo

Lá de onde está

Dissesse quem é

Comunicasse a que veio
 

E como é que funciona

Saberíamos se é lá


O que é aqui
Fórceps na garganta
É espada a pena que mutila
Desfaz o que se fez
Prima obra d’alma
Sua essência perdida


Que olha pela janela

Triste em ver
Dentre Substantivos e Objetos diretos.